23 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Dia 5

Já não é preciso usar a barra de rolagem para ver o live scores completo. Está acabando. Pela ordem, o 5º dia do Australian Open e os 1º(ª)s classificado(a)s para as oitavas de final.

Dia 5, 23/jan
Ekaterina Makarova (RUS) [10] 2x0 Karolina Pliskova (CZE) [22] 6/4 6/4
Volume de jogo e maior familiaridade com Grand Slams falaram mais alto. A russa com seu jogo honesto não foi ameaçada durante todo o 1º set. Um par de erros no início da 2ª parcial deram vantagem à tcheca, que imediatamente retribuiu a gentileza. A pressa travestida de agressividade logo levaram Pliskova às cordas na Margaret Court Arena, mas não sem antes um drama básico de WTA. Sem o braço pesar, a tcheca saiu de 0/40 em 3/5 para ficar no jogo e ainda teve 2 break points no game final.

Julia Goerges (ALE) 2x0 Lucie Hradecka (CZE) 7/6(6) 7/5
Um game com todos os erros possíveis (sacando em 5/3) bastou para a alemã colocar a adversária no jogo e começar a duvidar da sua superioridade até então. Goerges escapou de um break point no 5/5 e contou com um presente da tcheca quando deu um 2º serviço enfrentando um set point no tie-break. O drama da 1ª parcial se repetiu quando a alemã obteve a quebra em 3/3 e a quadra ficou menor. Depois de um game sofrido já no 4/3, a dura missão de fechar o jogo. Madeiradas, serviços a 50km/h e 3 match points mais tarde e o placar mostrava 5/5, o que Hradecka prontamente tratou de recusar para oferecer uma 2ª chance à adversária. No 4º match point, números finais após um backhand fora da linha de duplas.

Altos e baixos

Grigor Dimitrov (BUL) [10] 3x2 Marcos Baghdatis (CIP) 4/6 6/3 3/6 6/3 6/3
O búlgaro se diz pronto para ganhar um Grand Slam e, julgando por esta sexta-feira, dá pra acreditar. Porque ganhar jogando mal não é para muitos e pode ser o impulso que faltava para uma campanha inédita.

Combinação de um favorito errático e um adversário inspirado e agressivo na medida certa deixou o 1º set perigoso. O castigo para o búlgaro veio no aclamado 9º game, que em outros tempos serviria até mesmo alimento líquido para felinos, iguaria atualmente escassa. A inversão de lado entre winners e erros não-forçados no 2º set parecia colocar as coisas no eixo da lógica. Porém, o cipriota inesperadamente resistia, a ponto de criar 4 break points no 6º game do 3º set e outros 4 no 8º até finalmente abrir vantagem e fechar o set em um game eterno. O físico e a capacidade de alternância entre ataque e defesa dentro de um único ponto foram fundamentais para escapar da zebra.

*Os malucos da comunidade grega-cipriota da Austrália, que acompanham Baghdatis desde o surpreendente vice de 2006, são um show à parte. Uma organizada de Copa Davis com mais noção e respeito.

Atração à parte

Tomas Berdych (CZE) [7] 3x0 Viktor Troicki (SRB) 6/4 6/3 6/4
O tcheco foi aprovado no teste com louvor. Atuação segura e consistente diante de um adversário embalado e perigoso. Se não tem plano B, vai no A mesmo: aces, pancadas de onde der, bolas retas nos poucos rallys da partida e sem improvisação (vez ou outra uma angulação com o forehand). O 1º set sem muito jogo só viu break point no último game, que de certa maneira foi um match point. Já na 2ª parcial o sérvio acusava o cansaço físico e mental de disputar sua 15ª partida em 2015 e de enfrentar um top 10 que não abriu nenhuma porta para oferecer o mínimo de esperança.

Seguro

Eugenie Bouchard (CAN) [7] 2x0 Caroline Garcia (FRA) 7/5 6/0
Primeiro set arrastado, algumas quebras, games longos e cheios de possibilidades. A francesa não sustentou as lideranças que teve e assistiu à canadense repetir Serena Williams na quarta-feira.

Simona Halep (ROM) [3] 2x0 Bethanie Mattek-Sands (EUA) 6/4 7/5
Primeiro teste que a romena se permitiu, principalmente no 2º set, quando se esforçou para perder a vantagem de 5/1 e foi abandonada pelo 1º serviço (32% de acerto e 4 duplas faltas) antes da definição.

Cadê a luz?

Andreas Seppi (ITA) 3x1 Roger Federer (SUI) [2] 6/4 7/6(5) 4/6 7/6(5)
Surpresa com S maiúsculo. Daquelas de fazer lembrar Wimbledon-2013 e despejar uma infinidade de estatísticas, que o suíço fez semi em Melbourne nos últimos 20 anos e não perdia antes das oitavas há 6 décadas, etc. Assim como na grama londrina, Federer se sente em casa no Grand Slam australiano, vinha de um título pré-torneio e jogando bem. Pra completar, retrospecto de 10-0 contra o italiano (o mesmo caso de Tommy Robredo no US Open-2013) e um set perdido em 22 disputados.

Os pré-requisitos para um resultado tão atípico foram todos cumpridos: uma atuação abaixo do esperado do favorito, um dia anormal do azarão, fechar a porta nos momentos importantes (quando geralmente os grandes jogadores conseguem entrar para controlar o ímpeto da zebra) e manter o alto nível pelo tempo que for preciso. 1ª quebra do jogo no 9º game e em seguida o italiano escapa ileso por 3 break points para fechar o set. O roteiro semelhante na 2ª parcial fez Seppi sacar em 5/4 e sofrer a quebra, o que, normalmente, traria tudo à normalidade. Eis que Federer desperdiça vantagem de 5/3 no tie-break e se coloca no buraco. Um set com domínio suíço e outro tie-break que ofereceria um set decisivo para o lado de Federer. E novamente o suíço perdeu o que não costuma perder: 5/4 e dois serviços. Game, set, match.

Curiosamente, Federer somou um ponto a mais que o adversário na partida. “Acho que ganhei os pontos errados hoje”, disse o suíço ao lamentar o tie-break do 2º set. Mais números: Seppi, que tinha 6-67 contra top 10, vinha de uma sequência de 23 derrotas diante de rivais de tal calibre.

Provando o improvável

Maria Sharapova (RUS) [2] 2x0 Zarina Diyas (KAZ) [31] 6/1 6/1
Surra para esquecer a rodada anterior.

Rafael Nadal (ESP) [3] 3x0 Dudi Sela (ISR) 6/1 6/0 7/5
O mesmo de Sharapova. Adversário limitado, sem golpes para incomodar. Um jogo tão tranquilo que o espanhol baixou a intensidade antes da hora, encurtou o forehand e deixou alguns games pelo caminho no 3º set.

Dia 7, 25/jan
Post amanhã sobre as oitavas.

Acelerou

Fotos: Tennis Australia e Getty Images (Seppi).