Fazia tempo que um final de semana não reunia tantos
destaques de tênis para o Brasil. Ao menos em quantidade, o meio de setembro
mostrou um final, um possível começo e, quem sabe, recomeços.
Em semana sem ATPs, as atenções sempre estão na Copa Davis e um longo caminho de volta
ao grupo Mundial foi percorrido durante 9 anos. A queda para o Grupo 2 das
Américas e 6 anos seguidos ficando perto. Temporadas sem ter adversários no
grupo 1 das Américas, mas com derrotas inesperadas (Equador, em Porto Alegre,
em 2009), inexplicáveis (Índia de Devvarman e Bopanna, em 2010) e indigestas
(Rússia, com dois match points, em 2011).
A mesma Rússia do ano anterior cruzou o Atlântico e só
repetiu um jogador da convocação de Kazan. Sem a experiência dos top 50 Mikhail
Youzhny e Nikolay Davydenko, sobrou para Igor Andreev e Teymuraz Gabashvili se
deliciarem no saibro de São José do Rio de Preto. No papel, a melhor chance do
Brasil considerando o momento dos jogadores de cada equipe, o piso, a torcida,
o clima, etc.
Expectativa que se cumpriu sem a tradicional tensão de Copa
Davis. Os sustos, talvez, foram no set que Gabashvili tirou de Bellucci, no
vacilo de Melo/Soares ao abrirem 5/1 e só fecharem o set inicial por 7/5 e o
set point que a dupla russa teve no terceiro set. Poderia ter significado um
gás extra para o jogo, ainda que dificilmente Bellucci perderia no domingo
contra o baleado Andreev ou se o capitão russo o trocasse por Alex Bogomolov.
Tirando Andreev, que foi peça importante no vice de 2007, a
Rússia trouxe ao Brasil tenistas com 1-3 (Gabashvili), 0-2 (Bogomolov) e 0-0
(Stanislav Vovk) em Davis. Mesmo sem os dois “cortados” em cima da hora, os
europeus ainda tinham dois nomes com mais vivência em Davis e algumas posições
à frente de Gabashvili no ranking mundial: Dmitry Tursunov e Igor Kunitsyn. O
primeiro marcou ponto nas duplas na final de 2006 e sacramentou a vitória sobre
o Brasil no ano passado, no quinto jogo.
Na reta
Mas nem só de Davis vive o tênis (e, principalmente, quem
não é top 100). O Challenger de Cali viu três brasileiros na semifinal, com
Thiago Alves eliminando Fabiano de Paula (que entra pela primeira vez na
carreira no grupo dos 300 do mundo) e caindo para Feijão na final. Alves
confirma o bom recomeço que teve
início com o título do Aberto de São Paulo, na primeira semana do ano, e já
ganhou mais de 200 posições na temporada. Feijão, que há exatamente um ano
atingia sua melhor colocação no ranking (84º), mostra que pode salvar a
temporada de aprendizado em ATPs recuperando pontos preciosos em Challengers.
Com muita coisa a acontecer até o próximo confronto da Davis, em 2013, os dois
não podem ser descartados como opções para João Zwetsch. Principalmente Alves
em quadra dura.
André Sá foi vice no Challenger de Petange, com o britânico
Jamie Murray. No feminino, a número 1 brasileira, Teliana Pereira, fez sua
quarta final na temporada e ficou com o vice no ITF US$ 25 mil de
Mont-De-Marsan. A ex-top 20 juvenil Laura Pigossi conquistou seu primeiro
título como profissional, no ITF US$ 10 mil de São José dos Campos. Ela
eliminou duas cabeças de chave em sets diretos e, na final, mesmo sofrendo um
pneu da experiente Maria Fernanda Alves – cabeça 1 –, levou a melhor com 7/5 no
terceiro set. Uma das promessas do tênis brasileiro começa a dar os primeiros passos no profissional.
Caixa de brita
Nem só de Brasil vive a Davis. Nos outros 9 confrontos
relevantes do final de semana, apenas a Bélgica definiu o confronto no sábado e
não permitiu que a Suécia, órfã de Robin Soderling, evitasse o inevitável. Sem
tenistas entre os 400(!!) do mundo, os suecos ressuscitaram Andreas
Vinciguerra, 33º do mundo em 2001 e que não jogava desde julho de 2011, que até
conseguiu tirar 12 games de David Goffin, mas a equipe deixa a elite da competição
após 12 anos. Para 2013, a Suécia espera a volta de Joachim Johansson, Magnus
Norman, Thomas Enqvist e Bjorn Borg em busca do acesso.
No Grupo Mundial, a Espanha tomou sustos no primeiro dia,
com Sam Querrey abrindo 1 set a 0 contra David Ferrer e Nicolas Almagro
precisando de 4h16 contra John Isner. Ainda com a dupla baleada, o favoritismo
dos irmãos Bryan foi confirmado, mas Ferrer colocou fim à Davis dos sonhos de Isner,
em 4 sets, e colocou os atuais campeões em mais uma final.
Em Buenos Aires, o primeiro dia se mostrou decisivo após
Juan Martin Del Potro não ter condições de jogo para o domingo. Juan Monaco
poderia ter aberto 2 a 0 no confronto, chegou a 4 a 2 no quarto set contra
Tomas Berdych e perdeu oito(!!!) games seguidos. Ainda devolveu as duas quebras
no set decisivo e, quando foi sacar em 4/5, perdeu o serviço de zero,
frustrando a sensacional torcida no Parque Roca.
Mesmo sem as inúmeras opções
que Alex Corretja tem para convocar a Espanha, a República Tcheca jogará em
casa para tentar devolver a surra da decisão de 2009 e conquistar o título
inédito pós-Tchecoslováquia.
Roger Federer e Stanislas Wawrinka foram encarregados de
evitar o rebaixamento da Suíça e fizeram 2 a 0 com facilidade na sexta-feira
contra a Holanda. A dupla repetiu as Olimpíadas de Londres e o número 1 do
mundo deve ter adorado tem que voltar à quadra no domingo para confirmar o
terceiro ponto.
A Alemanha teve o saibro como grande aliado contra a
Austrália. O jovem Cedrik-Marcel Stebe abriu o confronto perdendo para o também
jovem Bernard Tomic e a dupla Lleyton Hewitt / Chris Guccione colocou os
australianos em vantagem. No último dia, porém, os visitantes não conseguiram
um set, com Tomic derrotado por Florian Mayer e Stebe frustrando o recorde de
confrontos de Hewitt pela Austrália.
Os cazaque-russos viraram contra o Uzbequistão e têm menção
honrosa somente porque podem ser adversários do Brasil. Aliás, o melhor sorteio
no retorno ao Grupo Mundial seria receber cazaques ou austríacos (a confirmar
no ranking de amanhã qual dessas equipes será cabeça de chave).
Japão 2 X 3 Israel, Canadá 4 X 1 África do Sul e Itália 4 X 1
Chile não merecem mais linhas.
Depois da curva
Menção honrosa do final de semana à Índia, que ganhou seu
primeiro confronto desde a fatídica vitória sobre o Brasil em 2010. Depois de
perderem para Sérvia e Japão em 2011 e caírem para o grupo 1 da Ásia / Oceania,
haviam perdido para o Uzbequistão em abril e corriam risco de rebaixamento para
o Grupo 2. Venceram a fortíssima Nova Zelândia por 5 a 0.
Fotos: Site Copa Davis