4 de janeiro de 2012

RT se curtir


É sempre bom começar um post com uma referência (tese do autor) porque quem não gostar (da referência), se, por acaso, começou a ler, já pode parar e voltar a revolução de xingar muito no Twitter. A deste post é Seinfeld.

No episódio duplo final da 4ª temporada (The Pilot), Jerry e George criam o piloto de um seriado sobre nada e tentam vendê-lo à NBC. Em outras linhas, o diálogo entre o presidente da emissora e George foi o seguinte:
- Por que alguém vai assistir a um programa sobre nada?
- Porque está na televisão!
- Ainda não.

O presidente ainda não tinha “comprado” a idéia (o Word tem até dezembro pra parar de acentuar palavras que deveriam ter acento, mas alguém conseguiu vender a idéia – de novo – de que as mudanças eram necessárias...).
Vendendo o peixe: Russell Dalrymple não deu RT nem curtiu
Enquanto a curva por dentro iria pelo caminho idealista-sonhador-anti-capitalista de que a internet abriu as portas para que todos produzissem conteúdo, sem o “sensor”-patrão-dono-de-um-veículo-de-comunicação, a curva por fora faz o caminho mais longo (... ... ...).

O filtro de um superior obrigava os donos do projeto (ah, os projetos... Palavra quase tão vaga quanto bacana) a trabalharem à exaustão em cima da ideia, para que ela provasse ser merecedora de uma chance em um veículo. Um “não” significaria que ela não era boa o bastante, que precisaria ter modificações, ou simplesmente que não era de interesse da emissora no momento. E os blogs?

Ah, os blogs estão AÍ. Criando escritores profissionais. Reproduzindo textos. Repetindo o óbvio. Fingindo que saem do óbvio. Abrindo mentes. Fechando nichos. Servindo de diário. De psicólogo. Dando voz. E ouvidos?

Se ninguém aprovou o projeto, alguém precisa aprová-lo depois de colocado em prática. E nessa prática, só mudou a hora que o sensor atua. Divulgar entre amigos (assunto pra outro post) pode dar page views. Dezenas de comentários (outro assunto para outro post) podem dar repercussão. Mesmo se 99% deles forem negativos, o importante é repercutir – falem bem, falem mal, blá. O jeito é apelar para profissionais de comunicação nas mídias sociais. Aqueles que, antes de um blog, têm um trabalho. Por isso, nas redes sociais, têm público. É aí que entra o RT se curtir. Pensada ou não, uma expressão que contempla simultaneamente o Twitter e o Facebook. A ruim e velha necessidade de atenção também na web 3.0. A mendigagem virtual.

Imagino como funcionava o RT se curtir antes da internet. Caneta e papel, um texto nas mãos. A pessoa devia ir até a porta de jornais ou editoras para deixar sua obra-de-arte.
- Me avisa se gostar.
Na semana seguinte, outra obra-prima.
- Publica se gostar.
Na semana seguinte, o gran finale.
- Me contrata se gostar.

Depois da curva
- Você faz um blog para escrever o que quiser. Supõe-se que ninguém colocou pensamentos semelhantes aos seus disponíveis ao deleite do público, por isso, você PRECISA escrevê-los. Para chegar ao público, você recorre a um “comunicador”que atinge mais gente. Essa pessoa certamente tem um blog. Se ela não curtir, não vai dar RT. Se curtir, é porque tem um pensamento semelhante ao seu. Logo, já escreveu sobre no próprio blog. Sem RT.

- Você faz um blog porque tudo na “mídia oficial” passa por censura de algum editor. Aí seu pensamento livre, para chegar ao público, passa pelo crivo de algum comunicador da “mídia oficial”. É, em algum lugar deve fazer sentido.