24 de janeiro de 2014

E agora, Stan?

E agora, Stan?
A semi acabou,
o touro chegou,
a bolha sumiu,
o tempo esfriou,
e agora, Stan?
e agora, você?
você que é sem nome,
que ganha dos outros,
você que faz aces,
que quebra, confirma?
E agora, Stan?


Está sem troféu,
prepara o discurso,
está sem caminho,
já não pode vencer,
já não pode sonhar,
desafiar já não pode,
o tempo esfriou,
o amigo não veio,
o suíço não veio,
o Fedex não veio,
mas veio a utopia
e a final alcançou
e a final chegou
e, afinal, começou,
e agora, Stan?


E agora, Stan?
Sua doce campanha,
seu instante de gênio,
sua gula e seu jejum,
seus ATPs 250,
seu backhand de ouro,
sua cabeça de vidro,
sua nova experiência,
soa a glória – e agora?


Com a mão na cabeça
quer fechar a porta,
não existe porta;
quer o touro domar,
mas ninguém ensinou;
quer ir para Chennai,
Chennai não há mais.
Stan, e agora?


Se você tirasse um set,
se você forçasse o quinto,
se você encontrasse
o joelho deficiente,
se você não arriscasse sempre,
se você não se cansasse nunca,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, Stan!


Sozinho na Rod Laver
qual Schuttler-Baghdatis-Gonzalez,
se não sem torcida,
sem um adversário
que fuja dos golpes,
você marcha, Stan!
Stan, para onde?


Original: “José”, de Carlos Drummond de Andrade.