Mais zebras de respeito no feminino, outras menores no
masculino, brasileiros fora e uma rodada noturna pra australiano ver. Esse foi
o segundo dia do Australian Open, com a parte superior das chaves.
Dia 2, 20/jan
A rodada começou com uns 10 jogos que não mereciam stream
nem no 7/7 do 5º (ou 3º) set. Rapidamente, deu pra perceber que o caminho dos
principais cabeças de chave está mais seguro do que na outra metade. Falta
tenista perigoso solto na chave (Viktor Troicki ou Bernard Tomic) ou moleques
australianos em busca de um lugar ao sol (Nick Kyrgios ou Thanasi Kokkinakis).
Preguiça oriental na estreia |
A primeira aposta foi Kei Nishikori (5) X Nicolas Almagro (6/4
7/6(1) 6/2). O espanhol teve uma quebra de vantagem nos dois sets iniciais (2/0
e 3/2) e então cedia a vantagem em games maratônicos. No momento mais delicado
para o japonês, ele perdeu o serviço ao sacar para o 2º set e depois
desperdiçou três set points recebendo em 6/5. A luta do espanhol foi pelo ralo
em um tie-break que traduziu o confronto: Almagro conseguia uma quebra pra
poder viajar e Nishikori só resolvia correr justamente quando sofria uma
quebra. O japonês só mostrou no tie-break o que precisa apresentar na segunda
semana.
Enquanto isso, na Hisense, pelo 3º ano seguido Sloane
Stephens fez apenas 5 games contra Victoria Azarenka. Pelo placar e o pouco que
vi, o domínio foi inquestionável, maior do que muitos se recusavam a aceitar
antes do jogo.
Rotina |
Não deu tempo de procurar Stan Wawrinka (4) e já estava 4/0.
Na Quadra 2, Fabio Fognini (16), melhor pré-classificado eliminado no dia, caiu
em 4 sets para Alejandro Gonzalez. Não vai fazer falta. Dominika Cibulkova (11),
atual vice-campeã, precisou virar contra Kirsten Flipkens, Feliciano Lopez (12)
salvou 3 match points contra Denis Kudla e avançou com 10/8 no quinto, Fernando
Verdasco (31) e Roberto Bautista Agut (13) viraram em 4.
De volta à Hisense, Milos Raonic (8) confia tanto no saque
que se conforma com tie-breaks e só conseguiu quebrar Illya Marchenko no 3º
set. Um tanto arriscado para os próximos dias. Caroline Wozniacki (8) passou
pelo 1º teste em sets diretos contra Taylor Townsend e confirmou o duelo mais
esperado da 2ª rodada, contra Azarenka. E chegamos aos brasileiros.
Tie-break é vida |
Era preciso muito otimismo e/ou tudo funcionando para que
Thomaz Bellucci ou João Souza avançassem. Ivan Dodig era um adversário mais
ganhável, mas no 1º set Feijão ainda não parecia no jogo e foi presa fácil. No
2º vieram todas as chances possíveis, largas vantagens e, na hora de empatar a
partida, o croata fechou algumas portas e o brasileiro outras. Mesmo com a
vitória mais distante, Feijão ainda se recuperou de uma quebra no início do 3º
set, seguiu empatado enquanto deu e foi vítima da catimba croata no último
game. Sacando para o jogo, Dodig esperou o fisioterapeuta para atendimento na
coxa quando enfrentava 15/40. Depois de uns 10 minutos (a Quadra 20 é longe),
fez quatro pontos seguidos e marcou 6/4 7/5 6/4.
Assim como Feijão, Bellucci teve boas chances na Quadra 3.
As diferenças: do outro lado havia um adversário mais gabaritado e quando
oscilava o brasileiro não deixava dúvidas. Sem quebras, o tie-break foi um
reflexo do 1º set: Bellucci agredindo conscientemente, mandando no ponto com o
forehand sempre que conseguia e Ferrer longe dos melhores dias – principalmente
no tie-break desastroso. Por quase 1 hora, Bellucci foi bem em quase tudo.
Mesmo se o 1º saque não ajudava, o 2º quicava demais e atrapalhava o espanhol.
Quebra no 2º set, 2/0, saque e... veio o 1º momento horroroso. Ferrer quebrou
de volta e o jogo virou de lado. Depois de 12 games seguidos, o espanhol só foi
ver a sombra do adversário do 1º set em alguns minutos do 4º: 6/7(2) 6/2 6/0
6/3.
Por 1 hora deu |
O feminino aumentou as zebras com Flavia Pennetta (12) e
Andrea Petkovic (13) sofrendo viradas e Jelena Jankovic (15) caindo em 2 sets.
No masculino, Julien Benneteau (25) parou em Benjamin Becker em 4 sets e Pablo
Cuevas (27) na quadra dura não chega a ser zebra. Mas contra o qualifier
Matthias Bachinger, de 27 anos, que só tinha uma vitória em Grand Slam na vida
e em sets diretos ficou feio. Mais esforçado só Alexandr Dolgopolov (21), que
conseguiu tomar 3 a 0 de Paolo Lorenzi.
Dia 4, 22/jan
Se a parte inferior da chave feminina ficou capenga e hoje
já faltam atrações para as quadras principais, a superior não está muito atrás.
Tirando o dito blockbuster Wozniacki
X Azarenka, dá pra dedicar um pouco de atenção a Serena Williams (1) X Vera
Zvonareva, Cibulkova (11) X Tsvetana Pironkova e Garbine Muguruza (24) X Daniela
Hantuchova. WTA à parte, Petra Kvitova (4), Agnieszka Radwanska (6) e Venus
Williams (18) não devem sofrer com a 2ª rodada.
Jerzy Janowicz |
A quinta-feira entre os homens parece ainda mais escassa. No
top 10, alguma emoção apenas se Ferrer demorar a se encontrar contra Sergiy
Stakhovsky ou se Raonic continuar empurrando com o topete diante de Donald
Young. Fora do radar, Gael Monfils (17) promete a segunda cota do volume
morto de 5 sets contra Jerzy Janowicz no duelo que desponta como o mais
interessante.
Atenção para a zebra no confronto canhoto Lopez X Adrian
Mannarino, de onde sai o adversário de Monfils ou Janowicz. Mannarino fechou
2014 com 2 títulos de Challenger, abriu 2015 com semi em mais um e o vice do
ATP 250 de Auckland. Com o melhor ranking da carreira (36º), passou pela 1ª
rodada em Melbourne em 3 sets contra Blaz Rola. Lopez cambaleou no 5º set da estreia com "apenas" 3h12 de jogo. Pode ficar interessante o
encontro entre os experientes Gilles Simon (18) X Marcel Granollers. Ambos
atropelaram na estreia. O espanhol tenta apagar o 2014 sofrido (pelo menos em
simples) e lidera o confronto direto por 4 a 1.
Fotos: Tennis
Australia / Getty Images (Raonic e Bellucci).