20 de abril de 2015

Mais Shvedova, menos Bouchard

Um fim de semana histórico para o tênis brasileiro, ninguém pára Novak Djokovic, Serena Williams tomou um pneu (nas duplas), Martina Hingis perdeu um jogo ganho (em simples), República Tcheca continua brincando e a Alemanha entregou na Fed Cup. A primeira semana (que importa) no saibro e um pouco do resto.


ATP
Se fosse Fórmula 1, a cartolagem já estaria pensando em aumentar a pontuação do vice ou dobrar a pontuação do ATP Finals ou criar chuva no meio do jogo porque a disputa está chata (em algum ponto de vista...). A versão atualizada do Djokovic-2011 tem uma particularidade: há quatro anos, o sérvio fez tudo aquilo pra chegar ao número 1. Em 2015, se as atuações não são tão espetaculares, ainda ganha de todo mundo – talvez justamente pela confiança de já ser o número 1.

Em 2011, Djokovic tinha 2 derrotas na temporada quando foi campeão do US Open. Em setembro! Mesmo na atual fase, é inimaginável que isso se repita em 2015, porque “já” tem duas derrotas. O detalhe é que uma delas foi exigindo o melhor jogo do ano do... número 2. O vice-líder tem que estar no limite, nas condições ideais, fechar todas as portas, etc, etc, pra arrancar uma vitória. Uma distância que o ranking desta segunda-feira também mostra: 5460 pontos! Exemplificando, Roger Federer poderia ganhar Madri, Roma, Roland Garros E Wimbledon e pra virar nº 1 ainda precisaria torcer contra o sérvio.


No Masters 1000 de Monte Carlo, foram três passeios até a semifinal. Na surra das quartas de final parecia que o croata Marin Cilic – lesão, retorno e saibro à parte – era um mero 50º do mundo, não o 10º. Rafael Nadal chegou capengando, mas, se não no placar, ao menos no jogo exigiu bastante e, como diria o poeta, “vendeu caro a derrota”. De novidade, o uso mais frequente de drop shots, de ambos os lados.

Final contra Tomas Berdych é meio caminho andado pra qualquer jogador. Infelizmente. O tcheco termina o ano no top 20 por 9 temporadas e tem menos títulos que Gasquet e Simon, por exemplo – com todo respeito aos franceses. Troféus “pequenos”, é verdade – assim como os de Berdych. Mas, pela regularidade e ausência de lesões, poderia ter feito muito mais, o que é assunto pra outro post. Em 2015, fez ao menos quartas em todos os torneios e todas as derrotas foram para top 10. Algo que os poetas urbanos questionariam nos muros do CT: “Como ser campeão sem ganhar clássico?”.


Depois da curva
O que Monte Carlo mostrou que poderíamos ter mais, pelo bem do circuito: Cilic e Jo-Wilfried Tsonga sem lesão e ganhando jogos, John Isner e Milos Raonic no saibro.

O que prometia e aos poucos perde(u) a força: Viktor Troicki, Andreas Seppi, Bernard Tomic (o saibro não ajuda) e Jiri Vesely (idem).

O que ainda falta em 2015: Ernests Gulbis jogar tênis.

O que ainda falta na vida: Grigor Dimitrov e Fabio Fognini sem altos e baixos.

O que não perder em Barcelona: Kei Nishikori, Nadal e outros cabeças de respeito, o que o saibreiro Pablo Cuevas e o lesionado Nick Kyrgios podem fazer.

WTA
Semana de Fed Cup também é semana de WTA, veja bem. Assisti pouco – as quartas e parte da final. O que fica claro é que esse título inédito de Teliana Pereira teve início há duas semanas, com o troféu do ITF US$ 50 mil de Medellín, além da moral lá em cima depois de bater a italiana Francesca Schiavone na estreia em Bogotá.

São 10 vitórias seguidas. E sem perder sets. Há dois meses a pernambucana viu seu ranking sofrer depois do Rio e nem fez finais em ITFs US$ 25 mil no Brasil. Coisas que só são proporcionadas pelo fute.... opa, pelo tênis. Detalhe estatúpido percebido depois da final: Teliana foi a última a entrar na chave principal diretamente (era 147ª no fechamento). Agora é 81ª.


Como se não bastasse, troféu nas duplas para Bia Haddad e Paula Gonçalves. A pupila de Carlos Kirmayr já tinha um título e três vices de ITF US$ 25 mil em 2015, um deles com Bia. Há de se destacar também o bom momento da canhota. Passado o sofrimento do Rio, a jogadora de 18 anos colheu os frutos por pensar alto: rodada final do qualifying de Charleston e oitavas em Bogotá, depois de furar o quali. Melhor ranking da carreira, em 168ª, e é top 100 no ranking de 2015 (84ª), assim como Teliana (43ª).

Como essa é uma semana pra comemorar, é hora de destacar que o jejum de 27 anos sem um título de WTA terminou, e não ler “jejum de 27 anos” e ficar: 27 anos... mas, 27 anos!? Se existe espaço para lamentar, é a data do torneio. Se Medellín e Bogotá fossem antecipados em uma semana, Teliana estaria na chave de Roland Garros. A lista fechou com o ranking da última semana (13/abril) e contou apenas os pontos de Medellín. A pernambucana jogará o quali.

Instagram da Paula Gonçalves (https://instagram.com/goncalves_paula/)

Fed Cup
A República Tcheca tem tantas opções que se permite não escalar a 12ª do mundo e fazer 3 a 0. Imagino como deve ser difícil para Karolina Pliskova fazer o início de ano que ela fez e ainda assim ser preterida na semifinal contra a França. As 23 vitórias no ano incluem duas sobre a sua substituta-concorrente e ela foi a única convocada da semi que estava na primeira rodada, no Canadá, uma semana depois do Australian Open. Por outro lado, também é fácil defender Lucie Safarova, que ganhou título importante (Doha) e tinha míseros 10 pontos a menos que Pliskova. Serviços prestados parecem mais conversa...


Na outra semifinal, a Rússia sem Maria Sharapova, a Alemanha com três top 20 e o que acontece? Só uma é escalada pro sábado. Sabine Lisicki e Julia Goerges perderam, Andrea Petkovic e Angelique Kerber resgataram no domingo (russas somaram 4 games em 4 sets) e as alemãs ainda pagaram o preço nas duplas. Tchecas e russas repetem a final de 2011, agora na República Tcheca. Kvitova e companhia tentam o 4º título em 5 anos, quando ninguém mais lembrar que a Fed Cup existe, dias 14 e 15 de novembro.


Nos play-offs, só a Itália se manteve no Grupo Mundial. Serena Williams sofreu pra garantir os pontos em simples, manteve o 100% em 2015 (quando não dá W.O.) com 20 vitórias, tomou pneu nas duplas e nem foi pra ex-parceria número do mundo. Sara Errani e Flavia Pennetta salvaram as donas da casa.

Em Polônia 2 x 3 Suíça, Martina Hingis jogou simples e se comprometeu pras duplas. A ex-número 1 provou o que afirma: entre jogar simples com condições de ganhar uma ou duas rodadas e jogar duplas podendo ser campeã, escolheu a segunda opção no circuito. Aos 34 anos, Hingis tirou 4 games da Radwanska que ganha e teve 6/2 5/2 contra a Radwanska que perde. Poderia ter ganhado. Como poderia ganhar umas rodadas em um ou outro torneio. Timea Bacsinszky salvou atropelando em simples e com 9/7 no 5º ponto com Viktorija Golubic.

Holanda 4 x 1 Austrália tinha pouco apelo.

Por fim, mais Shvedova (não consegui printá-la ABRAÇANDO a Teliana ao posar com o troféu)...


... e menos Bouchard (já tinha precedente).



Para constar, o para-raio de polêmicas de Melbourne perdeu para Alexandra Dulgheru (69ª) e para Andreea Mitu, 104ª da WTA. Canadá 1 x 3 Romênia. Bouchard podia dar um tempo, ir pra um desses retiros, chamar Radwanska, Gulbis, Stan Wawrinka e mais um pessoal. O suíço, agora 10º do mundo, tornou público no domingo o processo de separação da esposa. Que afeta em quadra, não há dúvida. Mas até o início de fevereiro estava tudo bem (títulos de Roterdã e Chennai e semi no Australian Open)? E o casamento acabou em 2 meses? Os tabloides ingleses que tratem de investigar, hashtag temqueverissoaí.

E aquele abraaaço!