Todas as quartas de final do Australian Open em sets diretos
no masculino. Se a rigor não houve drama, houve histórias diferentes para cada uma
delas. Novak Djokovic passeou contra Milos Raonic sendo melhor em tudo. E com
sobra. Stan Wawrinka fez o jogo que quis sobre Kei Nishikori e cresceu no
momento certo do torneio. Tomas Berdych foi competente como em todas as rodadas
anteriores e, se não era o favorito de fato, dentro de quadra foi o dono das
ações diante de Rafael Nadal. Andy Murray, este sim bem mais cotado do que Nick
Kyrgios, respondeu a todas as investidas do australiano sempre com uma jogada
ainda melhor. Passadas e lobs pareciam treino.
Hora da última madrugada de simples em Melbourne, com os
duelos femininos e, na rodada matutina no horário brasileiro, o encontro entre
tcheco e britânico.
Novak Djokovic (SRB) [1] X Stan Wawrinka (SUI)
[4]
- H2H: 16 X 3 (últimos 3 encontros em Grand Slam foram ao
set decisivo)
- Cotação*: 1,18 X 4,50 / 1,15 X 4,75
Inevitável a memória não puxar os 5 sets que os dois fizeram
na duas últimas edições do 1º Grand Slam do ano. Em 2013, Djokovic 12/10 nas
oitavas. Em 2014, Wawrinka 9/7 nas quartas. A expectativa para que o raio caia
pela 3ª vez no mesmo lugar pode ser frustrada se o suíço não repetir o padrão
de jogo que teve contra Nishikori. Nesse caso, uma vitória rápida de Djokovic
poderia ser decepcionante, mas não surpreendente.
Wawrinka precisa ser agressivo desde a 1ª bola, o que já
traz o 1º problema: colocar a bola em jogo e
em condições de mandar no ponto. Djokovic, desde a versão 2011, se apoia – e com
razão – nas trocas de bola (movimentação, ataque, contra-ataque, etc). E em
Melbourne ainda acrescentou um serviço que vem fazendo mais estragos. Entre os
semifinalistas, é quem mais acerta o 1º serviço (69%), quem mais vence pontos
com o 1º serviço (84%) e com o 2º (68)! Uma arma e tanto para confirmar seus
games rapidamente e ficar tranquilo para em seguida focar na devolução, mais
uma arma e tanto. O outro aspecto complicado para o suíço é o ônus de ser
agressivo: correr mais riscos. Diante de Nishikori a execução beirou a
perfeição. Dois dias antes, contra Guillermo Garcia-Lopez, esteve à beira de um
desastre.
Tomas Berdych (CZE) [7] X Andy Murray (GBR) [6]
- H2H: 6 X 4 (3 X 3 em quadra dura. Não se enfrentaram em
2014; Berdych ganhou em 2 sets nos encontros em 2013, nos Masters 1000 de
Madrid e Cincinnati)
- Cotação: 2,30 X 1,61 / 2,10 X 1,70
O histórico em Grand Slam está do lado do britânico, que
voltou às grandes atuações em Melbourne e carrega a experiência de 7-7 em
semifinais de Major. O tcheco, que tem o vice de Wimbledon-2010 no currículo,
só viveu essa rodada outras 3 vezes, saindo derrotado. O embalo, no entanto,
vem em quadra. Berdych parece estar naquela semana (ou 2 semanas) em que
acredita que pode ganhar de qualquer um – diferente de quando apenas o discurso
acredita – não se perdeu em nenhum momento em 5 jogos e tudo está conspirando a
favor.
Murray foi “favorecido” pela queda precoce de Roger Federer,
mas, nos principais testes, passou com maestria sobre Grigor Dimitrov e
Kyrgios. O cenário: as 2 bolas iniciais devem definir a posição de cada um
dentro do ponto, visto que estão com o saque e a devolução afiadíssimos. Ambos
apostam demais no 1º serviço (Berdych ganha 83% dos pontos e Murray 78% nessa
situação até o momento no torneio). Nas trocas de bola, o tcheco não deve ir
para a rede nem por decreto. Contra Nadal foi o único “buraco” na partida,
quando tomou as mais variadas passadas, e diante de Murray pode ser ainda pior.
A bola morta do meio da quadra – que Berdych, surpreendentemente, não jogou
nenhuma pra fora ou na rede nas quartas – deve encerrar o ponto. Slices e
angulações são grandes aliados do britânico.
* Cotação: Bet365 / Sportingbet.
Fora da curva
Pra ganhar sozinho, Djokovic e Berdych em 4.
Feminino
As quartas de final começaram decepcionantes com Simona Halep
eliminada pelo 2º ano seguido nas quartas e com um pneu no 2º set e terminaram
decepcionantes com Dominika Cibulkova sendo presa fácil para Serena Williams.
No meio disso, Maria Sharapova mandou no jogo contra Eugenie Bouchard e o sono
esteve perto dos seus melhores dias durante a vitória de Madison Keys sobre
Venus Williams.
Se no masculino as semifinais têm 4 certezas (mesmo sem
Federer e Nadal), entre as mulheres têm 2 surpresas. Ekaterina Makarova estava
no quadrante de Ana Ivanovic (5) e Halep (3) e mesmo se alguém, há 10 dias, a
colocasse na semifinal, não seria como a única a não perder sets no torneio.
Segue como menos cotada diante de Sharapova (contra quem venceu apenas 1 set em
5 jogos), assim como na semi do US Open de 2014 contra Serena.
Nos últimos anos, o Australian Open lançou Sloane Stephens
em 2013 e Bouchard em 2014 e ambas surpreenderam até a semifinal. Chegou a hora
de Keys, também de 19 anos. O duelo inédito do encontro de gerações com Serena
tem grande favoritismo da número 1, mesmo com gripe. Além da experiência,
Serena tem a manutenção da liderança da WTA em jogo como motivação extra. Caso
Serena vá à decisão, Sharapova não a ultrapassaria mesmo com o título.
Fotos: Tennis Australia.