É sempre bom
começar um post com uma referência (tese do autor) porque quem não gostar (da
referência), se, por acaso, começou a ler, já pode parar e voltar a revolução
de xingar muito no Twitter. A deste post é Seinfeld.
No episódio
duplo final da 4ª temporada (The Pilot), Jerry e George criam o piloto de um
seriado sobre nada e tentam vendê-lo à NBC. Em outras linhas, o diálogo entre o
presidente da emissora e George foi o seguinte:
- Por que
alguém vai assistir a um programa sobre nada?
- Porque está
na televisão!
- Ainda não.
O presidente
ainda não tinha “comprado” a idéia (o Word tem até dezembro pra parar de
acentuar palavras que deveriam ter acento, mas alguém conseguiu vender a idéia
– de novo – de que as mudanças eram necessárias...).
Vendendo o peixe: Russell Dalrymple não deu RT nem curtiu |
Enquanto a curva por dentro iria pelo caminho
idealista-sonhador-anti-capitalista de que a internet abriu as portas para que
todos produzissem conteúdo, sem o
“sensor”-patrão-dono-de-um-veículo-de-comunicação, a curva por fora faz o caminho mais longo (... ... ...).
O filtro de um
superior obrigava os donos do projeto (ah, os projetos... Palavra quase tão vaga quanto bacana) a trabalharem à exaustão em cima da ideia, para que ela
provasse ser merecedora de uma chance em um veículo. Um “não” significaria que
ela não era boa o bastante, que precisaria ter modificações, ou simplesmente
que não era de interesse da emissora no momento. E os blogs?
Ah, os blogs
estão AÍ. Criando escritores profissionais. Reproduzindo textos. Repetindo o
óbvio. Fingindo que saem do óbvio. Abrindo mentes. Fechando nichos. Servindo de
diário. De psicólogo. Dando voz. E ouvidos?
Se ninguém
aprovou o projeto, alguém precisa aprová-lo depois de colocado em prática. E
nessa prática, só mudou a hora que o sensor atua. Divulgar entre amigos
(assunto pra outro post) pode dar page views. Dezenas de comentários (outro
assunto para outro post) podem dar repercussão. Mesmo se 99% deles forem
negativos, o importante é repercutir – falem bem, falem mal, blá. O jeito é
apelar para profissionais de comunicação nas mídias sociais. Aqueles que, antes
de um blog, têm um trabalho. Por isso, nas redes sociais, têm público. É aí que
entra o RT se curtir. Pensada ou
não, uma expressão que contempla simultaneamente o Twitter e o Facebook. A ruim
e velha necessidade de atenção também na web 3.0. A mendigagem virtual.
Imagino como
funcionava o RT se curtir antes da
internet. Caneta e papel, um texto nas mãos. A pessoa devia ir até a porta de
jornais ou editoras para deixar sua obra-de-arte.
- Me avisa se
gostar.
Na semana
seguinte, outra obra-prima.
- Publica se
gostar.
Na semana
seguinte, o gran finale.
- Me contrata
se gostar.
Depois da curva
- Você faz um
blog para escrever o que quiser. Supõe-se que ninguém colocou pensamentos semelhantes
aos seus disponíveis ao deleite do público, por isso, você PRECISA escrevê-los.
Para chegar ao público, você recorre a um “comunicador”que atinge mais gente.
Essa pessoa certamente tem um blog. Se ela não curtir, não vai dar RT. Se
curtir, é porque tem um pensamento semelhante ao seu. Logo, já escreveu sobre
no próprio blog. Sem RT.
- Você faz um
blog porque tudo na “mídia oficial” passa por censura de algum editor. Aí seu
pensamento livre, para chegar ao público, passa pelo crivo de algum comunicador
da “mídia oficial”. É, em algum lugar deve fazer sentido.