28 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Pré-semifinal

Todas as quartas de final do Australian Open em sets diretos no masculino. Se a rigor não houve drama, houve histórias diferentes para cada uma delas. Novak Djokovic passeou contra Milos Raonic sendo melhor em tudo. E com sobra. Stan Wawrinka fez o jogo que quis sobre Kei Nishikori e cresceu no momento certo do torneio. Tomas Berdych foi competente como em todas as rodadas anteriores e, se não era o favorito de fato, dentro de quadra foi o dono das ações diante de Rafael Nadal. Andy Murray, este sim bem mais cotado do que Nick Kyrgios, respondeu a todas as investidas do australiano sempre com uma jogada ainda melhor. Passadas e lobs pareciam treino.

Hora da última madrugada de simples em Melbourne, com os duelos femininos e, na rodada matutina no horário brasileiro, o encontro entre tcheco e britânico.


Novak Djokovic (SRB) [1] X Stan Wawrinka (SUI) [4]
- H2H: 16 X 3 (últimos 3 encontros em Grand Slam foram ao set decisivo)
- Cotação*: 1,18 X 4,50 / 1,15 X 4,75
Inevitável a memória não puxar os 5 sets que os dois fizeram na duas últimas edições do 1º Grand Slam do ano. Em 2013, Djokovic 12/10 nas oitavas. Em 2014, Wawrinka 9/7 nas quartas. A expectativa para que o raio caia pela 3ª vez no mesmo lugar pode ser frustrada se o suíço não repetir o padrão de jogo que teve contra Nishikori. Nesse caso, uma vitória rápida de Djokovic poderia ser decepcionante, mas não surpreendente.


Wawrinka precisa ser agressivo desde a 1ª bola, o que já traz o 1º problema: colocar a bola em jogo e em condições de mandar no ponto. Djokovic, desde a versão 2011, se apoia – e com razão – nas trocas de bola (movimentação, ataque, contra-ataque, etc). E em Melbourne ainda acrescentou um serviço que vem fazendo mais estragos. Entre os semifinalistas, é quem mais acerta o 1º serviço (69%), quem mais vence pontos com o 1º serviço (84%) e com o 2º (68)! Uma arma e tanto para confirmar seus games rapidamente e ficar tranquilo para em seguida focar na devolução, mais uma arma e tanto. O outro aspecto complicado para o suíço é o ônus de ser agressivo: correr mais riscos. Diante de Nishikori a execução beirou a perfeição. Dois dias antes, contra Guillermo Garcia-Lopez, esteve à beira de um desastre.


Tomas Berdych (CZE) [7] X Andy Murray (GBR) [6]
- H2H: 6 X 4 (3 X 3 em quadra dura. Não se enfrentaram em 2014; Berdych ganhou em 2 sets nos encontros em 2013, nos Masters 1000 de Madrid e Cincinnati)
- Cotação: 2,30 X 1,61 / 2,10 X 1,70
O histórico em Grand Slam está do lado do britânico, que voltou às grandes atuações em Melbourne e carrega a experiência de 7-7 em semifinais de Major. O tcheco, que tem o vice de Wimbledon-2010 no currículo, só viveu essa rodada outras 3 vezes, saindo derrotado. O embalo, no entanto, vem em quadra. Berdych parece estar naquela semana (ou 2 semanas) em que acredita que pode ganhar de qualquer um – diferente de quando apenas o discurso acredita – não se perdeu em nenhum momento em 5 jogos e tudo está conspirando a favor.


Murray foi “favorecido” pela queda precoce de Roger Federer, mas, nos principais testes, passou com maestria sobre Grigor Dimitrov e Kyrgios. O cenário: as 2 bolas iniciais devem definir a posição de cada um dentro do ponto, visto que estão com o saque e a devolução afiadíssimos. Ambos apostam demais no 1º serviço (Berdych ganha 83% dos pontos e Murray 78% nessa situação até o momento no torneio). Nas trocas de bola, o tcheco não deve ir para a rede nem por decreto. Contra Nadal foi o único “buraco” na partida, quando tomou as mais variadas passadas, e diante de Murray pode ser ainda pior. A bola morta do meio da quadra – que Berdych, surpreendentemente, não jogou nenhuma pra fora ou na rede nas quartas – deve encerrar o ponto. Slices e angulações são grandes aliados do britânico.

* Cotação: Bet365 / Sportingbet.

Fora da curva
Pra ganhar sozinho, Djokovic e Berdych em 4.


Feminino
As quartas de final começaram decepcionantes com Simona Halep eliminada pelo 2º ano seguido nas quartas e com um pneu no 2º set e terminaram decepcionantes com Dominika Cibulkova sendo presa fácil para Serena Williams. No meio disso, Maria Sharapova mandou no jogo contra Eugenie Bouchard e o sono esteve perto dos seus melhores dias durante a vitória de Madison Keys sobre Venus Williams.

Se no masculino as semifinais têm 4 certezas (mesmo sem Federer e Nadal), entre as mulheres têm 2 surpresas. Ekaterina Makarova estava no quadrante de Ana Ivanovic (5) e Halep (3) e mesmo se alguém, há 10 dias, a colocasse na semifinal, não seria como a única a não perder sets no torneio. Segue como menos cotada diante de Sharapova (contra quem venceu apenas 1 set em 5 jogos), assim como na semi do US Open de 2014 contra Serena.

Nos últimos anos, o Australian Open lançou Sloane Stephens em 2013 e Bouchard em 2014 e ambas surpreenderam até a semifinal. Chegou a hora de Keys, também de 19 anos. O duelo inédito do encontro de gerações com Serena tem grande favoritismo da número 1, mesmo com gripe. Além da experiência, Serena tem a manutenção da liderança da WTA em jogo como motivação extra. Caso Serena vá à decisão, Sharapova não a ultrapassaria mesmo com o título.


Fotos: Tennis Australia.

26 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Pré-quartas de final

Novak Djokovic respondeu à altura ao saque de Gilles Muller e avançou sem drama – leve queda de rendimento no 3º set, quando cedeu alguns break points. Milos Raonic teve um horário que não favoreceu. As estatísticas controversas mostram 30 aces, 81 winners e uma quebra sofrida em 5 sets contra Feliciano Lopez. Kei Nishikori optou por entrar acordado desta vez e se aproveitou de um David Ferrer cansado por conta das rodadas anteriores. Stan Wawrinka fez de tudo pra jogar 5 sets e esbarrou na resistência de Guillermo Garcia-Lopez, que desperdiçou 6-2 no tie-break do 4º set.

Hora das quartas de final do Australian Open.

Novak Djokovic (SRB) [1] X Milos Raonic (CAN) [8]
- H2H: 4 x 0 (os 2 encontros em melhor de 5 sets foram decididos em 3, mas ambos no saibro – Copa Davis-2013 e Roland Garros-2014)
- Cotação*: 1,06 X 7,50
O sérvio substitui um saque-e-voleio limitado das oitavas por um saque + demais golpes dignos nas quartas. O backhand ainda é o aspecto mais vulnerável, mas o canadense domina cada vez mais os pontos com o forehand (especialmente inside-out). E os números no saque impressionam: 72% de acerto do 1º serviço, com os quais ganha 84% dos pontos disputados, e sofreu 2 quebras até o momento (Djokovic só sofreu 1, o que passa batido por conta das demais qualidades a serem enaltecidas). Curiosamente, o sérvio é quem mais ganha pontos com o 2º serviço em Melbourne (67%; Raonic tem 64%). Pende para o sérvio pelo conjunto da obra. Deve testar a paciência do canadense alongando as trocas de bola e a segurança do seu serviço diante de uma das melhores (ou a melhor) devolução do circuito.


Stan Wawrinka (SUI) [4] X Kei Nishikori (5)
- H2H: 2 x 1 (último encontro nas quartas do US Open-2014, com vitória de Nishikori em 5 sets)
- Cotação: 1,95 X 1,75
Confronto dependente da bipolaridade que ambos mostraram até aqui, parece o mais imprevisível. Wawrinka foi bem sofrido nas oitavas, enquanto o japonês oscilou mais na 1º semana, porém, mesmo na vitória em 3 sets sobre Ferrer, somou mais erros não-forçados do que winners (44 a 43). Nishikori busca repetir o caminho de Nova York, com o suíço nas quartas e possivelmente Djokovic na semi. Façanha desafiadora.


Tomas Berdych (CZE) [7] X Rafael Nadal (ESP) [3]
- H2H: 3 x 18 (Nadal ganhou os últimos 17 encontros, de 2007 pra cá)
- Cotação: 2,35 X 1,53
Talvez a melhor motivação (ou o menor derrotismo) para o tcheco seja se espelhar em Wawrinka, que tinha retrospecto de 0-12 e há exatamente um ano quebrou a escrita para levantar o troféu do Australian Open. Assim como Djokovic, Berdych não perdeu nenhum set até as quartas (o que faz pelo 3º ano seguido em Melbourne) e teve apresentações seguras nos pequenos testes pelo caminho. O retrospecto pesa demais e o espanhol parece ter se encontrado, o que diminui consideravelmente as chances de o tcheco repetir a semi de 2014. A casa de apostas ainda não confia que Nadal está pronto para o título.


Andy Murray (GBR) [6] X Nick Kyrgios (AUS)
- H2H: 1 X 0
- Cotação: 1,08 X 7,00
Até onde vai o azarão? O novo queridinho da torcida empolga, já foi muito mais longe do que o esperado, mas há de se lembrar: encontrou uma chave fraca para o padrão Grand Slam (Federico Delbonis, Ivo Karlovic, Malek Jaziri e Andreas Seppi). Azar dos favoritos que perderam antes, diria o poeta. Fato é que Murray, mesmo sendo Murray, explorou bem as viajadas de Grigor Dimitrov e diante de um adversário ainda menos experiente deve controlar a situação. A recuperação física (e as costas) do adolescente também estará à prova.


*Cotação do Sportingbet.

Feminino
Serena Williams (1) continua pegando no tranco. Dominika Cibulkova (11) foi agressiva como precisava diante de Victoria Azarenka e se conseguir tomar a iniciativa contra a norte-americana pode complicar. Mas esse “se” é do tamanho de Serena, não de Cibulkova. A aposta para quem gosta de um risco-consciente é Madison Keys, com um tênis eficiente que pode continuar surpreendendo, até mesmo diante de Venus Williams (18), que controlou a variação de Agnieszka Radwanska.

Ekaterina Makarova (10) X Simona Halep (3) é o duelo das tenistas que ainda não perderam sets, consequência de viajadas em doses homeopáticas. Em um dia normal, a segurança e o momento apontam para a romena, que com Serena nas quartas não tem mais chance de se tornar número 1 pós-Melbourne (se alguém acreditava na possibilidade...). Eugenie Bouchard (7) sofreu um apagão (ou uma "falta de energia") contra Irina-Camelia Begu que não pode se repetir. Maria Sharapova (2) tem a experiência e o retrospecto de 3-0 a seu favor. Quem conseguir tomar a dianteira no ponto estará um passo à frente (literalmente?).

Cotação aponta Serena como a aposta mais segura (1,12 a cada 1 apostado) e Venus como a favorita menos favorita (1,65). Sharapova e Halep se equivalem nos riscos (1,25).

Torcida
Para que a chuva não derrube a internet.

Fotos: Tennis Australia.

24 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Pré-oitavas de final

Novak Djokovic engrenou, Roger Federer se despediu, Rafael Nadal assustou e Stan Wawrinka vai fazendo o dele sem alarde. Serena Williams segue pegando no tranco, Maria Sharapova escapou, Simona Halep passeou e Petra Kvitova foi embora. Essa foi a 1ª semana do Australian Open para os/as 4 principais cabeças de chave. Hora de falar das oitavas de final, com head-to-head, cotação nas casas de apostas e estatúpidas.


Novak Djokovic (SRB) [1] X Gilles Muller (LUX)
- H2H: 0 X 0
- Cotação*: 1,03 X 15,00
- Estatúpidas: 10 dos 19 sets que Muller ganhou em 2015 foram no tie-break (52,6%). Djokovic não perde em Grand Slam para um não-cabeça de chave desde Wimbledon-2008 (derrotado por Marat Safin)
O revés de Djokovic contra o sacador Ivo Karlovic há 2 semanas em Doha seria alarmante se o sérvio fosse o mesmo de 2 semanas atrás. O número 1 está recuperado da gripe/indisposição/problema secreto e apresentou um jogo sem buracos na 3ª rodada, contra Fernando Verdasco. O saque do canhoto de 1,93m (que vitimou Nadal no longínquo Wimbledon-2005) merece atenção, mas não sobra muito fora isso.


Feliciano Lopez (ESP) [12] X Milos Raonic (CAN) [8]
- H2H: 2 X 2
- Cotação: 5,50 X 1,14 / 4,20 X 1,15
- Estatúpidas: Raonic tem 17 vitórias e 17 derrotas contra canhotos no circuito e é o 3º tenista que mais ganhou pontos com o 2º serviço em Melbourne (65%), atrás de Djokovic e Murray
O canadense está cada vez mais firme nas trocas de bola e confia demais no serviço (sofreu uma quebra em 3 jogos). Difícil Lopez repetir o que conseguiu contra Jerzy Janowicz, encurtando os pontos e desestabilizando o rival depois de alguns erros. Eu pagaria até menos por uma vitória do top 10 do que as casas de apostas.


Stan Wawrinka (SUI) [4] X Guillermo Garcia-Lopez (ESP)
- H2H: 4 X 3 (1 X 0 em quadra dura; Último encontro foi a surpresa da 1ª rodada de Roland Garros-2014 (6/4 5/7 6/2 6/0 para o espanhol)
- Cotação: 1,10 X 7,00 / 1,08 X 7,00
- Estatúpidas: O atual campeão ainda não foi agraciado com a escalação para a rodada noturna. Garcia-Lopez já disputou 41 Grand Slams e nunca passou das oitavas (0-1, fez 7 games contra Gael Monfils em Roland Garros-2014)
Depois de aproveitar a chave aberta (sem Fabio Fognini e Alexandr Dolgopolov), o espanhol tem uma missão muito mais indigesta contra o suíço do que viveu no saibro parisiense. A campanha já está de bom tamanho.


David Ferrer (ESP) [9] X Kei Nishikori (JAP) [5]
- H2H: 3 X 6 (Nishikori venceu os últimos 4 encontros, todos em 2014)
- Cotação: 2,75 X 1,44
- Estatúpida: Ferrer só eliminou um adversário de ranking superior em Grand Slam 2 vezes nos últimos 28 torneios (Nadal em Melbourne-2011 e Murray em Paris-2012)
O momento é do japonês, que deve sair de Melbourne como 4º da ATP. Porém, Nishikori ainda não apresentou o tênis que o levou a grandes resultados em 2014. Teve uma quebra de desvantagem nos 2 primeiros sets contra Nicolas Almagro, precisou virar os outros dois jogos e em um deles por muito pouco não foi levado ao 5º set (por Ivan Dodig). Ferrer deixou 1 set pelo caminho em cada rodada e pode ter sua resistência colocada à prova por uma bolha(?) no pé direito. Nishikori, com o jogo das primeiras rodadas, é favorito, mas não muito.


Tomas Berdych (CZE) [7] X Bernard Tomic (AUS)
- H2H: 2 X 0 (os dois jogos em Wimbledon, 2013-14, em 4 sets)
- Cotação: 1,28 X 3,75 / 1,28 X 3,40
- Estatúpidas: Tomic nunca ganhou de um tenista da República Tcheca (0-6). E Berdych nunca perdeu para um australiano dentro do top 70 (4-0; essa foi pra acabar, hein?)
Pela 1ª semana de cada um, a torcida australiana pode se frustrar rapidamente. Tomic deve se apoiar no saque (maior percentual de 1º serviço até agora no torneio, 73%) e buscar variações que tem à disposição nas trocas de bola, como o slice para tirar o tcheco de sua zona de conforto. O maior incômodo, porém, seriam bolas com quique (à la Nadal), ficando acima da cintura do top 10, e não abaixo. Em um dia normal, Berdych cede no máximo um set.


Kevin Anderson (RSA) [14] X Rafael Nadal (ESP) [3]
- H2H: 0 X 1
- Cotação: 3,50 X 1,30 / 3,75 X 1,22
- Estatúpida: Anderson nunca passou das oitavas em um GS (0-5)
Para quem gosta de um risco consciente, a aposta no sul-africano pode ser uma boa. Está com o melhor ranking da carreira, vem de um triunfo seguro sobre Richard Gasquet e pode encontrar Nadal em um dia de Smyczek. O espanhol, como geralmente acontece no circuito, tem o jogo em sua raquete. O que, em 2015, ainda não traz muita garantia.


Andy Murray (GBR) [6] X Grigor Dimitrov (BUL) [10]
- H2H: 4 X 2
- Cotação: 1,28 X 3,75 / 1,25 X 3,40
- Estatúpidas: Murray não perde antes das quartas em um GS desde o US Open-2010 (não disputou RG-2013). Dimitrov tem o 3º saque mais rápido do torneio até o momento, a 230km/h
As cotações me parecem um pouco pessimistas demais em relação ao búlgaro, de certo pela atuação ruim diante de Marcos Baghdatis. O duelo deve ser recheado de variação, alternativas e pontos improváveis. Histórico do britânico em Melbourne pode pesar, mas nenhum resultado (vencedor e placar) me surpreenderia. Quem avançar tem como presente não ver Federer nas quartas de final.


Nick Kyrgios (AUS) X Andreas Seppi (ITA)
- H2H: 1 X 0 (2ª rodada do US Open-2014, 6/4 7/6(2) 6/4)
- Cotação: 1,72 X 2,10 / 1,70 X 2,00
- Estatúpidas: Primeira oitavas de GS sem cabeça de chave desde Wimbledon-2013. Seppi nunca passou das oitavas em GS
Ótima oportunidade para ambos. Os dois já ficaram bom tempo em quadra, fator que pode pesar nas costas do australiano, literalmente. Jogo sem um favorito claro, com juventude e torcida de um lado e experiência, tranquilidade e regularidade do outro, além do embalo pela inédita vitória sobre Federer. A zebra menos zebra para se apostar.

* Bet365 / Sportingbet (quando houver).

Fora da curva
Avançando as imagens acima na parte superior, Djokovic faz a semi com Wawrinka e vai à final. Para sair de cima do muro, imagino Berdych tirando Nadal nas quartas e Murray encerrando a campanha de Seppi e posteriormente avançando à decisão, sendo tetra-vice.

Feminino
Serena Williams (1) precisa se cuidar mais do que normalmente nessas fases de GS porque tem oscilado e Garbine Muguruza (24) pode aproveitar. Victoria Azarenka é a não-cabeça e não-zebra contra a atual vice-campeã Dominika Cibulkova (11), que não deve impedir o aguardado duelo de quartas entre a nº 1 e a duas vezes campeã em Melbourne. Madison Keys parece ter mais recursos diante da compatriota Madison Brengle e o duelo de estilos entre Venus Williams (18) e Agnieszka Radwanska (6) promete. Físico e variação são as armas da polonesa, favorita, que tem ganhado muitos pontos de graça com o serviço.

Julia Goerges X Ekaterina Makarova (10) é o confronto mais zebrável na parte inferior, mas Simona Halep (3), em um dia ruim, pode passar sufoco contra Yanina Wickmayer. Eugenie Bouchard (7) X Irina-Camelia Begu e Shuai Peng (21) X Maria Sharapova (2) parecem as maiores barbadas, apesar do fator WTA.

Fotos: Getty Images.

Australian Open 2015: Dia 6

Definidos todos os confrontos de oitavas de final do Australian Open, com 11 cabeças de chave no masculino e 10 no feminino. Antes, o dia de vitórias dos favoritos no masculino e da queda da 4ª pré-classificada no feminino.

Dia 6, 24/jan
Agnieszka Radwanska (POL) [6] 2x0 Varvara Lepchenko (EUA) [30] 6/0 7/5
A norte-americana começou a partida derrotada mental e fisicamente, somou 10 pontos na 1ª parcial e então utilizou um tempo médico para tentar explicar alguma indisposição que a incomodava (certamente desde antes do jogo). A polonesa ameaçou se complicar não quebrando 2 serviços no 2º set. Um game horroroso na hora de fechar em 6/3 e a favorita ficou em quadra alguns minutos a mais do que deveria.

Pequeno drama (desnecessário)

Venus Williams (EUA) [18] 2x1 Camila Giorgi (ITA) 4/6 7/6(3) 6/1
Alternando com o jogo da Rod Laver Arena, este parecia de outra categoria, especialmente pelo peso das bolas e a velocidade de ambas nos rallys. Tudo sob controle para a italiana no 2º set – teve 0-40 para abrir 5/2 –, agredindo e se movimentando mais, Venus errando na hora de finalizar os pontos até que o famoso “click” liga a chave da WTA. Giorgi é quebrada sacando para o jogo, precisa salvar 2 set points para forçar o tie-break e nele presenteia a norte-americana com erros não-forçados logo no início. A italiana nunca mais saiu do tie-break e só fez um game – de 20 minutos! – no set derradeiro.

Drama enorme

Serena Williams (EUA) [1] 2x1 Elina Svitolina (UCR) [26] 4/6 6/2 6/0
1) Impor o seu plano de jogo; 2) Ter um plano de jogo agressivo; 3) Conseguir executar o plano de jogo de alto risco. A combinação desses fatores ligou o alerta na RLA depois que a ucraniana tomou a iniciativa com bolas longas, sem preferência por um lado ou pelo meio da quadra, induziu a norte-americana aos erros, obteve 3 quebras e fechou a 1ª parcial em 36 minutos. É bem verdade que Serena começou lenta, com uma movimentação digna de sinal amarelo fosforescente. A número 1 não encontrou seu ritmo a tempo de escapar no 1º set, como na 2ª rodada, mas a partir da 2ª parcial aumentou seu volume de jogo. A ucraniana passou a errar mais ou então a atacar sem tanta convicção. Prato cheio para Serena.

Resolvida com twirl

Milos Raonic (CAN) [8] 3x0 Benjamin Becker (ALE) 6/4 6/3 6/3
O mais próximo de “susto” que o canadense tomou foi abrir o 2º set perdendo um game de saque pela 1º vez no torneio. 3 minutos depois e ele já liderava por 2/1. O alemão fez o que pôde nas devoluções e ao tentar ditar os pontos em busca de uma brecha.

Feliciano Lopez (ESP) [12] 3x0 Jerzy Janowicz (POL) 7/6(6) 6/4 7/6(3)
Jogo mais tenso do que bom, cheio de erros não-forçados, chances desperdiçadas e viajadas em momentos importantes (a dupla falta vergonhosa do polonês para perder o 1º tiebreak se provou crucial). O espanhol passou longe de encarar match points como nas 2 rodadas anteriores, muito mais à vontade diante de um estilo agressivo e trocas de bola mais curtas.

Do seu jeito

Victoria Azarenka (BLR) 2x0 Barbora Zahlavova Strycova (CZE) [25] 6/4 6/4
Recompensa pelas 1ªs rodadas. Daqueles jogos que, mesmo sendo da WTA, todo mundo sabe como vai terminar, apesar da bielorrussa não ter se imposto como nos melhores dias sobre o jogo sem ritmo da tcheca.

Kei Nishikori (JAP) [5] 3x1 Steve Johnson (EUA) 6/7(7) 6/1 6/2 6/3
Quase não vi. Pelos números/relatos, o japonês começou devagar mais uma vez, sofreu com o saque do norte-americano, mas depois do tie-break deslanchou, confirmando todos os games de serviço.

Novak Djokovic (SRB) [1] 3x0 Fernando Verdasco (ESP) [31] 7/6(8) 6/3 6/4
O espanhol esteve perto dos seus melhores dias, exigiu mais do que o esperado e... o número 1 avançou em 3 sets. 82% dos pontos vencidos com o 1º serviço, 68% com o 2º, nenhuma dupla falta, nenhuma quebra sofrida e menos da metade dos erros não-forçados do espanhol (24 a 50, segundo as estatísticas oficiais questionáveis) são números que traduzem o domínio na 3ª rodada e animam os fãs do sérvio.

Seguro

David Ferrer (ESP) [9] 3x1 Gilles Simon (FRA) [18] 6/2 7/5 5/7 7/6(4)
As esperadas trocas de bola infinitas ganharam drama quando o espanhol quis jogo. Sacou em 5/4 no 3º set para fechar e liderou o 4º set por 5/1 antes de perder 5 games seguidos e precisar do tie-break. Não me lembro de ver Ferrer com tanta dificuldade para liquidar uma partida sob controle. O sangue (provavelmente de uma bolha) no pé direito, revelado quando o espanhol tirou o tênis em quadra, pode ajudar a explicar o sofrimento, já que Simon apenas foi Simon na maior parte do tempo.

Madison Keys (EUA) 2x0 Petra Kvitova (CZE) [4] 6/4 7/5
Festival de quebras e de alternância entre erros infantis e pontos trabalhados, em que a zebra liderou quase todo o duelo e não deixou a tcheca à vontade para impor seu jogo. Melhor campanha da norte-americana de 19 anos em Grand Slam. E dá pra continuar.

Fotos: Tennis Australia.

23 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Dia 5

Já não é preciso usar a barra de rolagem para ver o live scores completo. Está acabando. Pela ordem, o 5º dia do Australian Open e os 1º(ª)s classificado(a)s para as oitavas de final.

Dia 5, 23/jan
Ekaterina Makarova (RUS) [10] 2x0 Karolina Pliskova (CZE) [22] 6/4 6/4
Volume de jogo e maior familiaridade com Grand Slams falaram mais alto. A russa com seu jogo honesto não foi ameaçada durante todo o 1º set. Um par de erros no início da 2ª parcial deram vantagem à tcheca, que imediatamente retribuiu a gentileza. A pressa travestida de agressividade logo levaram Pliskova às cordas na Margaret Court Arena, mas não sem antes um drama básico de WTA. Sem o braço pesar, a tcheca saiu de 0/40 em 3/5 para ficar no jogo e ainda teve 2 break points no game final.

Julia Goerges (ALE) 2x0 Lucie Hradecka (CZE) 7/6(6) 7/5
Um game com todos os erros possíveis (sacando em 5/3) bastou para a alemã colocar a adversária no jogo e começar a duvidar da sua superioridade até então. Goerges escapou de um break point no 5/5 e contou com um presente da tcheca quando deu um 2º serviço enfrentando um set point no tie-break. O drama da 1ª parcial se repetiu quando a alemã obteve a quebra em 3/3 e a quadra ficou menor. Depois de um game sofrido já no 4/3, a dura missão de fechar o jogo. Madeiradas, serviços a 50km/h e 3 match points mais tarde e o placar mostrava 5/5, o que Hradecka prontamente tratou de recusar para oferecer uma 2ª chance à adversária. No 4º match point, números finais após um backhand fora da linha de duplas.

Altos e baixos

Grigor Dimitrov (BUL) [10] 3x2 Marcos Baghdatis (CIP) 4/6 6/3 3/6 6/3 6/3
O búlgaro se diz pronto para ganhar um Grand Slam e, julgando por esta sexta-feira, dá pra acreditar. Porque ganhar jogando mal não é para muitos e pode ser o impulso que faltava para uma campanha inédita.

Combinação de um favorito errático e um adversário inspirado e agressivo na medida certa deixou o 1º set perigoso. O castigo para o búlgaro veio no aclamado 9º game, que em outros tempos serviria até mesmo alimento líquido para felinos, iguaria atualmente escassa. A inversão de lado entre winners e erros não-forçados no 2º set parecia colocar as coisas no eixo da lógica. Porém, o cipriota inesperadamente resistia, a ponto de criar 4 break points no 6º game do 3º set e outros 4 no 8º até finalmente abrir vantagem e fechar o set em um game eterno. O físico e a capacidade de alternância entre ataque e defesa dentro de um único ponto foram fundamentais para escapar da zebra.

*Os malucos da comunidade grega-cipriota da Austrália, que acompanham Baghdatis desde o surpreendente vice de 2006, são um show à parte. Uma organizada de Copa Davis com mais noção e respeito.

Atração à parte

Tomas Berdych (CZE) [7] 3x0 Viktor Troicki (SRB) 6/4 6/3 6/4
O tcheco foi aprovado no teste com louvor. Atuação segura e consistente diante de um adversário embalado e perigoso. Se não tem plano B, vai no A mesmo: aces, pancadas de onde der, bolas retas nos poucos rallys da partida e sem improvisação (vez ou outra uma angulação com o forehand). O 1º set sem muito jogo só viu break point no último game, que de certa maneira foi um match point. Já na 2ª parcial o sérvio acusava o cansaço físico e mental de disputar sua 15ª partida em 2015 e de enfrentar um top 10 que não abriu nenhuma porta para oferecer o mínimo de esperança.

Seguro

Eugenie Bouchard (CAN) [7] 2x0 Caroline Garcia (FRA) 7/5 6/0
Primeiro set arrastado, algumas quebras, games longos e cheios de possibilidades. A francesa não sustentou as lideranças que teve e assistiu à canadense repetir Serena Williams na quarta-feira.

Simona Halep (ROM) [3] 2x0 Bethanie Mattek-Sands (EUA) 6/4 7/5
Primeiro teste que a romena se permitiu, principalmente no 2º set, quando se esforçou para perder a vantagem de 5/1 e foi abandonada pelo 1º serviço (32% de acerto e 4 duplas faltas) antes da definição.

Cadê a luz?

Andreas Seppi (ITA) 3x1 Roger Federer (SUI) [2] 6/4 7/6(5) 4/6 7/6(5)
Surpresa com S maiúsculo. Daquelas de fazer lembrar Wimbledon-2013 e despejar uma infinidade de estatísticas, que o suíço fez semi em Melbourne nos últimos 20 anos e não perdia antes das oitavas há 6 décadas, etc. Assim como na grama londrina, Federer se sente em casa no Grand Slam australiano, vinha de um título pré-torneio e jogando bem. Pra completar, retrospecto de 10-0 contra o italiano (o mesmo caso de Tommy Robredo no US Open-2013) e um set perdido em 22 disputados.

Os pré-requisitos para um resultado tão atípico foram todos cumpridos: uma atuação abaixo do esperado do favorito, um dia anormal do azarão, fechar a porta nos momentos importantes (quando geralmente os grandes jogadores conseguem entrar para controlar o ímpeto da zebra) e manter o alto nível pelo tempo que for preciso. 1ª quebra do jogo no 9º game e em seguida o italiano escapa ileso por 3 break points para fechar o set. O roteiro semelhante na 2ª parcial fez Seppi sacar em 5/4 e sofrer a quebra, o que, normalmente, traria tudo à normalidade. Eis que Federer desperdiça vantagem de 5/3 no tie-break e se coloca no buraco. Um set com domínio suíço e outro tie-break que ofereceria um set decisivo para o lado de Federer. E novamente o suíço perdeu o que não costuma perder: 5/4 e dois serviços. Game, set, match.

Curiosamente, Federer somou um ponto a mais que o adversário na partida. “Acho que ganhei os pontos errados hoje”, disse o suíço ao lamentar o tie-break do 2º set. Mais números: Seppi, que tinha 6-67 contra top 10, vinha de uma sequência de 23 derrotas diante de rivais de tal calibre.

Provando o improvável

Maria Sharapova (RUS) [2] 2x0 Zarina Diyas (KAZ) [31] 6/1 6/1
Surra para esquecer a rodada anterior.

Rafael Nadal (ESP) [3] 3x0 Dudi Sela (ISR) 6/1 6/0 7/5
O mesmo de Sharapova. Adversário limitado, sem golpes para incomodar. Um jogo tão tranquilo que o espanhol baixou a intensidade antes da hora, encurtou o forehand e deixou alguns games pelo caminho no 3º set.

Dia 7, 25/jan
Post amanhã sobre as oitavas.

Acelerou

Fotos: Tennis Australia e Getty Images (Seppi).

22 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Dia 4

A quinta-feira em Melbourne foi o dia mais normal do Australian Open em termos de resultados. Kei Nishikori esteve perto de um 5º set e Stan Wawrinka precisou de tie-breaks. Fora isso, Gael Monfils caiu para Jerzy Janowicz – o que não chega a ser uma surpresa de direito – e Gilles Muller tirou Roberto Bautista Agut no placar mais "inesperado". No feminino houve uns bons passeios e uma ótima apresentação de Victoria Azarenka.

Dia 4, 22/jan
Agnieszka Radwanska (6) fechou o seu jogo de 2ª rodada enquanto Feliciano Lopez (12) sacava em 4/5 no 1º set. Isso mostra 1) o quanto é difícil uma tenista “normal” lidar com o tênis inteligente e de muito toque (quase um bobinho) da polonesa; 2) como o espanhol já devia estar de saco cheio das trocas de bola eternas propostas por Adrian Mannarino.

Passeio

O jogo baseado na paciência em detrimento da potência sempre pode render frutos diante de Lopez. Mais ainda depois dos 5 sets que o espanhol jogou na estreia. Até mesmo o forehand de preparação curtíssima dava conta dos rallys cruzados e irritava cada vez mais o cabeça de chave 12. Mesmo quando tentava encurtar o ponto com saque-e-voleio, o francês usava a potência do serviço para que a devolução encontrasse o pé do adversário. Uma aula de paciência que durou 2h. Depois de uma ida ao banheiro, o francês recebeu atendimento na barriga e passou a se movimentar menos no 3º set. Meio que contra a vontade, Lopez ficou no jogo, salvou match point no 10º game e saiu de 0/3 no tiebreak. Nova ida ao banheiro e na volta Mannarino já nem andava em quadra, entregando 4 games antes de abandonar uma partida que estava nas mãos. 4/6 4/6 7/6(3) 4/0 ret.

Escapou de match point de novo

Registro: Agnieszka Radwanska (POL) [6] 2x0 Johanna Larsson (SUE) 6/0 6/1.

Na Hisense, Nishikori (5) mais uma vez começou devagar, cedendo uma quebra para depois correr atrás. Depois outra e quando viu estava um set abaixo contra Ivan Dodig. A espera do japonês por um vacilo do croata só terminou no 12º game do 2º set, quando quebrou para igualar a partida. No 3º set Dodig se perdeu, mas esteve perto de levar o duelo para o 5º, quando a torcida oriental precisou acordar Nishikori a tempo de vencer em 4. Dodig, há de se destacar, teve uma grande atuação, exceto pelo 3º set. A expectativa sobre o top 5 é grande e em duas rodadas ele mostrou muito pouco. 4/6 7/5 6/2 7/6(0).

Quem também começou devagar foi Serena Williams (1), que trocou quebras com Vera Zvonareva no início do jogo e se viu diante de 3 set points sacando em 3/5. Com ajuda da russa e apelando até para balões, a número 1 diminuiu os erros e depois do 7/5 atropelou com um pneu.

Efeito do calor ou apenas coincidência, Stan Wawrinka (4) ampliou a lista de atuações irregulares e passou sufoco na Margaret Court Arena diante do 194 do mundo, Marius Copil. O romeno sacador, que disputou seu 1º GS depois de 10 tentativas em qualifyings, foi enrolado pelo atual campeão em 2 tie-breaks, principalmente no 2º, quando sacou em 4/3 e o suíço deixou 2 bolas mortas no meio da quadra para ele errar um forehand longo e um backhand na rede. 7/6(4) 7/6(4) 6/3.

Empurrando

Sem comentário para a surra de Novak Djokovic (1) sobre Andrey Kuznetsov. 6/0 6/1 6/4.

Caroline Wozniacki (8) e Victoria Azarenka provaram ao programador que ele devia se envergonhar por não optar pela RLA. O jogo de mais riscos da bielorrussa rendeu principalmente no 2º set, quando a dinamarquesa deixou a partida antes do final. 6/4 6/2.

Gael Monfils (17) e Jerzy Janowicz têm em comum a busca pela bola mais improvável pelo menos umas 3 vezes por game. O aquecimento de apenas 2h30 para o 5º set proporcionou um duelo justo para decidir o jogo, e não um teste unicamente físico. Mentalmente, o francês se apoiava na torcida majoritariamente ao seu lado e nas escolhas agora duvidosas dos famosos drop shots do polonês. Janowicz buscou a motivação que precisava em uma discussão sem propósito com o árbitro quando sacou em 3/3 e atropelou nos 3 games finais. 6/4 1/6 6/7(3) 6/3 6/3.

Na cabeça (maluca)

1 ponto perdido em 5 games de serviço. Esse foi o 1º set de Milos Raonic (8) contra Donald Young. Bom e velho tie-break na 2ª parcial e o norte-americano já estava entregue. 6/4 7/6(3) 6/3.

Dia 6, 24/jan
Nada muito promissor para sábado. Djokovic segue com o caminho tranquilo e não deve se atrapalhar com Fernando Verdasco (31). Lopez X Janowicz está mais para o polonês que, nas oitavas, aí sim, deve ficar interessante contra Raonic.

Wawrinka X Jarkko Nieminen pode ser perigoso se o suíço permitir. A chave continua muito boa até as quartas com Ferrer ou Nishikori, teoricamente. O espanhol virou pela 2ª vez e testa a paciência diante de Gilles Simon (18). O francês venceu o último encontro em 4 sets, exatamente na mesma fase, no US Open 2014. Strike 3 para Nishikori engrenar, agora contra Steve Johnson.

Cresceu

No feminino a perspectiva é parecida. Serena deve continuar firme. Petra Kvitova (4) se testa contra a jovem Madison Keys, comandada por Lindsay Davenport. Pequeno alerta para Radwanska, que perdeu os 2 últimos encontros com Varvara Lepchenko (30).

Venus Williams (18) X Camila Giorgi merece atenção, bem como Dominika Cibulkova (11) X Alize Cornet (19), que deve indicar a adversária nas oitavas da agora favorita Azarenka.

Fotos: Tennis Australia.

21 de janeiro de 2015

Clique aqui!

Vou facilitar o trabalho dos portais e do futebolístico do almoço porque nada que acontecer na rodada desta quinta-feira no Australian Open terá importância. “O” fato do dia é que um boleiro foi atingido em uma região “delicada” e o jogo praticamente foi interrompido por alguns minutos para que ele se recuperasse. Olha que legal!

Aconteceu na partida entre o espanhol Feliciano Lopez e o... ah, isso também é irrelevante.



Clicou?

Australian Open 2015: Dia 3

A 2ª rodada do Australian Open começou extremamente sonolenta, com um punhado de partidas femininas que são jogados para a manhã porque é o melhor jeito de se livrar delas e um Tomas Berdych (7) X Jurgen Melzer que poderia até estar equilibrado, porém, longe de ser empolgante.

Com muitos erros, pontos curtos e chances desperdiçadas, o duelo começou a pender para o tcheco após o tie-break e o início do 2º set. Hora de tentar a sorte com Leonardo Mayer (26) X Viktor Troicki. Por 2 games, o argentino mostrou um tênis apuradíssimo e de alto risco, atacando toda e qualquer bola, de forehand ou backhand, cruzada ou paralela e o que mais aparecesse. Com 2/0, a questão a ser respondida era: até quando iria durar? Não deu tempo de me animar e a (falta de) internet me mandou dormir...

Sono

Quando a sublime tecnologia voltou do apagão, Rafael Nadal (3) já sofria no 5º set e Bernard Tomic no 4º. O australiano revezava pontos espetaculares e amadores com Philipp Kohlschreiber (22) na Margaret Court Arena. Por demérito dos devolvedores, 3 sets foram ao tie-break e o tenista da casa avançou com 6/7(5) 6/4 7/6(6) 7/6(5), ofuscado pelo drama na Rod Laver Arena.

Pelo 5º set, Tim Smyczek parecia muito tranquilo exercendo seu papel de zebra, com agressividade e paralelas a cada oportunidade razoável. Nadal se segurava, longe dos melhores dias e, obviamente, na hora do aperto levaria vantagem. Uma viajada com drop shot e subidas à rede e Nadal aproveitou, não sem antes ainda titubear em 3 match points seguidos (6/2 3/6 6/7(2) 6/3 7/5).

O campeão do dia

Simona Halep (ROM) [3] 2x0 Jarmila Gajdosova (AUS) 6/2 6/2
Rotina.

Escrevendo sem ver:
Roger Federer (SUI) [2] 3x1 Simone Bolelli (ITA) 3/6 6/3 6/2 6/2
Hum...

Andy Murray (GBR) [6] 3x0 Marinko Matosevic (AUS) 6/1 6/3 6/2
Esperado.

Marcos Baghdatis (CYP) 3x1 David Goffin (BEL) [20] 6/1 6/4 4/6 6/0
Surpresa que deve parar em Grigor Dimitrov na próxima rodada.

Viktor Troicki (SRB) 3x1 Leonardo Mayer (ARG) [26] 6/4 4/6 6/4 6/0
Jogo de risco não deve ter durado muito. Valeu o momento do sérvio.

Maria Sharapova (RUS) [2] 2x1 Alexandra Panova (RUS) 6/1 4/6 7/5
Drama ao estilo Nadal acrescentando match points contra.

Eugenie Bouchard (CAN) [7] 2x0 Kiki Bertens (HOL) 6/0 6/3
Rotina.

Escapou

Dia 5, 23/jan
Tá esquentando. Curiosamente, apenas 4 dos 16 jogos desta quarta-feira foram decididos em sets diretos, número que geralmente é mais alto para a 2ª rodada. Na próxima fase, que reserva o 1º encontro entre os cabeças de chave, só um duelo seguirá a lógica na parte inferior, com os estilos opostos de Kevin Anderson (14) e Richard Gasquet (24). Nem pela ausência de favoritos (teoricamente) os outros confrontos são menos interessantes.

Berdych X Troicki perde em variações, mas parece o mais atraente. Os dois já passaram por pequenos testes, quem avançar deve pegar Tomic nas oitavas e depois Nadal/Gasquet/Anderson. Caminho nada agradável. O espanhol pode até escapar pelo discurso de que é bom um teste no início, etc. Porém, ficar 4h12 em quadra logo na 2ª rodada e depois de tanto tempo jogando-e-parando está longe do ideal. Dudi Sela pode ajudar.

No quadrante inferior, o 10-0 de retrospecto também deve servir para tranquilizar Federer contra outro italiano, Andreas Seppi. Nick Kyrgios tem Malek Jaziri como presente para avançar às oitavas e receber os holofotes contra o suíço. Se Murray for Murray pode até deixar um set diante de João Sousa (que tem 1-10 vs top 10) antes do esperado encontro com Grigor Dimitrov nas oitavas.

Freguês pela frente

O feminino se resume a ver o quanto Sharapova, Halep e Bouchard passeiam ou sofrem e quais surpresas (Carina Witthoeft X Irina-Camelia Begu, Lucie Hradecka X Julia Goerges – asterisco para a ex-15 da WTA) vão continuar avançando em terreno desconhecido. Ekaterina Makarova (10) X Karolina Pliskova (22) promete indicar uma favorita a chegar às quartas. A 1ª vem de quartas em Wimbledon e semi no US Open. A 2ª foi vice em Sydney e alcançou o melhor ranking (20) nesta semana, mas em 10 aparições em GS ainda não superou a 3ª rodada, que só disputou no US Open-2014 .

Fora da curva
Uma coisa em que o Australian Open não é exemplo (mas nenhum outro Grand Slam é) é a parte estatística. Oferecem uma infinidade de números – estatísticas por serviço, devolução, rally, chaves para o jogo – que muitos vezes não diz nada e, pior, em outras tantas contém erros. Para ficar apenas em Tomic X Kohlschreiber: o campo de break points do jogo mostra 2/8 e 1/6, respectivamente. Escolhendo set a set, apenas no 2º houve chances de quebra e os números são 2/5 e 1/1.

Depois da curva
O melhor Grand Slam já disponibiliza transmissão ao vivo de todas as quadras e o site informa até a programação de treinos em Melbourne. Fica a sugestão para em 2016 oferecerem stream também dos treinos. Nesta quarta, Milos Raonic dividindo a quadra com Goran Ivanisevic, Kei Nishikori e Gilles Simon e até Serena Williams sozinha poderiam ser mais interessantes que a abertura da programação...

Fotos: Tennis Australia

20 de janeiro de 2015

Como tá a quadra?


Mais tradicional do que “Manifestação começou pacífica e terminou em confusão”, a pergunta do título é um clássico das coletivas inaugurais de torneios. Uns reclamam, outros agradecem. Uns são políticos, outros nem percebem diferenças ou mudam de assunto pra falar da bola, do tempo, etc. Por motivos diversos – como não reclamar da bola se a marca oficial também for sua patrocinadora ou elogiar o torneio como um todo se a relação atleta-organização for boa – cada um segue um caminho.

Mesmo nas entrevistas pré-Australian Open o assunto já era explorado e, o mais interessante, as percepções muitas vezes variavam entre os tenistas. Comparando com o US Open, Petra Kvitova acha as quadras de Nova York mais lentas, enquanto Andy Murray elogia as bolas mais lentas... de Melbourne. Nem casal chega a um consenso sobre o tema: Maria Sharapova diz que as quadras estão mais rápidas do que em 2014. Grigor Dimitrov discorda. Bomba! CRISE!!!

Abaixo, um pouco das sensações dos tenistas “out there”.

Pré-Australian Open
Andy Murray
Gosto das bolas que usam aqui, um pouco mais lentas do que as do US Open.

Petra Kvitova
Nunca fui bem no US Open, então acho que lá é um pouco mais lento do que aqui.

Maria Sharapova
Acho que as três quadras que treinei até agora estão um pouco diferentes (do ano passado), um pouco mais rápidas, o que eu gosto.

Grigor Dimitrov
Não acho que as quadras estão mais rápidas do que no ano passado.

Novak Djokovic
No ano passado já achei que elas estavam mais rápidas do que no ano anterior.

Lleyton Hewitt, após treino na Rod Laver Arena
Eu diria que está um pouco mais lenta do que as outras.

Após a 1ª Rodada
Andy Murray, que jogou na Margaret Court Arena
Sinto que é mais rápida que a Rod Laver e a Hisense. Talvez a quadra não seja tão mais rápida, mas quando está seco e com sol, as condições são rápidas.

Novak Djokovic
As quadras estão um pouco mais rápidas do que nos dois últimos anos. Estou me acostumando, assim como os outros jogadores.

A conclusão de tudo isso? Veja bem,

Australian Open 2015: Dia 2

Mais zebras de respeito no feminino, outras menores no masculino, brasileiros fora e uma rodada noturna pra australiano ver. Esse foi o segundo dia do Australian Open, com a parte superior das chaves.

Dia 2, 20/jan
A rodada começou com uns 10 jogos que não mereciam stream nem no 7/7 do 5º (ou 3º) set. Rapidamente, deu pra perceber que o caminho dos principais cabeças de chave está mais seguro do que na outra metade. Falta tenista perigoso solto na chave (Viktor Troicki ou Bernard Tomic) ou moleques australianos em busca de um lugar ao sol (Nick Kyrgios ou Thanasi Kokkinakis).

Preguiça oriental na estreia

A primeira aposta foi Kei Nishikori (5) X Nicolas Almagro (6/4 7/6(1) 6/2). O espanhol teve uma quebra de vantagem nos dois sets iniciais (2/0 e 3/2) e então cedia a vantagem em games maratônicos. No momento mais delicado para o japonês, ele perdeu o serviço ao sacar para o 2º set e depois desperdiçou três set points recebendo em 6/5. A luta do espanhol foi pelo ralo em um tie-break que traduziu o confronto: Almagro conseguia uma quebra pra poder viajar e Nishikori só resolvia correr justamente quando sofria uma quebra. O japonês só mostrou no tie-break o que precisa apresentar na segunda semana.

Enquanto isso, na Hisense, pelo 3º ano seguido Sloane Stephens fez apenas 5 games contra Victoria Azarenka. Pelo placar e o pouco que vi, o domínio foi inquestionável, maior do que muitos se recusavam a aceitar antes do jogo.

Rotina

Não deu tempo de procurar Stan Wawrinka (4) e já estava 4/0. Na Quadra 2, Fabio Fognini (16), melhor pré-classificado eliminado no dia, caiu em 4 sets para Alejandro Gonzalez. Não vai fazer falta. Dominika Cibulkova (11), atual vice-campeã, precisou virar contra Kirsten Flipkens, Feliciano Lopez (12) salvou 3 match points contra Denis Kudla e avançou com 10/8 no quinto, Fernando Verdasco (31) e Roberto Bautista Agut (13) viraram em 4.

De volta à Hisense, Milos Raonic (8) confia tanto no saque que se conforma com tie-breaks e só conseguiu quebrar Illya Marchenko no 3º set. Um tanto arriscado para os próximos dias. Caroline Wozniacki (8) passou pelo 1º teste em sets diretos contra Taylor Townsend e confirmou o duelo mais esperado da 2ª rodada, contra Azarenka. E chegamos aos brasileiros.

Tie-break é vida

Era preciso muito otimismo e/ou tudo funcionando para que Thomaz Bellucci ou João Souza avançassem. Ivan Dodig era um adversário mais ganhável, mas no 1º set Feijão ainda não parecia no jogo e foi presa fácil. No 2º vieram todas as chances possíveis, largas vantagens e, na hora de empatar a partida, o croata fechou algumas portas e o brasileiro outras. Mesmo com a vitória mais distante, Feijão ainda se recuperou de uma quebra no início do 3º set, seguiu empatado enquanto deu e foi vítima da catimba croata no último game. Sacando para o jogo, Dodig esperou o fisioterapeuta para atendimento na coxa quando enfrentava 15/40. Depois de uns 10 minutos (a Quadra 20 é longe), fez quatro pontos seguidos e marcou 6/4 7/5 6/4.

Assim como Feijão, Bellucci teve boas chances na Quadra 3. As diferenças: do outro lado havia um adversário mais gabaritado e quando oscilava o brasileiro não deixava dúvidas. Sem quebras, o tie-break foi um reflexo do 1º set: Bellucci agredindo conscientemente, mandando no ponto com o forehand sempre que conseguia e Ferrer longe dos melhores dias – principalmente no tie-break desastroso. Por quase 1 hora, Bellucci foi bem em quase tudo. Mesmo se o 1º saque não ajudava, o 2º quicava demais e atrapalhava o espanhol. Quebra no 2º set, 2/0, saque e... veio o 1º momento horroroso. Ferrer quebrou de volta e o jogo virou de lado. Depois de 12 games seguidos, o espanhol só foi ver a sombra do adversário do 1º set em alguns minutos do 4º: 6/7(2) 6/2 6/0 6/3.

Por 1 hora deu

O feminino aumentou as zebras com Flavia Pennetta (12) e Andrea Petkovic (13) sofrendo viradas e Jelena Jankovic (15) caindo em 2 sets. No masculino, Julien Benneteau (25) parou em Benjamin Becker em 4 sets e Pablo Cuevas (27) na quadra dura não chega a ser zebra. Mas contra o qualifier Matthias Bachinger, de 27 anos, que só tinha uma vitória em Grand Slam na vida e em sets diretos ficou feio. Mais esforçado só Alexandr Dolgopolov (21), que conseguiu tomar 3 a 0 de Paolo Lorenzi.

Dia 4, 22/jan
Se a parte inferior da chave feminina ficou capenga e hoje já faltam atrações para as quadras principais, a superior não está muito atrás. Tirando o dito blockbuster Wozniacki X Azarenka, dá pra dedicar um pouco de atenção a Serena Williams (1) X Vera Zvonareva, Cibulkova (11) X Tsvetana Pironkova e Garbine Muguruza (24) X Daniela Hantuchova. WTA à parte, Petra Kvitova (4), Agnieszka Radwanska (6) e Venus Williams (18) não devem sofrer com a 2ª rodada.

Jerzy Janowicz

A quinta-feira entre os homens parece ainda mais escassa. No top 10, alguma emoção apenas se Ferrer demorar a se encontrar contra Sergiy Stakhovsky ou se Raonic continuar empurrando com o topete diante de Donald Young. Fora do radar, Gael Monfils (17) promete a segunda cota do volume morto de 5 sets contra Jerzy Janowicz no duelo que desponta como o mais interessante.

Atenção para a zebra no confronto canhoto Lopez X Adrian Mannarino, de onde sai o adversário de Monfils ou Janowicz. Mannarino fechou 2014 com 2 títulos de Challenger, abriu 2015 com semi em mais um e o vice do ATP 250 de Auckland. Com o melhor ranking da carreira (36º), passou pela 1ª rodada em Melbourne em 3 sets contra Blaz Rola. Lopez cambaleou no 5º set da estreia com "apenas" 3h12 de jogo. Pode ficar interessante o encontro entre os experientes Gilles Simon (18) X Marcel Granollers. Ambos atropelaram na estreia. O espanhol tenta apagar o 2014 sofrido (pelo menos em simples) e lidera o confronto direto por 4 a 1.

Fotos: Tennis Australia / Getty Images (Raonic e Bellucci).