27 de maio de 2013

Roland Garros: Pré-jogo para a semifinal – Parte 3

Estreia de Roland Garros e Rafael Nadal sofre com o saque e a falta de respeito do adversário e perde 1 set. Inevitável a lembrança de John Isner na primeira rodada de 2011. Mesmo em 5 sets, todos sabiam como havia terminado. No segundo set o rival enfia a mão de qualquer lugar (e acerta!), coleciona winners e quase abre 2 sets a 0. Agora quem vem à mente é Robin Soderling, único que teve um final diferente contra o espanhol heptacampeão no saibro parisiense.

Até uma aproximação de slice no pé da rede quando já tinha um mini break de vantagem, Daniel Brands fez tudo que pôde e nada que acreditavam que pudesse fazer contra Nadal. Ernests Gulbis também fez recentemente, por mais de 1 hora, e perdeu um jogo melhor de 3 sets. Em melhor de 5, então... Quebras no 1º game do 3º e do 4º set normalizaram a situação para 4/6 7/6(4) 6/4 6/3. As semifinais continuam definidas.


Enquanto Nadal sofria, Jo-Wilfried Tsonga teve uma estreia firme, sem dificuldades contra Aljaz Bedene (6/2 6/2 6/3). Kei Nishikori cedeu apenas 5 games a Jesse Levine e Marcel Granollers foi o primeiro cabeça de chave eliminado, em jogo iniciado domingo, por Feliciano Lopez. Não chega a ser aqueeela surpresa. Só é mais que Igor Sijsling bater Melzer em 3 sets.

Surpresas de verdade aconteceram no feminino. As cabeças Agnieszka Radwanska, Na Li, Angelique Kerber, Caroline Wozniacki e Roberta Vinci venceram em sets diretos.

No jogo-mais-comentado-que-ninguém-viu, Nick Kyrgios, cotista australiano de 18 anos, eliminou o eterno Radek Stepanek (34 anos), em 3 tiebreaks. Sem transmissão, imagina-se que o número 1 do mundo juvenil e campeão do Australian Open da categoria em janeiro não tenha sentido a pressão. Chegou a perder alguns match points e salvou set points no tiebreak do 3º set.

O hawk-eye de Stakhovsky
Marin Cilic e Richard Gasquet foram sem drama e Nicolas Almagro com um pouco. O mais relevante do jogo do francês foi o ucraniano Sergiy Stakhovsky tirando foto da marca de uma bola pra depois da partida xingar muito no Twitter. De Gael Monfils X Tomas Berdych e da estreia de Rogerinho vi um pouco dos sets iniciais. Como previsto, a previsão estava errada e o tcheco tombou na estreia. Sigo duvidando do francês e confiando(?) no Ernests Gulbis(???). Depois do francês teria Sijsling ou Tommy Robredo e nas oitavas provavelmente Almagro ou Andreas Seppi. Uma chave decente. E John Isner fez 3 a 0 contra Carlos Berlocq e tem duelo de comadres contra Ryan Harrison na 2ª rodada.

Da série “tenistas que só as primeiras rodadas (e os 5 sets) colocam em evidência”: Paolo Lorenzi esteve perto de uma grande virada contra Tobias Kamke. Sacando em 2/1 no set decisivo, acabou eliminado por 6/3 6/3 3/6 0/6 6/3. Mais perto chegou Adrian Mannarino, que abriu 5/2 e teve 2 MP antes de perder por 6/3 2/6 6/3 5/7 7/5 para Pablo Cuevas.

Terça-feira, dia 3. O que não deixar de perder (por ordem de quadra). Está menos interessante que hoje e o site de Roland Garros prevê chuva praticamente para o dia todo:

O herói do dia. Porque não entro
no mérito de moda, tendências, etc
Novak Djokovic X David Goffin – O belga que cresceu com fotos de Federer no quarto apareceu para o mundo exatamente há um ano, quando entrou na chave como lucky loser, foi às oitavas de tirou um set do ídolo em RG. Neste ano venceu 2 jogos seguidos apenas uma vez em ATPs e vive má fase até em sorteios. Previsão de zebra com mínima de 7 e máxima de 95.

Nicolas Mahut X Janko Tipsarevic – Dose diária de lamentação pelas ausências de Murray e Del Potro por ver um jogo desse na Philippe Chatrier.

Benoit Paire X Marcos Baghdatis – Em um dia bom (ou surreal) podem ganhar de qualquer um. Expressão me agrada muito. Em caso de derrota é só falar que não estava em um dia bom. Mesmo se for contra Nadal, Djokovic, etc...

Stanislas Wawrinka X Thiemo de Bakker – O holandês que veio parar em Challengers brasileiros em 2012 é daqueles que faz jogos dignos de ter um ranking muito mais respeitado. Mas estão cada vez mais escassos. E o difícil é prever quando eles vão acontecer. O que explica a 95ª posição. Wawrinka em um dia normal atropela. Resta ver como o suíço está depois da desistência no Masters 1000 de Roma. Mínima de 20 e máxima de 92.

Alex Kuznetsov X Lucas Pouille – política de cotas.

Fora da curva
O melhor tenista brasileiro há um certo tempo estreia amanhã. Bruno Soares e o austríaco Alexander Peya abrem a rodada da quadra 10 contra James Cerretani (EUA) e Lukas Lacko (SVK). Sem TV ou internet.

Saibro azul
5 horas depois do início da rodada o site oficial do torneio ainda não tinha fotos dos jogos do dia. Na área destinada às entrevistas, que até o ano passado eram escassas, mas existiam, há 2: De Nadal e Sharapova após os títulos do ano passado. Cheguei a comparar o descaso com a estrutura de Challengers. Pelo menos para os do Brasil, retifico: em todos que já trabalhei / passeei / visitei o site, a atualização da galeria funciona e muito bem.

Fotos: Getty Images Europe (1 e 3) e AP/SIPA Michel Spingler.

26 de maio de 2013

Roland Garros: Pré-jogo para a semifinal – Parte 2

Não fosse pelo jogo da Venus Williams no final do dia e Roland Garros só iria começar nesta segunda. Porque Roger Federer e Serena Williams atropelarem, David Ferrer jogando pro gasto, Gilles Simon no sufoco e a escassez de zebras nem são notícia. O caminho pré-definido para a semifinal segue...

A segunda-feira deve ser mais animada, com 56 jogos + a o 5º set de Marcel Granollers X Feliciano Lopez. Até porque competir com Fórmula 1 em Monaco, 500 Milhas de Indianápolis, final da Copa Itália, última etapa do Giro D’Itália e a decisiva primeira rodada do campeonato é difícil.

Segunda-feira, dia 2. O que não deixar de perder (por ordem de quadra):

Rafael Nadal X Daniel Brands – O alemão está invicto contra o heptacampeão. Estatúpidas a parte, o atual 59º do mundo fez um bom “1º semestre”: Duas semifinais de ATP 250, uma quartas de ATP 500, marcou a primeira vitória da carreira contra um top 10(?) no começo do mês, contra Janko Tipsarevic, e contando qualifyings tem 28 vitórias no ano. Deve tirar uns 4 games e, com sorte e um saibro rápido, ameaçar com o saque. Chances de zebra com mínima de 1 e máxima de 99.

Tomas Berdych X Gael Monfils – O mais interessante da primeira rodada. Teoricamente. A fase do tcheco + o francês chegando cansado pós-Bordeaux-Nice facilitam. O lado bom é que não teremos Monfils se arrastando na segunda, terceira, quarta rodadas... Australian Open deixou saudades. Mínima de 15 e máxima de 80.


Jo-Wilfried Tsonga X Aljaz Bedene – Interessante para ver como o francês chega ao Grand Slam, contra um adversário que apesar da pouca experiência não é bobo (e ainda tem bobo no tênis?). Mínima de 20 e máxima de 67.

Sergiy Stakhovsky X Richard Gasquet – Gasquet em melhor de 5 sets sempre promete. Mas o ucraniano está longe do que era há alguns poucos anos. Mínima de 10 e máxima de 85.

Carlos Berlocq X John Isner – Cara de 5º set depois de alguns tie-breaks. A assombrosa temporada do estadunidense no saibro europeu (1V e 4D – contra adversários fora do top 40) somada à famosa “carne de pescoço” do argentino dão boa margem para a queda de um cabeça de chave. Mas, como diz o filósofo, na prática a teoria é outra. Mínima de 40 e máxima de 63.

Ernests Gulbis X Rogério Dutra Silva – Jogo para, como os tenistas brasileiros adoram responder em entrevistas, desfrutar. Curtir. Seja um jogo em Roland Garros, uma porta aberta em algum momento ou o entretenimento que o letão sempre proporciona em suas partidas. Mínima de 18 e máxima de 90.

Adrian Mannarino X Pablo Cuevas – Direto da sessão “por onde anda?”. Ou “que fim levou?”?.

Michal Przysiezny X Rhyne Williams – Já teve isso na terceira rodada do qualifying. E ninguém ainda descobriu como falar o nome do polonês.

Radek Stepanek X Nick Kyrgios – 16 anos de diferença de idade. E é tudo que dá pra falar do jogo.

Philipp Petzschner X Marin Cilic e Igor Sijsling X Jurgen Melzer – Jogos com potencial para serem decentes. E zebráveis.

Na reta
Lembrando: Chances de zebra (escala de 0 a 100)
Mínima: quanto eu acho que pode acontecer.
Máxima: se acontecer, quanto, de fato, terá sido zebra. Para mim.

Fotos: Site de Roland Garros.

À Itália o que é da Itália


A foto acima só precisaria de legenda porque a neve chega a encobrir o rosto do campeão do Giro D’Itália 2013. Em três semanas mais tranquilas do que o esperado – ao menos em relação aos seus adversários – o italiano Vincenzo Nibali foi testado apenas pelo clima e ainda contou com desistências de fortes concorrentes. Depois de sábado, declarou que “a neve fez a vitória ser épica”. A imagem não deixa dúvidas.

Se o time trial de montanha na quinta-feira foi daqueles pra botar à prova qualquer EPO, a vitória no mar (ou céu) branco de sábado serviu para mostrar o quanto o ciclista da Astana Pro Team foi melhor ao longo das 3 semanas. Daquelas pra se encher a boca e soltar o saudoso “isso é (insira aqui o esporte em questão)”. Nem os portugueses escapam.

O mais próximo de um susto foi na etapa 2, em que a Sky Procycling confirmou o favoritismo no team time trial e deixou Bradley Wiggins 14s à frente do italiano. As inesperadas quedas / problemas mecânicos do britânico nas etapas 4 e 7 deram a Nibali 1min27s de vantagem sobre o atual campeão do Tour de France. Enquanto Mark Cavendish e John Degenkolb ganhavam etapas, as montanhas esperavam os candidatos ao título.

Se o futebolístico do almoço da emissora oficial do Brasil falasse de esporte
faria o comentário indispensável: Nibali não viu ninguém à sua frente...
Novo problema mecânico na etapa 8 tiraram a esperada vitória de Wiggins no time trial individual e fizeram com que ele tirasse apenas 11s do italiano, que assumiu a maglia rosa, com Caden Evans e Robert Gesink entre ele e Wiggins. Veio o primeiro dia de descanso seguido pela etapa 10, a primeira nas montanhas. Trocando o pneu sem parar de pedalar, a Sky preparou um ataque do colombiano Rigoberto Uran Uran, que venceu a etapa, e quem não aguentou foi Wiggins. O velho “mais vale um na posição mais alta do pódio do que dois nas mais baixas” nem precisou ser lembrado, já que O escolhido da Sky abandonou dois dias depois, com gripe, resfriado, infecção, algo do tipo. Só restava uma opção.

Veio a sequência montanhosa das etapas 14 e 15 (a última precisou reduzir as escaladas devido ao risco de avalanche) e Nibali colocou a primeira mão no troféu, abrindo 1min26s para Evans, 2min46s para Uran Uran e 2min47s para Mauro Santambrogio. Depois do segundo descanso, dois dias nas planícies, onde qualquer um que sonha com o título não iria perder tempo. E então a grande apresentação na etapa 18: o último time trial do Giro, com 20,6km de subida.

... ou então: Nibali só não fez chover no Giro. Oh, wait...
É, ainda bem que eles cobrem outras coisas
Samuel Sanchez, top 10 nos 7 Grand Tours que disputou entre 2005 e 2011, renasceu da 15ª posição para fazer o melhor tempo e aguardar os 14 ciclistas restantes. Por 13 vezes a transmissão mostrou o espanhol acompanhando a transmissão enquanto sua vitória era mantida. Até que o último passou para a primeira posição batendo o tempo de Sanchez por eternos 58s. A liderança de Nibali passou a 4min02s de Evans, com um time trial trágico, e 4min12s de Uran Uran. A segunda mão estava na taça e já não faltava mais ganhar etapa.

Se os campeões sempre têm um pouco de sorte, a do italiano veio na etapa 19. Provavelmente o dia mais duro programado para o Giro, com três grandes escaladas. O esforço no dia anterior poderia cobrar seu preço, ainda que fosse pouco, mas saiu de graça. A etapa foi cancelada devido ao péssimo tempo. Um dia a menos para quem ainda poderia sonhar em reverter a vantagem do dono da maglia rosa. As duas mãos já podiam levantar o troféu.

Evans toma tempo na penúltima etapa e cai de 2º para 3º
Apesar da conquista praticamente garantida, faltava A imagem do título. A etapa 20 tratou de providenciar, como visto no início do post. O percurso alterado pelas condições climáticas reservou duas escaladas nos últimos 20km. Como quem quisesse provar apenas para si o quanto estava inteiro, Nibali provou. Na última subida deixou um trio(!) colombiano e todo mundo comendo neve para trás. Sua imagem tirando uma mão do guidão – duas vezes! – para empurrar os torcedores que corriam ao seu lado também é representativa. Algo como “é só vocês não me atrapalharem que isso já tá ganho”. E estava. Fazia mais tempo do que todos imaginavam. 4min43s, a maior diferença para o vice-campeão no últimos 7 anos.


Campeão da Vuelta a España em 2010, Nibali já havia sido 3º do Giro no mesmo ano e 2º em 2011. Agora “só” falta o Tour, onde foi 3º no ano passado. Porém, não confirmou presença e já disse que considera difícil competir na França. Seu objetivo para a temporada era o Giro e já disputou muitas provas (foi campeão da Tirreno-Adriático e do Giro Del Trentino, além do top 10 nos Tours de Omã e San Luis).

Depois da curva
Betancur, campeão entre os jovens
Menção mais do que honrosa à Colômbia. Não apenas por ter 2º, 3º e 4º colocados na sofrida penúltima etapa. Mas por ter o vice-campeão geral, Uran Uran. Por ter o campeão entre os jovens, Carlos Alberto Betancur Gomez (5º geral). Por ter uma equipe de ciclismo capaz de completar um Grand Tour. Ou simplesmente por ter uma equipe de ciclismo capaz de competir em um Grand Tour.

Menção mais do que honrosa 2: Mark Cavendish garantiu a camiseta vermelha a poucos quilômetros da chegada em Brescia, neste domingo. No sprint final, que para ele valia "apenas" a etapa, ganhou mais uma vez. A quinta neste Giro. Um monstro.


Na reta
Após o cancelamento da etapa 19, o italiano Danilo di Luca foi convidado a se retirar da disputa. Campeão do Giro em 2007, ele ocupava a 26ª posição quando se tornou público um teste positivo para EPO fora de competição, em 29 de abril. Conforme a cyclingnews.com, o diretor esportivo da sua equipe, Luca Scinto, declarou: He's mad, he's a cretino, he needs treatment. There's nothing else to say. We gave him a second chance and the sponsors put their faith in him and this is how he pays us back. It's crazy that a rider thinks they can get away with it like that. Seu histórico de doping não cabe nesse post.

Mas cabe um tuíte de um certo Lance Armstrong (ou “who’s Lance?”, como uma “escrita” na neve pôde ser vista na Itália), na manhã de sexta, quando a desclassificação do italiano foi anunciada.


Só discordo em um ponto: acho que ninguém tem mais crédito para falar sobre doping do que o estadunidense.

Na chegada
Em 96 edições do Giro, esta foi a 68ª vencida por um italiano. Um domínio que está longe de ser visto por franceses no Tour (36 de 92 – edições que tiveram um campeão...) ou espanhóis na Vuelta (31 de 67). Daí o título do post. Em 2012 o canadense Ryder Hesjedal havia sido o intruso.

25 de maio de 2013

Roland Garros: Pré-jogo para a semifinal

Djokovic X Nadal. Ferrer X Federer. Ficou decidido que essas serão as semifinais de Roland Garros. Enquanto não chega a hora dá pra se divertir por uns 10 dias no Grand Slam que mais traz saudades da Austrália.

Ou tentar entender porque o anunciante diz que Guga foi tricampeão brasileiro em Roland Garros. De certo propagandistas pensaram que muito espectador ia pensar que Guga não é brasileiro. Ou que espectador não pensa. Ou não.

Domingo, dia 1. O que não deixar de perder (por ordem de quadra):

Pablo Carreno-Busta X Roger Federer – Mais um moleque pra falar na coletiva pós-jogo que tinha fotos do Federer na parede do quarto. Se na Austrália o físico deixou o suíço na mão, Paris trata de colocá-lo em quadra no 1º dia. A margem preventiva para que ele descanse entre as primeiras rodadas, não sofra com eventuais intempéries que podem surgir durante a semana, etc. Se ele vai corresponder, já não depende da programação.


Steve Darcis X Michael Llodra – Pra quem tem saudades da “geração Guga”. Mas juntando os dois não dá um Michael Russell. As ausências de Andy Murray e Juan Martin Del Potro fazem isso aí ser escalado para a Philippe Chatrier. E é só o começo...

Gilles Simon X Lleyton Hewitt – O jogo que só vai acabar segunda. Mínima de zebra de 15 e máxima de 62. Mas o H2H, com 3 vitórias do francês em 3 duelos em quadra dura, onde o ex-número 1 fez apenas 12 games em 6 sets disputados, desequilibra. A maratona decretada no pré-jogo pode ficar pra outro dia.

Marinko Matosevic X David Ferrer – Jogo para o espanhol esquecer as derrotas recentes para o Nadal. A chave é bem favorável. Mínima de 5 e máxima de 99.

Milos Raonic X Xavier Malisse – Encontro de gerações. No caso, 5. Apesar da temporada ruim no saibro, o montenegrino-canadense deve se impor. Malisse, mesmo depois de não ser mais Malisse, já foi mais perigoso.

Benjamin Becker X Jeremy Chardy – A quadra 1 já tá assim... Hora de ver o que tem pra baixo.

Viktor Troicki X James Blake – Aquela primeira rodada que todo Grand Slam precisa ter. Um deles vai poder falar que ganhou um jogo na temporada.

Andreas Seppi X Leonardo Mayer e Marcel Granollers X Feliciano Lopez – Jogos com potencial para serem decentes, assistíveis no 4º e no 5º set.

Na reta
Chances de zebra (escala de 0 a 100)
Mínima: quanto eu acho que pode acontecer.
Máxima: se acontecer, quanto, de fato, terá sido zebra. Para mim.

Feminino
Tudo pode acontecer. Logo, a mínima é sempre 100 e a máxima é sempre 0.

14 de maio de 2013

Do céu ao inferno em uma vitória amarga



Essa é a sequência de tuítes do perfil oficial da Sky Pro Cycling na etapa desta terça-feira do Giro d’Italia. E tuítes devem ser levados a sério? Talvez um pouco menos do que na verdade são. Mas a comunicação de uma das maiores equipes de ciclismo do mundo – se não a maior –, que tem (tinha?) um dos principais favoritos ao título do primeiro Grand Tour do ano traz um excelente resumo da primeira etapa de montanhas de verdade da prova italiana.

Astana e Sky
Durante mais de 20 minutos – a transmissão europeia começa quando praticamente metade da etapa já foi percorrida – Sky e Astana mantinham-se simultaneamente à frente do pelotão, enquanto ainda não havia subidas, como se uma mostrasse para outra quem ia mandar nas duas montanhas do dia.

Chegada a primeira delas, foi a Sky quem ditou o ritmo, como diz um dos tuítes, e um dos primeiros a sofrer foi o atual campeão, Ryder Hesjedal. Na descida antes da segunda montanha, a Astana esboçou se recompor, mas Vincenzo Nibali, líder e grande favorito ao título, não tinha mais de dois companheiros para ajuda-lo – a Sky ainda mantinha 3 ao lado de Wiggins. Sem contar que Nibali já havia tido dois problemas mecânicos no dia.

Até aí o cenário perfeito pintado pela Sky até o céu dos quase 1500m que os ciclistas escalaram nesta terça (qualquer texto sobre a Sky requer trocadilho com céu). Mas o Altopiano de Montasio acabou vendo uma das vitórias mais amargas para a forte equipe. Em um grupo de menos de 10 competidores, Nibali, Bradley Wiggins e Cadel Evans, vice-líder na classificação geral, eram os principais nomes até um ataque de Rigoberto Uran Uran, da... Sky!

Urán, o vencedor(?) do dia

A estratégia: com o colombiano a 2min49 de Nibali na classificação, o italiano poderia se preocupar com o ataque. Se não o contra-atacasse, ao menos tentaria manter uma “desvantagem confortável” para perder um tempo aceitável ao final do dia. Para isso, no grupo que Uran deixou para trás seria Nibali quem forçaria o ritmo. Desnecessariamente, já que detém a camiseta rosa. Mas necessariamente, já que não havia mais ninguém da Astana com ele.

O resultado: Nibali mostrou uma “preocupação-controlada”. Se Uran descontasse muito tempo, a Sky trocaria seu número 1? Wiggins viraria coadjuvante para o resto do Giro em busca de um título com Uran? Difícil de apostar. Enquanto isso, Nibali tomava a dianteira do grupo que chegou a estar a 50s do colombiano até que... Wiggins ficou para trás.

Wiggins e aquela legenda pra dizer que a legenda é desnecessária

Sem o britânico, Nibali sofreu um ataque de Evans enquanto arrumava algo em seu pedal. Imediatamente respondeu, deixando o australiano para trás com o objetivo de passar primeiro (depois de Uran e do 2º colocado do dia) as marcas de bônus de tempo no final da etapa. Com isso, abriu mais 12s e lidera sobre Evans por 41s. Uran e Wiggins, com 2min04 e 2min05, aparecem em 3º e 4º na classificação geral. Robert Gesink (2min12) e Daniele Scarponi (2min13) parecem ser os últimos que ainda podem ameaçar o título de Nibali.

Nibali lutando por bônus de tempo contra Evans. Deu certo
Mesmo que essa tenha sido a 1ª etapa de montanhas e o Giro não esteja nem na metade, é difícil acreditar que Wiggins ainda possa ser campeão. Depois de ganhar o team time trial com a Sky no 2º dia de prova, sofreu uma queda na molhada 4ª etapa e perdeu tempo inesperadamente nas planícies. Pra completar, no time trial individual, sábado, em que se espera – acertadamente – muito dele, ganhou apenas 11s de Nibali porque precisou trocar um pneu da bicicleta.

A Sky tem o que comemorar por vencer uma etapa? Até os tuítes têm um ar de “premio de consolação”. E ainda dizem que a fase tá ruim pro São Paulo, pro Joel Santana ou pra turma da Turquia na novela.

Em uma semana o ano está quase perdido para o atual campeão do Tour, que verá Chris Froome liderando a equipe na França. Mas isso é assunto pra outro post. O velho “é assunto pra outro post” nunca falha.

No alto da montanha
As próximas etapas importante são sábado e domingo, quinta (dia 23) com o último time trial, e as montanhas finais sexta (24) e sábado (25). Até lá, segue o jogo para os sprinters.

Na reta
O vencedor e o vice da etapa foram colombianos. Há uma equipe da Colômbia, composta apenas por ciclistas nascidos no País. E às vezes pensamos em um País olímpico...

Depois da curva
É recorrente, depois de cada etapa, o questionamento: Podium girls, grid girls ou ring girls?


4 de maio de 2013

O pelotão pede passagem. Ah, Itália...


Começa hoje a sequência dos Grand Tours, as provas mais importantes da cada temporada. Giro d”Italia (04-26 de maio), Tour de France (29 de junho-21 de julho) e Vuelta a España (24 de agosto-15 de setembro). Sequência, sim, porque um mês de descanso entre o término de um e o início de outro é tempo pra qualquer EPO ser requisitado para quem sonhar em competir nos 3. Nos últimos 20 anos, somente 13 ciclistas completaram as 3 competições em um mesmo ano. Pensar em ganhar, então...

Os mais sensatos – ou menos insanos – se contentam com a tentativa de uma “dobradinha”. O último a fazê-lo foi o espanhol Alberto Contador, em 2008, mas tendo “pulado” o Tour. A última conquista dupla em seguida data de 1998, com “o pirata” Marco Pantani vencendo Giro e Tour. Se sua trágica morte deixou o domínio do esporte para Lance Armstrong, a não menos trágica “morte” do estadunidense deixa o ciclismo para...

Gesink, Basso (desistiu anteontem), Wiggins, Hesjedal (atual campeão), Nibali, Sanchez e Evans

A montagem acima traz os principais candidatos ao título do Giro, com o atual campeão ao centro. Contador e Chris Froome não estarão, logo, as atenções recaem, principalmente, sobre Bradley Wiggins e, na sequência, a Ryder Hesjedal e Vincenzo Nibali.

Na subida
As podium girls já estão prontas
Depois de uma temporada fora de série, vencendo qualquer troféu-imprensa de TV, rádio, internet, revista e jornal de “melhor atleta do ano no Reino Unido”, Wiggins assume o risco de tentar vencer Giro e Tour e, ao não priorizar um deles, fracassar em ambos. Se a 100ª edição da prova mais tradicional do ciclismo colocou mais escaladas, o atual campeão viu o caminho para o bi ficar mais tortuoso (ah, os trocadilhos com estradas, percursos, altimetria, etc).

Mais interessante que seu próprio desempenho é a novela sobre quem manda na Sky Pro Cycling e deve ser O cara pra ganhar o Tour. Geraint Thomas, companheiro de equipe de Wiggins e Froome, já adiantou à BBC que "We don't want it to go down the football route and it become a soap opera but I think the odd story like this is good", que é só a equipe falar quem ele deve ajudar e se tiverem 2 da equipe no pódio, como em 2012, está tudo certo. Wiggins diz que não está definido e garante que pode ganhar os dois. Froome declara que já decidiram: ele vai ser o britânico da vez na prova francesa.

Como quem não quer nada – além de jogar lenha na fogueira – Contador já diz desde o ano passado que Froome, vice-campeão do Tour, tem condições de vestir a camiseta amarela. Algo como “não sei como esse cara se sujeita a ser o coadjuvante se pode ser o protagonista”, obviamente em uma tentativa de semear a discórdia dentro da própria equipe – coisa que ele viveu tão de perto na Astana, sua antiga equipe.

Voltando a quem está no Giro, Nibali aparece não só como o favorito da torcida, mas também no provável grande rival da forte Sky. Além de bater Froome na Tirreno-Adriatico, em uma disputa que parecia perdida até uma estranha penúltima etapa, o italiano ainda ganhou o Giro del Trentino. Suas fichas estão apostadas nas montanhas.

Hesjedal não ganhou nada em 2013, mas, como o ciclismo é primordialmente um esporte de equipes, colaborou com a conquista de Daniel Martin na Volta a Catalunya, que usou como preparação para o Giro, seu grande foco na temporada. O atual campeão sempre deve ser lembrado nas casas de apostas.

Os demais candidatos da foto acima parecem maiores incógnitas – exceto por Ivan Basso, campeão em 2006 e 2010, que desistiu da prova anteontem devido a um cisto no períneo (um dos riscos de se ficar muito tempo no selim...). Cadel Evans parece estar indeciso sobre apostar no Giro ou se preparar para o Tour. Samuel Sanchez lidera a Euskaltel-Euskadi e busca... um pódio! Sem nunca ter ganhado um Grand Tour, mas com dois pódios na Espanha e um na França, além de vitórias em etapas, o ciclista das Astúrias volta ao Giro depois de 7 anos e declarou que seu objetivo é alcançar o pódio que falta no currículo. Falta ambição? Robert Gesink, bem, nunca esteve em um pódio e compete no Giro pela primeira vez.

Com a largada em Napoli, a prova já começa em pizza.
E o prefeito chamou Taylor Phinney para o delivery

Depois da curva
O percurso de 3455km em 21 etapas tem 3 time trials e 5 dias com chegada em montanha. O primeiro contrarrelógio, no domingo, é por equipes, e o último, na quinta-feira (dia 23), antecede duas etapas íngremes e escala quase 1000 metros ao longo de 20,6km. É onde o Giro deve ser decidido, para cumprir tabela no domingo.

As etapas de montanha estão reservadas para os dias 14, 18, 19, 24 e 25. Além das duas últimas, que definirão quem vestirá a maglia rosa,  destaque para o domingo, 19, quando os ciclistas invadirão a França para a escalada do histórico Col du Galibier, encerrando o dia.

Na reta
Entre os brasileiros, Murilo Fischer, da Française des Jeux, e Rafael Andriato, da Vini Fantini, estarão lá. Quem “não estará” no Giro é a Radioshack Leopard. Além da ausência dos irmãos Schleck, Fabian Cancellara pensa no Campeonato Mundial e, para isso, pretende pular o Giro e o Tour e usar a Vuelta como preparação.

As podium girls já estão prontas para as cerimônias de entrega das maglias, o prefeito de Nápoles já chamou Taylor Phinney para o pizza delivery e o Mark Cavendish e o Matthew Goss não estão nem aí para a classificação geral e vão ganhar algumas etapas. Vai começar.

Mark Cavendish e Matthew Goss, rindo à toa: "Vamos ganhar
umas etapas e eles que se matem  nas montanhas"