24 de maio de 2015

Contador entra na última semana com uma mão no troféu do Giro d’Italia 2015

A vantagem de 2min35s para o italiano Fabio Aru (Astana) e a forma mostrada nas duas primeiras semanas colocam o espanhol Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) disparado como favorito ao título do Giro d’Italia 2015. O bi (nos livros) e o tri (incluindo o doping) deve se confirmar em Milão no próximo domingo, dia 31. Que comece se intensifique a especulação da dobradinha Giro-Tour de France.

Por enquanto, o resumo da segunda semana e como, um a um, os (poucos) adversários foram ficando pelo caminho. A 10ª etapa, da última terça-feira (19), e a controversa punição ao australiano Richie Porte (Sky) estão aqui. Uma pena que um ótimo primeiro semestre tenha acabado com punição, quedas e pneus furados, que acabaram por fazer o australiano jogar a toalha no time trial da 14ª etapa.

Contador reassume maglia rosa após TT da 14ª etapa. Pra não perder mais (?)

12ª etapa, 21 de maio (quinta-feira) – 190km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
O dia anterior, de importante, teve uma queda do colombiano Rigoberto Urán (Etixx-Quick Step), 6º na GC. Ele continuou, com o braço esquerdo enfaixado. Uma chegada em categoria 4 não deveria criar problemas para ninguém. Mas na prática a teoria é outra, já dizia o poeta. O ritmo intenso do início em um dia chuvoso proporcionou emoção. Ao final, Aru explicou que não teve muito tempo para se alimentar corretamente e para a equipe buscar coisas no carro.

O australiano Michael Rogers foi o primeiro a aparecer puxando Contador (vídeo dos 14km finais), com a cadência de um jovem de 35 anos. A Movistar deu um ataque conjunto e, apesar do italiano Giovanni Visconti estar a 2min12s de Contador, ele respondeu. Então a descida se resumiu a um batalhão da Astana na ponta até a subida final.

Restando 2km, a fuga (dois ciclistas) tinha 30s de vantagem. A 1km, tinha 20s. A BMC Racing fez o trabalho de busca com maestria e o belga Philippe Gilbert completou levando a etapa. Mas o que importa é a GC.


Em 1,2km o percurso ficou mais íngreme, o que parecia pouco foi muito bem aproveitado por Contador. Nos últimos 500m, com um sprint/ataque, que não foi “daqueles” porque a estrada escorregadia não permitia, o espanhol conseguiu colocar tempo em todo mundo. Em 2º lugar na etapa, o principal ganho veio com o bônus de 6s. O que sempre faz pensar se o ataque aconteceria se não existisse o bônus. E o bônus aos 3 primeiros é um incentivo que aumenta a emoção justamente nesses casos. O dia marcou a primeira vez que Aru não acompanhou Contador (tomou 8s + 6s). Na estrada, o ganho foi o seguinte com o “sprint em câmera lenta”:

- A 3s de Gilbert: Contador e mais 4 que tentavam levar a etapa.
- A 6s de Gilbert: Mikel Landa (Astana), Urán, Roman Kreuziger (Tinkoff-Saxo), Visconti, Caruso (BMC), Porte e mais 4.
- A 11s de Gilbert: Aru, Dario Cataldo (Astana), Andrey Amador (Movistar), Leopold Konig (Sky) e mais 9.

Contador aumentou a liderança para 17s para Aru, 55s para Landa, 1min30 para Cataldo. Urán, em 6º, levava 2min19. Porte era o 12º, a 3min18s. As atenções já se voltavam para o TT de 59,4km, dois dias depois. Mas a etapa seguinte reservava um imprevisto.

Aru após a 12ª etapa

13ª etapa, 22 de maio (sexta-feira) – 147km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
Em mais um dia que não deveria acontecer nada (vide perfil), uma queda a 3,3km tratou de provar o contrário (vídeo dos últimos 10km). Tivesse sido 300m mais à frente, o pelotão receberia o mesmo tempo pela etapa. Aru e Urán passaram ilesos, assim como outros que acabariam aparecendo como candidatos a zebra na GC (o costarriquenho Andrey Amador, o russo Yury Trofimov – Katusha – e o belga Jurgen van den Broeck – Lotto Soudal).

Contador, desesperado, pegou a bicicleta do dinamarquês Christopher Juul-Jensen (de companheiro de equipe a UCI permite), perdeu 36s e a camiseta de líder pela primeira vez em um Grand Tour. De maneira atípica – mas é preciso esperar o inesperado em uma prova de 3 semanas, e foi consenso entre os ciclistas que o pelotão estava muito “nervoso” – Aru vestiu a maglia rosa de maneira inédita, com 19s de vantagem.

Aru após a 13ª etapa

Porte, esperando que a direção da prova desse o mesmo tempo para os envolvidos e os não-envolvidos na queda ou já entregando os pontos, cruzou a linha já sem muita animação, 2min04s atrás de Aru. O Giro estava praticamente encerrado para o australiano, que iria de all-in no TT do dia seguinte. E o melhor tuíte do Giro d’Italia 2015 foi para o australiano Simon Clarke (Orica GreenEDGE), o protagonista da punição ao fair play quatro dias antes.


14ª etapa, 23 de maio (sábado) – TT de 59,4km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
A aguardada 14ª etapa teve um pouco de tudo. Estrada molhada, mudança na direção do vento, nomes esquecidos aparecendo do nada, a incógnita condição do Contador por causa do ombro que tinha ido ao chão 2x no Giro, cobertura beirando o amadorismo por parte do site oficial, etc. Um TT sem parciais perde o seu propósito, ainda mais um de longos 59,4km. A transmissão da TV se esforçou pra ajudar (vídeo).

Vasil Kiryienka, o vencedor em condições favoráveis

O bielorrusso Vasil Kiryienka (Sky) aproveitou o momento de condições melhores e surpreendeu com a vitória. A expectativa de que guiaria Porte ao caminho das pedras não se concretizou e o australiano saiu de vez da briga, tomando infinitos 4min07s do Contador. Aru, que nas duas últimas etapas viu a diferença que 24h fazem, levou o troco. O espanhol, que deveria ter faturado a etapa se ocorresse em condições iguais para todos, reassumiu a maglia rosa imediatamente de maneira acachapante.

Entre aqueles que começaram o dia no top 20, quem apanhou menos tomou 1min12s (van den Broeck) e 1min31 (Konig). O belga passou a sonhar, na 5ª posição na GC, e o tcheco virou o líder da equipe, em 10º, 3min17s à frente do medíocre desempenho de Porte (já 8min52s de Contador). Aru ligou o sinal vermelho ao levar 2min47 e ver o rival liderar por 2min28s. O desempenho, no entanto, não foi tão decepcionante. Já era esperado que o italiano perdesse tempo. No fim, ficou em 29º na etapa e sofreu “só” 16s de Urán, que era um dos favoritos à etapa, senão o principal nome. O que prova a monstruosidade de Contador nesse sábado.

Contador
Aru

As outras surpresas positivas foram Amador e o canadense Ryder Hesjedal (Cannondale-Garmin), mas apenas o primeiro já estava em boas condições antes do TT (8º na GC) e se tornou a maior surpresa do Giro em uma Movistar sem o colombiano atual campeão Nairo Quintana e o espanhol Alejandro Valverde, em 3º. Mais uma vez, a etapa serviu para comprovar que os domestiques que ameaçam na GC e podem se tornar líderes de equipe após uma eventualidade, desmoronam em TTs (talvez até para poupar energia para ajudar o líder nas escaladas). Kreuziger (Tinkoff-Saxo), Landa e Cataldo (Astana) se viram fora do top 5 após os 59,4km.

Antes...
... e depois do TT da 14ª etapa

15ª etapa, 24 de maio (domingo) – 165km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
Ah, Madonna di Campiglio (vídeo da chegada na montanha). As subidas mais íngremes estão por vir, mas o Giro não parece aberto. Se é verdade que a Astana controla o pelotão, também o é que não consegue droppar o único adversário que precisa.

Aru tinha 4(!) companheiros no início da escalada (Landa, Tanel Kangert, Paolo Tiralongo e Diego Rosa). Contador já estava isolado. Erros de estratégia à parte, como permitir que o espanhol “atacasse” só pra ter 2s de bônus em uma intermediária a 15km da chegada, o momento caminha para a aceitação de que simplesmente não existe tática que vá fazer o espanhol balançar.

"Vai ou não, moleque?"

Os outros do “pelotão” foram sendo droppados aos poucos. O grupo ficou reduzido a 8 restando 6,5km. Até 3km, o ritmo era forte, mas ainda sem ataques. O primeiro veio de Landa, Contador contra-atacou e Aru “permitiu”. A quase 2km, foi a vez de Aru atacar, meio que pra tentar mostrar o que sabia que não tinha. Landa estava melhor do que o líder da Astana. Tanto que voltou a atacar e colocou o italiano em apuros. Quando parecia que a etapa e os bônus dos 3 primeiros ficariam entre eles, Trofimov surge de algum lugar e traz emoção ao km final.

À Astana, restou a vitória na etapa e mais 7s que Contador colocou em Aru. À Tinkoff-Saxo, uma mão no troféu mesmo que a equipe não esteja correspondendo às expectativas. Kreuziger ajuda. Rogers vez ou outra. O italiano Ivan Basso e o português Sergio Paulinho são nulos.

Quem pára?

Ah, Urán, Cunego e Formolo tomaram exatos 8min de Landa. Hesjedal foi bravo e chegou 3min11s atrás do vencedor. Van den Broeck não repetiu a mágica do TT (5min47s). E Porte, à passeio, chegou 27min04s depois.

Depois da curva
Atenção para as etapas de terça e, principalmente, sexta e sábado, como apontado desde o início aqui. A quinta-feira tem montanha na segunda metade, mas a chegada será com quase 20km de descida.

23 de maio de 2015

A justiça da chave de Roland Garros e a busca por zebras

A possibilidade de tapetão não foi confirmada e Roland Garros mostrou que é várzea, mas não tanto. O sorteio que definiu o sérvio Novak Djokovic e o espanhol Rafael Nadal como prováveis adversários logo nas quartas de final pode não ter tido a ilusória justiça divina ou tenística. A justiça matemática, porém, esteve presente em alguns casos.

10 pontos separam o tcheco Tomas Berdych do japonês Kei Nishikori, 4º e 5º no ranking, respectivamente. Se a diferença fosse do 5º para o 6º ou do 6º para o 7º, nada de mais. Os míseros 10 pontos poderiam ter dado ao japonês uma sequência de Djokovic-Andy Murray-Roger Federer. A justiça matemática tratou de colocar Nishikori e Berdych no mesmo quadrante. E o Nadal que se vire com a outra turma.

Outra conta corrigida foi a do norte-americano John Isner, que de 17º virou cabeça 16 com a desistência do canadense Milos Raonic. Pois o adversário da 3ª rodada pode ser logo quem vem imediatamente atrás dele, o belga David Goffin, cabeça 17. O “beneficiado” para subir de cabeça 25 para 24 foi o letão Ernests Gulbis. Os números tratam de deixar “elas por elas”. E entre Djokovic e Nadal? Se havia uma possibilidade, é justo que não fôssemos privados desse encontro antecipadamente. Ou não? Não se sabe quando a chance vai aparecer de novo.


Cadê as zebras?
O momento dos “grandes” é propício a zebras. Nesse aspecto o sorteio foi frustrante. Não há apostas seguras para surpresas para os favoritos nas primeiras rodadas. Mas a esperança é a única que morre, dizia o poeta.

A fase de Nadal é de um mortal e proporciona chances. O histórico em Paris e os jogos em melhor de 5 sets sempre vão dizer o contrário. A gira europeia passou longe do padrão Nadal e o tempo pra pegar no tranco pode não ser suficiente, já que Djokovic esperaria logo nas quartas. Em 2009, Robin Soderling aconteceu nas oitavas. Nos últimos anos, os testes foram nas rodadas iniciais (Isner em 5 sets em 2011 e Daniel Brands e Martin Klizan de virada, em 4 sets, em 2013). Os encontros com o sérvio ficam à parte.

(Quem sabe o Bolsa Nadal de jovens atletas não será resgatado para contemplar o convidado local Quentin Halys, 18 anos, vice no US Open e semi em RG e AusOpen no juvenil em 2014? Nááá).

Federer ganhou o último Grand Slam em Wimbledon-2012. Depois disso, a “seca” é de 10 torneios. No período teve derrotas para top 10 como Djokovic, Nadal, Murray, Berdych e Tsonga. A outra metade veio para nomes como Marin Cilic, Ernests Gulbis, Tommy Robredo, Andreas Seppi e Sergiy Stakhovsky. As famosas “vitórias ainda no vestiário” estão menos frequentes e as atuações de gênio mais raras. No saibro, Monte Carlo foi rápido, em Istambul ganhou jogando mal ou complicando jogos tranquilos, em Madri foi um circo e em Roma teve lá os seus dias – mesmo q não tenha precisado jogar com Wawrinka e não tenha encontrado soluções para Djokovic. A boa notícia – para ele – é que mesmo sem as exibições de gala ainda consegue ganhar da maioria do circuito. A boa notícia – pra quem gosta de ver a chave aos pedaços – é que cada rodada tem se apresentado como uma oportunidade nos últimos tempos.


Primeira rodada
Já que a primeira rodada não tem o popular blockbuster (o duelo argentino Juan Monaco X Federico Delbonis pinta como o mais interessante), restam aqueles jogos em que o favorito não é tããão favorito. Destaque para americanos.

Jack Sock ficou devendo na Europa. Grigor Dimitrov está devendo no ano – mas dele se espera bem mais do que de Sock, é claro. Se o dia permitir...

Sam Querrey X Borna Coric. A grife do croata se aproxima à de Nick Kyrgios no aspecto “ganhar de gente grande”, enquanto outros nomes novos até já levantaram troféus, mas ainda não causaram tanto impacto – Dominic Thiem e Jiri Vesely, por exemplo. O croata, porém, ainda não fez nada em GS e no último jogo em 5 sets não aguentou no físico, no mental, na responsabilidade e em nada, perdendo um 2 a 0 contra Viktor Troicki na Copa Davis.


John Isner (16) X Andreas Seppi. Pode ir longe ou acabar com uma desistência. Ou não. Momentos muito diferentes. Isner esboça uma caminhada de volta ao top 10 com as boas campanhas no saibro e quase nada para defender no segundo semestre, exceto pelo título em Atlanta. Seppi fez um jogo na terra batida (Monte Carlo). A temporada que parecia promissora pós-Australian Open e vice em Zagreb desmoronou para o italiano depois da Davis no Cazaquistão e de problemas no quadril.

Bernard Tomic (27) X Luca Vanni (Q). Será? Em Madri foi. Pode não mudar a chave tranquila de Djokovic para a 3ª rodada, mas traria uma diversão.

Nicolas Almagro X Alexandr Dolgopolov. Vai saber.

Leonardo Mayer (23) X Jiri Vesely. Promessa de bom, jogo se os dois jogarem.

Diego Schwartzman X Andreas Haider-Maurer não tem nada de mais, mas os dois estão no melhor ano da vida.

Perseguições pessoais, vulgo “não confio nesses favoritos”: Marin Cilic (9) X Robin Haase; Nick Kyrgios (29) X Denis Istomin.


Espanhóis Roberto Bautista Agut (19) e Fernando Verdasco (32) podem ressuscitar e lançar, respectivamente, o alemão Florian Mayer e o japonês Taro Daniel. Assim como o eslovaco Martin Klizan com o moleque Frances Tiafoe, que é mais falado que Coric/Chung/Kokkinakis/Zverev/Rublev/Nishioka/etc por causa do fator americano.

Encerrando, qualquer um que não seja novato em Thomaz Bellucci não se surpreenderia se depois do título em Genebra viesse um revés na estreia. Já vimos a encruzilhada “confiança / ritmo X cansaço / adaptação em semanas consecutivas. Fora o fator 5 sets, mas nisso Marinko Matosevic tem pós-doutorado (3-16). Esperamos que o jogo com Nishikori na 2ª rodada se confirme.

Depois da curva
Se os cabeças de chave confirmarem, os jogos mais interessantes devem estar na parte inferior na terceira rodada: Berdych X Fognini; Wawrinka X Garcia-Lopez (repetição da estreia em 2014 e das oitavas de Melbourne-2015); Monfils X Cuevas; Tsonga X Kohlschreiber. Na parte superior, Murray X Kyrgios e Isner X Goffin valeriam pelos estilos diferentes.

Fotos: Roland Garros.

19 de maio de 2015

Existe amor no ciclismo / A punição ao fair play

Nem só de doping e “quedas espetaculares” é feito o ciclismo. A sonolenta etapa de terça-feira proporcionou a melhor história do Giro d’Italia 2015, mesmo que ele ainda esteja entrando na segunda semana. Um dia com 200km entre Civitanova Marche e Forli, feito para o sprint e programado para não ter alterações entre os favoritos ao título teve seu roteiro alterado nos últimos km.

Um dos protagonistas foi o australiano Richie Porte (Sky), 3º colocado na classificação geral, a meros 22s do espanhol Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e a 19s do italiano Fabio Aru (Astana). “Os três tenores”, como a mídia italiana proclamou. Um pneu furado a poucos quilômetros do fim o deixou isolado. Até mesmo os companheiros e o carro da equipe estavam longe. O pelotão acelerando e o cronômetro impiedoso. E eis que, prontamente, um compatriota, de outra equipe, para de pedalar, tira o pneu dianteiro da sua bicicleta e faz o pit stop simplesmente por se tratar de um competidor do mesmo país que o seu.

O outro protagonista foi Simon Clarke (Orica GreenEDGE), que vestiu a maglia rosa por um dia, mas não tem aspirações na classificação geral. O fato também foi apontado por ele, posteriormente, para justificar que não estaria indo contra a sua equipe, que não tem ninguém em busca do título. É o de menos. Com uma decisão tomada em segundos, uma demonstração de fair play daquelas para ilustrar vídeo promocional da modalidade e ser apropriado por marcas diversas. Sensacional, para o espectador, que tenha sido da maneira que foi.

A agonia estampada no rosto de Porte é retratada nessa sequência de imagens. O anticlímax e os antagonistas da história vêm depois delas.





O vídeo dos 13 km finais não mostra a troca de pneus e ninguém tinha conhecimento dela até o final da etapa. Quando faltavam 5,6km, a transmissão da moto mostra um Sky ficando pra trás, procurando o carro da equipe. O que se vê depois são os companheiros da Sky num esforço de contrarrelógio – por coincidência, com outro australiano da Orica GreenEDGE – pra minimizar o tempo que Porte perderia. Em vão.

O pelotão fica confuso, com algumas equipes querendo diminuir o ritmo para esperar e outras querendo acelerar para pegar a fuga para o sprint. O tempo para uma decisão era escasso. No fim, não se fez nem uma coisa nem outra.

Porte chega 47s atrás dos concorrentes (Contador e Aru). Já beiraria uma eternidade. E eis que surge a punição ao fair play: A direção da prova pune Porte e Clarke com 2 (!) minutos (!!) na classificação geral.

O 3º colocado agora é o 12º, a infinitos 3min09s de Contador. Um pneu furado na hora errada destrói a preparação de meses e a programação para um ano inteiro. A aclamada disputa entre “os três tenores” está praticamente encerrada. Lamentável, para o espectador, que tenha sido da maneira que foi.

Depois da curva
A repercussão entre os ciclistas, principalmente aqueles que não estão lá e comentam no Twitter, obviamente foi negativa. O “tapetão” passou por cima do fair play. O diretor do Giro, Mauro Vegni, “lamentou” que tivesse de aplicar a regra da UCI. Ela cita algo parecido com “ajuda a um ciclista de outra equipe não regulamentada”. E determina que a punição seja de 2 minutos.

Richie Porte e David Brailsford, diretor da Sky

Com a palavra, os envolvidos (me desculpem os tradutores - não o google - mas tem hora que nenhuma tradução é o suficiente. Ou necessária).

Richie Porte, antes de saber da punição:
“45 seconds… We’ve been fighting for one or two seconds, then you have a little bit of bad luck. You have a long way to go. It was nice to see my team stop and help me, and Simon Clarke and Michael Matthews, good mates helping me as well. It’s not over. Taking the positives out of it; the legs felt great, [and I] live to fight another day”.

Simon Clarke, antes de saber da punição:
“He’s just another Aussie, mate. He punctured and obviously needed a hand. It was one of those split seconds where it could have cost him the Giro. It’s a unique situation, it’s not like we have someone on GC. All of Aussies get along well, it’s not like I was colluding with a team we are trying to race against. I’m just trying to help out a friend. Right when he stopped, he had no one. I was right there and about to sit up and roll in.

David Brailsford, diretor da Sky, depois da punição:
“Obviamente é decepcionante que um gesto esportivo tomado no calor do momento tenha resultado uma pena tão dura. Ninguém estava tentando ganhar uma vantagem desleal”.

10ª etapa, 19 de maio (quinta-feira) – 200km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)

18 de maio de 2015

A batalha Contador X Aru X Porte e a decepção Urán: A primeira semana do Giro d’Italia 2015

Uma primeira semana movimentada em um Grand Tour. O fato inesperado aconteceu por conta de quedas – Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e Domenico Pozzovivo (AG2R la Mondiale) –, ataques – Fabio Aru (Astana) e Richie Porte (Sky) – e uma decepção – Rigoberto Urán (Etixx-Quick Step). As surpresas entre os favoritos deixaram o Giro d’Italia 2015 interessante desde o início. Enquanto a turma troca o sangue descansa na segunda-feira, resumo da primeira semana e algumas linhas do que está por vir para “os três tenores”.


5ª etapa, 13 de maio (quarta-feira ) – 152km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
A primeira etapa com montanhas leves mereceu o alerta de antemão, mas era difícil imaginar que passaria de um alerta. Apenas 152km e uma chegada em subida já colocaram Contador na maglia rosa. Não por causa da etapa, mas pelo team time trial da abertura do Giro.

Mesmo assim, o mais impressionante – e decepcionante – foi ver Urán perder 28s e já ficar a 1min22s do espanhol na GC. Inexplicavelmente (depois falou-se em bronquite), o colombiano bivice já havia perdido 42s no dia anterior. Astana e Tinkoff-Saxo deram o tom no pelotão, com ataques interessantes da equipe cazaque, especialmente com o italiano Diego Rosa e o espanhol Mikel Landa. Fizeram a Tinkoff-Saxo pensar como, e se, deveria responder.

Contador, Porte e Aru: os três tenores

Contador deu um ataque daqueles (highlights, ataque em 1min50 ou versão maior, ataque em 19s, enquanto os vídeos não são retirados do ar), Aru e Porte acompanharam. Interessante também ver o italiano Ivan Basso, bicampeão do Giro e com um currículo cheio, do alto dos seus 37 anos, trabalhando como gregário – ou domestique, para quem preferir – para Contador.

Outro aspecto que gera debates, mas que inegavelmente traz uma emoção extra em etapas terminando em subidas, é o bônus de tempo na chegada. Aru, em 3º, se beneficiou com 4s (o 1º ganhou 13s e o 2º 7s). Só poderia ser mais fácil de encontrar no regulamento quanto de tempo será dado aos três primeiros em cada etapa (geralmente é 10s, 6s e 4s).

O dia também mostrou que, com o italiano Dario Cataldo saído da Sky para a Astana, poderia faltar na equipe britânica um Porte para o Porte. Ou seja, alguém incumbido da função que o australiano tinha para liderar Chris Froome – ou que Froome, antes, teve com Bradley Wiggins – nas etapas montanhosas.

Já vestindo a camisa

6ª etapa, 14 de maio (quinta-feira) – 183km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
Um dia que não deveria acontecer nada se tornou dramático nos metros finais. Um espectador com uma câmera acertou o italiano Daniele Colli (Nippo-Vini Fantini) e começou um leve efeito dominó que atingiu a maglia rosa. No sprint, qualquer queda faz estrago, mas a situação de Contador foi estranha. Ele estava relativamente seguro à frente, como todo líder deve estar, e caiu praticamente em câmera lenta.

Bate papo entre líderes
Pozzovivo já havia se despedido na 3ª etapa com uma cena assustadora depois de uma queda. A maneira como Colli quebrou o braço esquerdo foi ainda mais angustiante – não trago imagens por respeito a este espaço. A Contador, sobrou um ombro esquerdo deslocado e a curiosa cena de não vestir a maglia rosa em uma cerimônia memorável.

Aos organizadores, faltou comunicação com o espanhol para que fossem avisados que o ombro estava praticamente imobilizado e ele não conseguiria vestir a camisa. Quem teve a honra de levar a camisa ao líder parecia nem saber do ocorrido ou não entendeu o que o ciclista falou no pódio. Depois, Contador dá os beijinhos de praxe em uma podium girl e é deixado no vácuo pela segunda, ameaçando por duas vezes beijá-la. Por fim, a primeira moça vai abraçá-lo para posar para as fotos e toma um susto quando ele joga o buquê pra galera. Imperdível.

E a camisa?

Obs.: No vídeo dos 3km finais, fica claro que as condições não eram as ideais para um sprint. Mesmo que a organização não tenha culpa por um cidadão com uma câmera no lugar errado, pecou na definição do percurso. Em 1min55s no vídeo, é possível ver alguns “ombro a ombro”. A situação é normal nos sprints, mas pareceu excessiva pela câmera do helicóptero. Curvas e estreitamento da estrada/rua contribuíram para a tensão. Dá para seguir Contador pela câmera do chão observando o capacete rosa. Sua queda acontece em 2min52s, bem à esquerda do percurso, junto à placa.

7ª etapa, 15 de maio (sexta-feira) – 264km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
A maior expectativa era se Contador continuaria no Giro. Por 264km e 7h22, ele continuou. E ainda declarou que depois de 4h pedalando imaginou que teria mais 4h de sofrimento e pensou: é disso que se trata o ciclismo.

Diga que fico

8ª etapa, 16 de maio (sábado) – 186km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
O dia mais montanhoso até então, incluindo chegada em subida. O ataque desta vez foi de Aru (vídeo dos últimos 3km) e depois, para confundir – ou se confundindo –, de Landa.

Aru e a rotina de ataques
Contador, Porte e Urán acompanharam. Landa ganhou 15s na estrada + 6s por chegar em 2º na etapa. Ao final, Astana tinha 3 no top 5 (Cataldo em 4º). Contador terminou com um bônus inesperado de 2s em um sprint intermediário, em um vacilo das equipes rivais.

Depois do ataque, a Sky finalmente apareceu, com o espanhol Mikel Nieve e o tcheco Leopold Konig. Contador ficou sozinho (sem o tcheco Roman Kreuziger) pela primeira vez. Aru e Porte fizeram últimas tentativas nos metros finais, parecendo revezar quem atacava Contador. Urán, na dele, acompanhou.

A Movistar ganhou a etapa com o espanhol Benat Intxausti e parece que vai ficar nisso. Curiosamente, se a Astana não tivesse mandado Landa pra frente, provavelmente Aru teria ficado em 3º e conquistado o bônus de tempo (4s), o que o deixaria empatado com Contador. Enquanto isso, Porte se aproveita do circo pegando fogo com a Astana distribuindo ataques e ditando o ritmo. O australiano tornou pública a estranheza quanto ao ataque de Landa. A intenção da equipe cazaque seria ganhar a etapa ou, por que não, ter um plano B para a GC? Depois de tantos fins inesperados logo na primeira semana...

Subindo

9ª etapa, 17 de maio (domingo) – 215km (perfil)
Classificação da etapa e geral (SR e GC)
Mais um ataque de Aru. Os últimos 8km (vídeo que em breve vão tirar do ar) mostram conversa de Contador e Aru para trabalharem juntos e preguiça de Porte quando Urán já estava dropado. A relação entre o espanhol e o italiano, inclusive, parece estar saudável. O seis vezes campeão de GT disse que o rival de 24 anos o lembra de seu início como profissional.

A Astana faturou a etapa com o italiano Paolo Tiralongo, mas não estaria se preocupando demais com outras frentes e de menos com Aru? Esse esforço pode cobrar um preço em uma prova de 3 semanas. O sprint entre os líderes da GC deu 1s(!) para o italiano.

9ª etapa resumiu a primeira semana do Giro d'Italia 2015

Urán perdeu 46s para Contador e reconheceu que a diferença (agora de 2min10) já é “muito importante”. Ele é o 8º na GC. A Astana continua com 3 no top 5, mas Cataldo perdeu o mesmo tempo de Urán e, com 1min16s de desvantagem para o líder, fica menos cotado para um eventual plano B. Landa é a aposta se algo inesperado acontecer com Aru.

Depois da curva
Tempo e mais tempo para Urán
A segunda semana promete quatro dias sem graça até o TT de 59,4km na 14ª etapa, no sábado. A quarta-feira (11ª etapa) é cheia de “sobe e desce”. Porém, concentrados no início do dia, não devem gerar nada de interessante. O TT parece mesmo a última chance de Urán, ainda que sua condição para manter o ritmo nas montanhas na semana final não seja promissora. E a pressão e o desespero por conta da desvantagem podem se tornar perigosos.

O contrarrelógio ganhou um ingrediente extra com o ombro deslocado de Contador. O espanhol se mostrou preocupado quanto à sua posição em cima da bicicleta, que muda consideravelmente entre uma etapa “normal” e um TT. Tem cinco dias para pensar. Também é esperado que Porte ganhe tempo sobre o espanhol e Aru.

O dia seguinte, antes do segundo e último descanso, é o mais esperado até o momento. Duas escaladas de categoria 1 nos últimos 40km, atingindo Madonna di Campiglio. Aguardemos.

11 de maio de 2015

Giro d’Italia 2015: Prévia, parte 2 e TTT

Continuando a prévia do Giro d’Italia 2015, retomada dos favoritos, o que ver (e o que não ver) e o Team Time Trial de sábado. A parte 1 recapitulou a temporada até a chegada dos Grand Tours.

Favoritos: Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e Richie Porte (Sky)

Fora da curva: Rigoberto Urán (Etixx-Quick Step), Fabio Aru (Astana) e Domenico Pozzovivo (AG2R La Mondiale). Atualização após a 3ª etapa: Pozzovivo tem sorte de sua vida não estar mais em risco, segundo a própria equipe, após a queda - imagens fortes.

Mais fora da curva: Jurgen van den Broeck (Lotto Soudal), Ryder Hesjedal (Cannondale-Garmin), Benat Intxausti (Movistar) e Przemyslaw Niemiec (Lampre-Merida)

Se a maglia rosa não sair de um dos 5 primeiros já é surpresa. Pelos resultados de 2015, Porte até deveria ser “o” favorito, à frente de Contador. A balança pesa pro lado do espanhol pela experiência, individual e da equipe. O australiano, que estava escalado pra liderar os britânicos há um ano e ficou doente antes do Giro, entra como líder da equipe pela 1ª vez em um GT. A equipe montada tem experiência, como o bielorrusso Vasil Kiryienka, mas também “novato” em equipe grande, como o tcheco Leopold Konig. Pela equipe russa, o italiano Ivan Basso, o tcheco Roman Kreuziger, o australiano Michael Rogers e o português Sérgio Paulinho dispensam apresentações para “carregar” Contador até Milão.


No trio que vem em seguida, Urán tem a credencial de bivice 2013-14 e um percurso menos montanhoso a seu favor. Corre pra aguentar o início e ir de all-in no TT da 14 ª etapa, cujo percurso o colombiano disse ter adorado. Aru também deve ser lembrado pelo pódio em 2014 e, diferentemente do colombiano, precisa das montanhas. A diferença é que este ano já vai estar marcado, não é mais um desconhecido. É preciso que a maior esperança italiana deixe fora da estrada o momento complicado da Astana, ainda ameaçada de ter a licença para o circuito cassada pela UCI por causa de doping. Pozzovivo é a segunda e última aposta dos italianos e vem de bons resultados em 2015.


No resto, Hesjedal tem equipe pouco experiente. Intxausti deve ser considerado apenas porque a Movistar precisa de alguém – e alguém tem a chance de aparecer sem Nairo Quintana e Alejandro Valverde, de olho no Tour de France. Niemiec parece recuperado e próximo da melhor forma e a Lampre tem outra frente de ataque com o italiano Diego Ulissi pra ganhar etapas. Os sprints devem ser mornos, sem Mark Cavendish, Marcel Kittel e Peter Sagan. A Orica GreenEDGE já adiantou que o foco é ganhar etapas (começou bem com o TTT) e a BMC Racing quer colocar o italiano Damiano Caruso no top 10 da GC.


1ª Etapa, 09 de maio – TTT de 17,6km (perfil)
A equipe australiana já fez o que se propôs, repetindo o forte início de 2014. Para a GC, o vencedor foi Contador, já que a Tinkoff-Saxo ficou em 2º lugar. O espanhol larga com 6s de Aru, 12s de Urán, 14s de alguém da Movistar e bons 20s de Porte. Pozzovivo já sai com desastrosos 41s atrás de Contador.


A rota a ser cumprida é mais suave que anos anteriores. Tem menos finais em subida do que 2014 (6 contra 9) e menos montanhas das categorias HC, 1 e 2 dos últimos 10 anos, em um total de 18 escaladas das mais difíceis. As etapas planas, que não decidem GC, ainda sofrem o desfalque dos maiores sprintistas. Assim, serão ignoradas a seguir, na indicação de quando perder tempo assistindo.

5ª Etapa, 13 de maio (quarta-feira) – 152km (perfil)
Uma montanha 3 e chegada na categoria 2, que deve servir de aquecimento pra 2ª semana.

8ª Etapa, 16 de maio (sábado) – 186km (perfil)
1º dia de escaladas deve ver ataques. Uma montanha 2 e chegada na categoria 1. O final tem 13km de subida a 6,9%, mas termina em uma curta descida depois do cume. Os 264km(!!) percorridos no dia anterior podem pesar.

9ª Etapa, 17 de maio (domingo) – 215km (perfil)
Etapa perigosa em função do cansaço acumulado às vésperas do 1º dia de descanso. O percurso não tem grandes desafios, com duas montanhas de categoria 2 e uma 1.

14ª Etapa, 23 de maio (sábado) – 59,4km (perfil)
Um TT praticamente todo em subida, muito leve nos primeiros 30km, uma elevação na segunda parcial seguida de descida e o mesmo no final do dia. A maior aposta de Urán, principalmente contra Contador – e até Porte. Em 2014, o colombiano assumiu a maglia rosa depois de um TT de 41,9km, em que colocou 1min17s do 2º colocado.


15ª Etapa, 24 de maio (domingo) – 165km (perfil)
Chegada no emblemático topo Madonna di Campiglio. Um dos dias mais promissores, com duas escaladas de categoria 1 nos últimos 40km (quase 24km serão ascendentes).

16ª Etapa, 26 de maio (terça-feira) – 174km (perfil)
Não tem o charme (e a emoção) de chegar em uma subida difícil – termina em categoria 3. Mas larga já com 13km de subida, passa pela segunda categoria 2 e o imponente Passo del Mortirolo (1). Nele, são 11,8km a 10,9%, com trechos que chegam a 18%.

19ª Etapa, 29 de maio (sexta-feira) – 236km (perfil)
Depois de dois dias relativamente tranquilos, a 2ª etapa mais longa do Giro reserva 3 montanhas de categoria 1 para os últimos 80km (quase 53km de subida). Parece suficiente.

20ª etapa, 30 de maio (sábado) – 196km (perfil)
O Cimma Coppi ficou para a penúltima montanha do penúltimo dia. Os 18,5km de subida levam aos 2.178m acima do nível do mar no Colle dele Finestre. Se a GC ainda estiver em jogo, terá um final muito digno antes da burocracia até a Expo Milano 2015 no dia seguinte.

A conferir.

8 de maio de 2015

Giro d’Italia 2015: Prévia, parte 1

Três semanas de diversão garantida com o Giro d’Italia. O primeiro Grand Tour sempre mata a saudade das provas completas (e o último ninguém mais aguenta – até porque a Vuelta é o GT menos atraente).  O espanhol Alberto Contador (Tinkoff-Saxo), um dos 6 ciclistas da história a ganhar os 3 GTs, é o maior nome e tenta a arriscada façanha da dobradinha Giro-Tour de France, que não acontece desde o lendário pirata Marco Pantani, em 1998. Desfalques ficam com o colombiano Nairo Quintana (Movistar), atual campeão, o italiano Vincenzo Nibali (Astana), campeão do Tour, e o britânico Chris Froome (Sky). O Tour, desde já, promete.

Recuperemos o que aconteceu pré-Giro (em provas de respeito) e o que esperar de favoritos. Na segunda parte, o que ver (e o que não ver) nas próximas três semanas e o que Team Time Trial de sábado anunciou.

Tour Down Under: Dennis Rohan (BMC Racing). O australiano Cadel Evans se aposentou extraoficialmente – e depois foi a uma “prova própria”. Um ciclista que, com os limitados limões que a vida lhe deu, fez uma limonada e tanto. Dentro e fora da estrada, um profissional no sentido ideal da palavra. O australiano Richie Porte (Sky) se mostrou logo de cara, ganhando a etapa com montanhas mais razoáveis. O alemão Marcel Kittel (Giant-Alpecin) ganhou um Sprint.


Tour do Qatar: Nicki Terpstra (Etixx-Quick Step). Peter Sagan mostrou que muda de equipe, mas continua igual. Agora na Tinkoff-Saxo, o eslovaco foi top 5 em todas as etapas (exceto Time Trial). E não ganhou nenhuma.

Volta ao Algarve: Geraint Thomas (Sky). Porte ganhou na montanha. E tomou 1min03 do alemão Tony Martin (Etixx-Quick Step) no TT de 19km.

Vuelta a Andalucia: Chris Froome (Sky). Contador vice. O espanhol levou a melhor no TT de 8,2km por 8s. Nos dias montanhosos, ganhou uma etapa por 19s e perdeu no dia seguinte por 29s. Hum...



Paris-Nice: Richie Porte (Sky). Polonês Michal Kwiatkowski (Etixx-Quick Step) vice. O australiano ganhou TT de 6,7km e um dia de montanha.

Tirreno-Adriático: Nairo Quintana (Movistar). Um startlist galáctico, na que foi a primeira boa prévia para os GTs. O holandês Bauke Mollema (Trek Factory Racing) e o colombiano Rigoberto Urán (Etixx-Quick Step) completaram o pódio. Contador, os italianos Nibali e Domenico Pozzovivo (AG2R La Mondiale), os franceses Thibaut Pinot (FDJ) e Pierre Rolland (Europcar), o espanhol Joaquin “Purito” Rodriguez (Katusha), o belga Jurgen van den Broeck (Lotto Soudal), o canadense Ryder Hesjedal (Cannondale-Garmin) estiveram presentes.

O suíço Fabian Cancellara (Trek Factory Racing) perdeu o primeiro TT por 1s e descontou no último, por 4s. Sagan, depois de 2 2ºs, ganhou uma etapa. Mas o que falou alto foi que Quintana destruiu na neve, por mais de 40s.



Volta à Catalunha: Richie Porte (Sky). Outro ótimo startlist e Contador continuou em branco contra grandes rivais. O norte-americano Tejay van Garderen (BMC Racing) deu as caras no dia montanhoso. Com direito a queda e machucados, o espanhol ficou em 3º, perdendo também para Porte. O espanhol Alejandro Valverde (Movistar) e Pozzovivo completaram o pódio. Froome, escalado como nº 1 da Sky, foi a decepção. Tomou tempo na 3ª etapa e no dia seguinte brincou na montanha, 28min atrás de van Garderen. O italiano Fabio Aru (Astana), o irlandês Daniel Martin (Cannondale-Garmin), Urán e Rolland e também estiveram presentes.

Volta do País Basco: Joaquin “Purito” Rodriguez (Katusha). Bom startlist, definição no TT do último dia, e não na única etapa de montanha, com “empate triplo” entre Purito e os colombianos Quintana e Sergio Henao Montoya (Sky). Os poloneses Kwiatkowski e Rafal Majka (Tinkoff-Saxo), os franceses Pinot e Jean Christophe Peraud (AG2R La Mondiale), o português Rui Faria da Costa (Lampre-Merida), o norte-americano Andrew Talansky (Cannondale-Garmin) e Mollema estiveram presentes.

Giro del Trentino: Richie Porte (Sky). Mais um título, dessa vez sem grandes rivais. Os “locais” Pozzovivo, Dario Cataldo (Astana) e Damiano Cunego (Nippo-Vini Fantini) não corresponderam.


Tour da Romandia: Ilnur Zacarin (Katusha). Um TTT e um TT “desvirtuaram” a GC. Na montanha, Pinot ganhou, com o russo em 2º. Quintana, Froome e Majka tomaram 20s. Nibali, Urán e Scarponi, 53s.

O britânico Mark Cavendish (Etixx-Quick Step) ganhou o Tour de Dubai, 3 sprints no Tour da Turquia e passou aperto em San Luís, perdendo 2 etapas para o colombiano Fernando Gaviria (?). O moleque de 20 anos foi parar na própria equipe belga para 2016.

Clássicas:
Milão-San Remo: John Degenkolb (Giant-Alpecin). Sagan em 4º.
Tour de Flandres: Alexander Kristoff (Katusha). Sagan em 4º.
Paris-Roubaix: John Degenkolb (Giant-Alpecin)
Amstel Gold: Michal Kwiatkowski (Etixx-Wuick Step)
Flèche-Wallonne: Alejandro Valverde (Movistar)
Liège-Bastogne-Liège: Alejandro Valverde (Movistar)

Valverde ainda foi 2º na Amstel. O australiano Michael Matthews (Orica GreenEDGE) passou em branco, 3º na Milão-San Remo e na Amstel.


E chega o Giro d’Italia 2015. Quem ver:
Favoritos: Contador e Porte

Fora da curva: Urán, Aru e Pozzovivo

Mais fora da curva: van den Broeck, Hesjedal, Benat Intxausti (Movistar) e Przemyslaw Niemiec (Lampre-Merida)