- O Brasil é o país do futebol.
- Bem como é o país em que um recorde mundial é “descoberto”
sem que ao menos se saiba que uma competição está em curso.
- E tal recorde será supervalorizado ou relativizado de
acordo com o agendamento futebolístico, retorno jornalístico-financeiro do
feito, vontade de editorias, entre outros fatores.
Foi em busca de uma intersecção entre as três frases acima
que há cerca de dois anos iniciei pesquisas e entrevistas que 10 meses depois
viraram um trabalho de conclusão de curso. Causas, explicações e soluções (?) para
a encruzilhada-tostines (não relatam/transmitem porque não dá audiência ou não
forma-se uma audiência porque não relatam/transmitem?) foram o pontapé inicial
(porque “largada”, “primeiro saque” ou “cumprimento inicial” não serviriam como
referenciais...).
Sem narradores, comentaristas, editores, assessores,
programadores, dirigentes, patrocinadores. No centro de tudo, quem vive (ou
tenta) viver do e para o esporte. E
que por vezes é mais reconhecido internacionalmente do que dentro do próprio
país. Reconhecido até mesmo no sentido literal, de ser abordado em locais
públicos por fãs, admiradores e apaixonados por esporte, não por um esporte ou por ganhar, como ouvi de
uma atleta.
Em meio ao processo, uma brasileira foi eleita a melhor
jogadora de handebol do mundo! Alguns dos que estiverem lendo vão lembrar seu
nome. Alguns. Anexo ao título, além da falaciosa esperança/vontade(?) de
popularização/massificação da modalidade, a atleta recebeu a honra de se tornar
a “Neymar do handebol”. E segue o jogo.
Hoje os 15 minutos de fama pertencem a Gabriel Medina. O
agendamento futebolístico caiu como uma luva (de goleiro) e na próxima semana
brotarão especialistas em surfe nas editorias e nas redes sociais. Por sorte
(ou competência? No esporte brasileiro
é difícil identificar cada parcela de responsabilidade pelo sucesso improvável
impossível) estará em todos os meios enquanto for conveniente, na crista da
onda (forte abraço à criatividade e à zégracice) e poderá até se tornar... o Neymar
do surfe! E segue o jogo em todo país.
Um país em que a maior surpresa não é o registro de um
recorde-natimorto, mas a tomada de conhecimento de que um atleta estava em
condições de brigar pelo mesmo, sabe-se lá de onde veio, como chegou e
porque(!) ainda segue no jogo. De futebol, é claro.
Depois da curva
- A quem se interessar, o sofrido resultado final. Copa do
Mundo de 2014 à parte, pela questão temporal do trabalho, finalizado em
novembro de 2013, a realidade ainda é a mesma.
- A quem se interessar, mas não por 37 minutos, não se
interesse.
- A quem quiser bancar a banca com
curiosidades/questionamentos sobre o processo, escolhas, entrevistas, pesquisa,
dados estatísticos de jornal e TV, (falta de) edição, etc, pergunte aí em algum
lugar.
- Aos 5 atletas/ex-atletas que dedicaram (muito) do seu
tempo para um singelo TCC, gratidão eterna. Nem mesmo em uma editoria de esporte teria a oportunidade de
perguntar tudo que quis ou sequer entrevistar tais nomes (invisíveis) em menos
de 5 meses.
- Aos 18 atletas/ex-atletas que não quiseram falar, forte
abraço também. Segue o jogo.