A 2ª rodada do Australian Open começou extremamente
sonolenta, com um punhado de partidas femininas que são jogados para a manhã
porque é o melhor jeito de se livrar delas e um Tomas Berdych (7) X Jurgen
Melzer que poderia até estar equilibrado, porém, longe de ser empolgante.
Com muitos erros, pontos curtos e chances desperdiçadas, o
duelo começou a pender para o tcheco após o tie-break e o início do 2º set.
Hora de tentar a sorte com Leonardo Mayer (26) X Viktor Troicki. Por 2 games, o
argentino mostrou um tênis apuradíssimo e de alto risco, atacando toda e
qualquer bola, de forehand ou backhand, cruzada ou paralela e o que mais
aparecesse. Com 2/0, a questão a ser respondida era: até quando iria durar? Não
deu tempo de me animar e a (falta de) internet me mandou dormir...
Sono |
Quando a sublime tecnologia voltou do apagão, Rafael Nadal
(3) já sofria no 5º set e Bernard Tomic no 4º. O australiano revezava pontos
espetaculares e amadores com Philipp Kohlschreiber (22) na Margaret Court
Arena. Por demérito dos devolvedores, 3 sets foram ao tie-break e o tenista da
casa avançou com 6/7(5) 6/4 7/6(6) 7/6(5), ofuscado pelo drama na Rod Laver
Arena.
Pelo 5º set, Tim Smyczek parecia muito tranquilo exercendo
seu papel de zebra, com agressividade e paralelas a cada oportunidade razoável.
Nadal se segurava, longe dos melhores dias e, obviamente, na hora do aperto
levaria vantagem. Uma viajada com drop shot e subidas à rede e Nadal
aproveitou, não sem antes ainda titubear em 3 match points seguidos (6/2 3/6
6/7(2) 6/3 7/5).
O campeão do dia |
Simona Halep (ROM) [3]
2x0 Jarmila Gajdosova (AUS) 6/2 6/2
Rotina.
Escrevendo sem ver:
Roger Federer (SUI) [2] 3x1 Simone Bolelli (ITA) 3/6 6/3 6/2 6/2
Hum...
Andy Murray (GBR) [6] 3x0 Marinko Matosevic (AUS) 6/1 6/3 6/2
Esperado.
Marcos Baghdatis (CYP) 3x1 David Goffin (BEL)
[20] 6/1 6/4 4/6 6/0
Surpresa que deve parar em Grigor Dimitrov na próxima
rodada.
Viktor Troicki (SRB) 3x1 Leonardo Mayer (ARG) [26] 6/4 4/6 6/4 6/0
Jogo de risco não deve ter durado muito. Valeu o momento do
sérvio.
Maria Sharapova (RUS)
[2] 2x1 Alexandra Panova (RUS) 6/1 4/6 7/5
Drama ao estilo Nadal acrescentando match points contra.
Eugenie Bouchard (CAN) [7] 2x0 Kiki Bertens
(HOL) 6/0 6/3
Rotina.
Escapou |
Dia 5, 23/jan
Tá esquentando. Curiosamente, apenas 4 dos 16 jogos desta
quarta-feira foram decididos em sets diretos, número que geralmente é mais alto
para a 2ª rodada. Na próxima fase, que reserva o 1º encontro entre os cabeças
de chave, só um duelo seguirá a lógica na parte inferior, com os estilos
opostos de Kevin Anderson (14) e Richard Gasquet (24). Nem pela ausência de
favoritos (teoricamente) os outros confrontos são menos interessantes.
Berdych X Troicki perde em variações, mas parece o mais
atraente. Os dois já passaram por pequenos testes, quem avançar deve pegar
Tomic nas oitavas e depois Nadal/Gasquet/Anderson. Caminho nada agradável. O
espanhol pode até escapar pelo discurso de que é bom um teste no início, etc.
Porém, ficar 4h12 em quadra logo na 2ª rodada e depois de tanto tempo jogando-e-parando
está longe do ideal. Dudi Sela pode ajudar.
No quadrante inferior, o 10-0 de retrospecto também deve
servir para tranquilizar Federer contra outro italiano, Andreas Seppi. Nick
Kyrgios tem Malek Jaziri como presente para avançar às oitavas e receber os
holofotes contra o suíço. Se Murray for Murray pode até deixar um set diante de
João Sousa (que tem 1-10 vs top 10) antes do esperado encontro com Grigor
Dimitrov nas oitavas.
Freguês pela frente |
O feminino se resume a ver o quanto Sharapova, Halep e
Bouchard passeiam ou sofrem e quais surpresas (Carina Witthoeft X Irina-Camelia
Begu, Lucie Hradecka X Julia Goerges – asterisco para a ex-15 da WTA) vão
continuar avançando em terreno desconhecido. Ekaterina Makarova (10) X Karolina
Pliskova (22) promete indicar uma favorita a chegar às quartas. A 1ª vem de
quartas em Wimbledon e semi no US Open. A 2ª foi vice em Sydney e alcançou o
melhor ranking (20) nesta semana, mas em 10 aparições em GS ainda não superou a
3ª rodada, que só disputou no US Open-2014 .
Fora da curva
Uma coisa em que o Australian Open não é exemplo (mas nenhum
outro Grand Slam é) é a parte estatística. Oferecem uma infinidade de números –
estatísticas por serviço, devolução, rally, chaves para o jogo – que muitos
vezes não diz nada e, pior, em outras tantas contém erros. Para ficar apenas em
Tomic X Kohlschreiber:
o campo de break points do jogo mostra 2/8 e 1/6, respectivamente. Escolhendo
set a set, apenas no 2º houve chances de quebra e os números são 2/5 e 1/1.
Depois da curva
O melhor Grand Slam já disponibiliza transmissão ao vivo de
todas as quadras e o site informa até a programação de treinos em Melbourne.
Fica a sugestão para em 2016 oferecerem stream também dos treinos. Nesta
quarta, Milos Raonic dividindo a quadra com Goran Ivanisevic, Kei Nishikori e
Gilles Simon e até Serena Williams sozinha poderiam ser mais interessantes que
a abertura da programação...
Fotos: Tennis Australia