31 de janeiro de 2013

Um turno, um time


Tem início nesta quinta-feira o segundo turno do NBB, que, para os desavisados, não é A NBB, pois o significado é Novo Basquete Brasil. Logo, O. (Se depois de 5 anos o apresentador do futebolístico da emissora proprietária dos direitos de transmissão do torneio ainda fala A NBB, vale tirar a dúvida).

A primeira rodada do returno já tem uns 4 jogos equilibrados/importantes para os playoffs e para o rebaixamento. Antes, dá pra lembrar a campanha perfeita do Flamengo e quem surpreendeu ou decepcionou após 17 jogos. Falar do nível técnico dos jogos ou da arbitragem não seria muito produtivo. Até pela enorme exposição e divulgação que o campeonato tem...

Marquinhos contra a ex-equipe: Pinheiros
deve estar satisfeito com transferências
Quando o Flamengo começou a formar a “seleção” para o NBB, restava aos secadores imaginar que um time cheio de estrelas tem (e sempre tem) a chance de não dar certo (para quem é anti-Lakers tem dado...), não engrenar, dar liga. Mas deu. Talvez até pelo fato de poucos times conseguirem manter por muito tempo o esquema com jogadas trabalhadas, em conjunto, e sempre apelarem para uma “jogada” individual (o Flamengo não tem nenhum jogador entre os 27 primeiros nas estatísticas de assistências). Ou pelos principais destaques do time terem vindo da mesma equipe e estarem “entrosados”. 17 jogos depois, Marquinhos e Olivinha são os dois jogadores que ficam mais tempo em quadra e que mais pontuam pelo Flamengo. De quebra, o ala é o cestinha do torneio (22,1 pontos/jogo) e Olivinha é o principal nome nos rebotes (10 por jogo).

Ainda acho que o Pinheiros, que também perdeu o armador Figueroa para Franca e o ala Renato Lamas para Minas, saiu perdendo nas transferências, mesmo tendo contratado 5 jogadores. Fato é que os “apertos” do time carioca foram 2 vitórias por apenas 5 pontos, quando visitou Bauru e Franca. Difícil imaginar a equipe deixando a primeira posição ao final da fase de classificação. Deve chegar com tranquilidade para ter o mando de quadra em qualquer confronto nos playoffs e ser favorito ao título. Diriam as más línguas que a grave lesão e o consequente afastamento de Marcelinho colaborou para a invencibilidade no 1º turno...

Antes do NBB5 começar, via alguns blocos de times para brigar pelas primeiras posições, para surpreender, por vaga nos playoffs e para não cair.

1º - Flamengo, Brasília, Pinheiros e São José
2º - Bauru, Uberlândia, Paulistano e Minas
3º - Tijuca, Mogi das Cruzes e Suzano
Os demais 7 times imaginava na briga pelos playoffs, entre o 2º e o 3º bloco.

Flamengo e Brasília corresponderam. Pinheiros e São José sofreram um pouco mais pelo calendário esdrúxulo que juntou 3 torneios simultâneos em meio à série final do Campeonato Paulista. Aos poucos a ressaca passa, mas os pivôs Morro e, principalmente, Murilo fazem falta ao time da capital e de São José dos Campos, respectivamente. Apesar de algumas derrotas inesperadas, os dois times se mantém em boas condições de brigar pelas vagas entre 2º e 4º colocados para os playoffs.

Flamengo X Brasília: maiores elencos do
NBB no "ótimo" Jogo 1000
No 2º bloco, Uberlândia é a surpresa positiva e Minas a negativa. A equipe comandada por Hélio Rubens perdeu a invencibilidade em casa na última rodada, para o líder Flamengo. Nas outras 4 derrotas, a única “normal” foi diante de São José, já que Liga Sorocabana, Joinville e Mogi das Cruzes não deveriam incomodar.

Sobre o outro time de Minas Gerais, pude acompanhar no ginásio o jogo válido pela 6ª rodada, contra o Paulistano, e a falta de padrão tático foi de assustar. A inconstância da equipe que tirou Betinho da capital paulista e contratou o veterano Renato pode ser exemplificada pela vitória por 20 pontos diante de São José e, dois dias depois, em casa, perder para o fraco Mogi das Cruzes.

No bloco que imaginei no meio, lutando pelos playoffs, os times dos técnicos Lula Ferreira e Alberto Bial são os destaques positivos e o Palmeiras, disparado, o negativo. O resto corresponde às expectativas, com Joinville, Limeira e Liga Sorocabana, hoje, se classificando. A jovem equipe de Franca é discreta com destaques individuais e perdeu jogos “perdíveis”, para os “grandes” Flamengo, Brasília, Uberlândia, Pinheiros e São José. A única derrota para o time pior classificado até o momento veio fora de casa diante de Limeira. Lula e companhia já devem saber onde estão e o que podem fazer nos playoffs.

A empolgação do Basquete Cearense foi freada no final do turno, com 4 derrotas nos últimos 6 jogos. Abrir o 2º turno em casa contra Uberlândia e Franca deve ser interessante. Não menos interessante é a “final” entre Suzano e Palmeiras contra o rebaixamento. O time da capital só tem 2 vitórias no NBB, uma exatamente contra o Suzano e outra contra São José, no dia seguinte(!!) à conquista do título paulista dos joseenses. Suzano soma 3 triunfos, contra os adversários diretos na luta contra o rebaixamento (Mogi das Cruzes, Vila Velha e Tijuca).

Limeira e Paulistano fazem duelo importante pelo meio da tabela e, pelo topo, as atenções ficam com Brasília X Franca e Bauru X São José.

Derrapada
Um campeonato que busca destacar o nível técnico (como qualquer outro) deixa a emissora oficial na TV por assinatura transmitir Flamengo X Palmeiras, há 2 semanas, porque é o “clássico do futebol”. Não aumento a identificação com o basquete exibir uma surra anunciada (106 a 61) entre o líder e o lanterna. E justificar a escolha pela tradição que o clube paulista tem no basquete não minimiza a mediocridade do elenco atual.

Flamengo X Palmeiras, o clássico do futebol; Ou o líder contra o lanterna

Fotos: Alexandre Vidal/Fla Imagem, Ricardo Cassiano/LNB e João Pires/LNB

29 de janeiro de 2013

O pós-Australian Open de cada um



A cena se repetiu pelo terceiro ano seguido, o quarto nos últimos 6. O palco do primeiro título de Grand Slam do sérvio Novak Djokovic é também o torneio que o atual líder do ranking se sente mais à vontade em quadra e começa a estabelecer recordes. Em uma versão mais concisa do momento da WTA, é hora de falar das 2 últimas semanas e imaginar as próximas 48 na ATP.

O agendamento público foi favorecido pela ausência do espanhol Rafael Nadal e da semi-ausência de novidades na forma como Djokovic entrava em quadra e passava por seus adversários. Assim, holofotes no suíço Roger Federer e no britânico Andy Murray deram luz à nova Era no tênis depois da resistente derrota do ex-número 1 na semifinal. Mesmo sem encontrar explicações para garantir o contrário, ainda não entrei na onda de que os próximos títulos de GS ficarão restritos aos dois finalistas do US Open-12 e Australian Open-13. Antes, algumas colocações e muitas dúvidas.

1 – Murray lida muito melhor com seus pontos exaustivamente citados como fracos, principalmente o mental, desde a derrota para Federer na final de Wimbledon e conseguiu acrescentar a agressividade às suas armas no jogo. Um título olímpico e de um GS não vêm por acaso.


2 – A obsessão da imprensa britânica do britânico por um título de GS pode ter deixado outros torneios importantes, como Masters 1000 e ATP Finals, de lado. Em 2012, Murray só fez duas finais (perdeu para Djokovic) de Masters e nos demais seis torneios caiu na segunda rodada em 4 deles e na estreia em outro. Se o seu objetivo passar a ser a liderança do ranking, vai perceber que um número 1 não se faz em duas semanas bem jogadas.

3 – Federer não deve mais ter como foco figurar no topo da lista da ATP por algumas semanas. Deixar o Masters 1000 de Miami de lado em 2013 ajuda a exemplificar isso. O físico foi importante na derrota para Murray, mas quantas vezes Federer ganhou 2 jogos seguidos em 5 sets em GS? Nenhuma. Simplesmente porque nunca havia JOGADO duas partidas de 5 sets seguidas em GS. Aos 31 anos, não deve ser fácil.

4 – Aos 31 anos, fazer jogos como o das quartas de final contra o número 8 do mundo ainda impressiona. O norte-americano Andre Agassi conquistou seu último GS no Australian Open-03, prestes a completar 33 anos, e meses depois reassumiu a liderança do ranking. Nos três anos seguintes, Agassi só conquistou mais dois títulos, um então Masters Series e um atualmente ATP 250 (e foi vice do US Open contra um tal de Federer e vice do Masters canadense contra um tal de Nadal). Depois do último título de GS da carreira, o norte-americano continuou no circuito e por quase 40 meses se manteve no top 10, enfrentando a idade e competindo em um esporte que odiava, conforme publicou em sua autobiografia. Resta saber quanto Federer odeia o tênis. Talvez ele não tenha se perguntado. Ou ainda não saiba a resposta. Ou nunca saberá. Ou não...

5 – Como Nadal irá voltar? O espanhol teve seu(s) auge(s) muito novo, mas é só 1 ano mais velho que Djokovic e Murray. Se os dois, hoje com 25 anos, aparecem como os principais nomes do circuito, alguém garante que o espanhol não volte à sua grande forma em 6, 12 ou 18 meses? Prefiro esperar.

Depois da curva
Foi um Australian Open sem muitas surpresas – e o fato de não haver nenhuma alteração no top 10, entre os que estão em atividade, aponta para isso. Diria que a única surpresa envolvendo possíveis candidatos a incomodar o top 3 foi a queda do argentino Juan Martin Del Potro para o francês Jeremy Chardy na 3ª rodada. Del Potro foi o tenista que perdeu menos games somando as 2 primeiras rodadas e, em um péssimo dia, caiu precocemente.

Como todo mundo sabe, o argentino foi apontado por muitos como o futuro número 1 depois de superar Nadal e Federer na conquista do US Open-09. Veio a lesão e o ex-número 4 se viu incapacitado de disputar mais que 3 torneios em 2010. 2 títulos em 2011 e 4 em 2012 foram colocando o ranking e a segunda carreira de Del Potro nos trilhos. Mas, e os grandes torneios?

Desde então, são 3 quartas em GS e 3 semis em M-1000 como melhores resultados. Em 9 GS disputados, Del Potro não conseguiu ganhar de um top 5, somando derrotas para Djokovic (2), Federer (2), Nadal (1) e Ferrer (1). A eliminação para Chardy é um balde de água fria em um início de temporada, mas pode ser amenizada com um mero “dia ruim”. E como superar os tops? Depois da pausa forçada na carreira, o argentino tem 2-4 contra Djokovic, 2-7 contra Federer e 0-4 contra Nadal enquanto procura uma resposta...

Em outras eliminações precoces de cabeças de chave, a má fase e a falta de ritmo colaboraram na estreia do argentino Juan Monaco, o alemão Tommy Haas ainda não começou a temporada, o russo Mikhail Youzhny não inspira muita confiança há tempos e o croata Marin Cilic é uma constante incógnita.


Dois tenistas que chamaram a atenção (positivamente) foram o francês Jo-Wilfried Tsonga e o suíço Stanislas Wawrinka. Os dois já fizeram grandes exibições, tiveram resultados expressivos no circuito – mais notadamente o francês – e estão no top 30 há mais de 5 temporadas, o que não é pouca coisa. Sobre as derrotas em cinco sets para os números 1 e 2 do mundo, ficam duas sensações antagônicas. Por um lado, a expectativa para que eles possam apresentar esse nível de jogo mais vezes ao longo da temporada. Por outro, se jogando o que jogaram acabaram derrotados por Federer e Djokovic, o que falta e – mais importante – como alcançar o que ainda falta?

Não engrosso o coro de saudade do Nadal por causa da surra que o espanhol David Ferrer levou na semifinal nem defendo que Tsonga, Del Potro ou o tcheco Tomas Berdych mereciam estar à sua frente no ranking. Portanto, tenho pouco a dizer sobre o espanhol que nesta segunda aparece em sua melhor posição na ATP, em 4º, às vésperas dos 31 anos (já diz muito, não?). Ignoram que, contra tenistas do top 10 em 2012, Ferrer teve 9-9 e não perdeu para ninguém abaixo do top 4. Daí pra frente, a distância realmente é grande, como a semifinal contra Djokovic deixou claro. De forma semelhante foi a campanha de Berdych, com 4 vitórias em sets diretos e com propriedade antes de se ver sem solução para diminuir a freguesia contra Djokovic.

Entre as “promessas”, o fim de ano problemático com a polícia parece ter feito bem ao australiano Bernard Tomic. Ao menos nas entrevistas, o 43º da ATP se mostra diferente depois do primeiro título da carreira, uma semana antes do GS, em Sydney. A temporada promete.

O canadense Milos Raonic já está entre os 30 primeiros do mundo há quase 2 anos e mostra que, sem lesão, não deve sair daí tão cedo.  O top 10 está próximo, principalmente com a possibilidade de somar pontos até Wimbledon, depois de defender título em San Jose e vice em Memphis. Então, cabe esperar o que o tenista de 22 anos poderá evoluir para fazer frente aos tops. A Copa Davis contra a desfalcada Espanha, no Canadá, também deve ser interessante.

Se mesmo depois de 3 títulos e 2 anos de regularidade muita gente ainda tem um pé atrás com Raonic, tenho todos os pés atrás com o polonês Jerzy Janowicz. Antes da campanha excepcional no Masters 1000 de Paris, não passava de um top 100 que ascendeu por meio de Challengers. Justo. A temporada começou com queda na estreia do ATP de Auckland para o norte-americano Brian Baker e terceira rodada no Australian Open, resistindo por 2 tie-breaks contra o espanhol Nicolas Almagro. Nada para acender o sinal vermelho. Um ano entre os favoritos em quase todos os torneios que disputar é muito importante, tanto para o jogador quanto para as expectativas sobre ele. Sem pressa.

Sobre o brasileiro Thomaz Bellucci, a Copa Davis pode dar uma força. E por falar em Davis, algumas linhas outro dia, já que muitas desistências/substituições ainda estão sendo anunciadas.