“Até a semifinal
não tem graça, sempre são os 4 primeiros mesmo, deviam sair adiantados na chave”.
A frase de impacto só não é mais idiota porque depende de quem a reproduz. Geralmente
quem assiste a uns dois jogos até chegar à semifinal. O top 4 na semi aconteceu
no US Open 2008, Roland Garros 2011 e US Open 2011. O princípio básico é: Se só
os 4 chegam, devem ter méritos. Às vezes,
pode-se até somar um pouco de demérito
dos outros. Antes de tudo, porém, cada um teve um caminho, com sustos, surras, lesões. Ou não.
Novak Djokovic
Chamar de
treinos as 3 primeiras rodadas pode até ofender os adversários. Ou os
verdadeiros treinos. Lorenzi, Giraldo e Mahut venceram, juntos, 10 games em 9
sets. Depois, Hewitt tirou um set como recompensa ao seu eterno espírito de
luta em quadra e também contou com uma certa preguiça do sérvio após abrir 2
sets a 0. Nas quartas de final, mais um tenista que corre mais que a população pra saquear carga de caminhão tombado. Um set de 58 minutos e outro de 76. No
segundo, um tie-break que o espanhol teve 4/2 antes de começar a errar e
Djokovic atacar conscientemente, com margem de segurança. Cinco pontos seguidos
pra fechar o set e a tradicional early
break no quarto set.
- 1 set
perdido
- 34 games
perdidos
Andy Murray
Um primeiro
set perdido para Harrison seguido de surras sobre Roger-Vasselin, o estilo
peculiar de Llodra, o capenga Kukushkin e o jovem – e já histórico – japonês
Nishikori. Com bons trechos dos 3 últimos jogos (os que vi), dá para falar que
o britânico fez por merecer a energia que poupou em todos eles. O russo-cazaque
e o japonês criaram um pouco de expectativa após surpreenderem cabeças nas
rodadas anteriores. Só ficou na expectativa. Continuo dividindo os passeios entre méritos de
Murray e inexperiência dos dois em jogos importantes. Kukushkin tinha tirado um
set em Brisbane, na primeira semana do ano. Nishikori havia vencido três top 10
em outubro, mas só tinha 1 oitavas e 2 terceira rodadas como melhores
resultados em GS. É a boa e velha história: Ganhar - ou complicar - em melhor de
três é uma coisa. Em melhor de cinco é outra. Por isso que GS é GS, e
vice-versa.
- 1 set
perdido
- 39 games
perdidos
Roger Federer
Um pouco de
ritmo contra o qualifier Kudryavtesv, descanso pelo WO de Beck e nenhum ritmo
contra Karlovic. Só vi melhores momentos desses, mas um tie-break contra o
croata sempre é esperado. Os primeiros desafios chegaram a ser decepcionantes.
Pelo controle que o suíço teve durante todo o jogo contra Tomic e Del Potro. O
australiano somou 3 viradas nas rodadas anteriores, passando por 2
cabeças-de-chave, mas não conseguiu incomodar Federer em nenhum momento. O
duelo contra o argentino era ainda mais aguardado. Um começo arrasador, um
quase susto quando Del Potro devolveu a quebra no 1º set e a vaga na semifinal
foi garantida com uma early break no
2º set.
- Não perdeu
set (contou com um WO)
- 40 games
perdidos
Rafael Nadal
Se o padrão
eram 3 rodadas de treino, Nadal teve um extra contra Lopez nas oitavas. Como
esperado, Kuznetsov, Haas, Lacko e Lopez não ofereceram resistência. Assisti ao
alemão e ao começo dos jogos contra o eslovaco e o espanhol. Não há muito a
acrescentar. O número 2 do mundo alterna o seu “novo jogo”, mais agressivo, buscando
pontos mais curtos, com seu físico monstruoso. Mas nenhum jogo serve de
parâmetro para avaliar as mudanças pós-2011 e com a raquete nova. Contra Berdych,
talvez o jogo do torneio, tecnicamente, até o momento. Porque Djokovic X
Hewitt, Tomic X Dolgopolov e Berdych X Almagro foram emocionantes e bons
tecnicamente, mas têm um mas... O
checo poderia ter colocado Nadal em uma situação muito delicada se confirmasse
o set point da 2ª parcial, abrindo 2 a 0. Mesmo depois do 1 a 1, com dois tie-breaks,
não sofreu um apagão, seguiu no jogo. O que não é suficiente pra derrotar Nadal
em 5 sets.
- 1 set
perdido
- 55 games
perdidos
As estatúpidas
de sets e games parecem indicar que Nadal teve mais trabalho, muito se deve ao
jogo contra Berdych. De resto, o espanhol fez o que Federer está mais
acostumado a fazer. Trocou os 6/0 ou 6/1, que muitas vezes cobram um preço por
um desgaste desnecessário, por 6/2, 6/3 ou 6/4, sempre com o controle do jogo. Quando
Nadal dava pneu em todo jogo e Federer não, era como se o espanhol gastasse
energia buscando um game quando tinha 5/0 e o adversário sacava em 40/15. As
surras ficaram mais para Djokovic e Murray, mas não parece haver desgaste. O sérvio
– e o britânico um pouco menos – nem deixam o adversário sacar em 40/15 ou
40/30 – isso nas primeiras rodadas, com um abismo entre o nível de cada um. A
explicação encontra-se, basicamente, nas devoluções, que logo criam um 0/30 ou
15/30 e passam a entrar na cabeça quando o oponente precisa jogar com o segundo
saque.
Na reta
A (minha)
tentativa de análise da chave logo após o sorteio nem foi completamente furada. Os treinos para Djokovic nas primeiras rodadas se confirmaram. Alguma emoção contra
Roddick ou Raonic não. Um pouco pela lesão do estadunidense e muito pelo misto
Hewitt + torcida + pouca experiência de Raonic em Grand Slam. Nesse quadrante,
Roddick X Haase não teve nada de mais, Sweeting foi a quase surpresa (contra
Ferrer) e Gasquet foi Gasquet (também contra Ferrer), perdendo em 3 sets
tranquilos depois de eliminar Tipsarevic em outros 3 sets tranquilos.
No segundo
pedaço, quase tudo errado. A teoria de que Murray
teria Monfils nas oitavas e Tsonga ou Simon nas quartas ficou na teoria em
função das quedas dos franceses para Kukushkin, Nishikori e Benneteau,
respectivamente. Entre os brasileiros, Bellucci teve jogos jogáveis, venceu
Sela em 3 sets e perdeu para Monfils em 4. O que mais vi em sites, blogs e redes
sociais foi que o número 1 do Brasil não conseguiu manter o
nível do 1º set. Eu (vi os 2 primeiros sets inteiros e pedaços dos outros)
ainda acho que Monfils mais perdeu a 1ª parcial do que Bellucci ganhou. E aí
teria que avisar o francês que ele deveria manter o nível do 1º set por, pelo
menos, mais dois. Parece muito ingênuo. Mello bateu um qualifier em 3 e caiu
para Tsonga em 3. Mas não foram 3 sets que fizessem o jogador sair de quadra
envergonhado, o que não é raro acontecer quando o nível técnico é muito distante.
Apesar de o francês parecer levar o jogo como quis, sabendo que ganharia quando precisasse, o brasileiro sacou em 4/2 no 1º e no 3º set. Feijão perdeu para um
tenista da casa em 3 sets, em jogo que não vi. Então vou ficar na minha.
Meu chute de
que Federer só poderia ter graça em um
possível duelo contra Del Potro foi acertado, já que o confronto aconteceu. Mas
não teve graça. Sobre Tomic, não dá mais pra falar em promessa australiana. Ainda com 19 anos, ele já vai se firmando no
top 40, mas terá sua primeira temporada com pontos a defender. Muitos ficam
estagnados nesse primeiro momento ou despencam umas 30, 40 posições e depois
recuperam o ranking. Ou não.
A terceira
rodada de Nadal teria Isner, Lopez,
Davydenko ou Nalbandian. Má fase do russo e má arbitragem contra o argentino no
caminho e um 5º set sem muita graça entre o estadunidense e o espanhol. Contra
Nadal, sem graça. Contra Berdych, um pouco de emoção. Foi o quadrante com menos
surpresa, até porque era difícil arriscar uma surpresa com tanto espaço em
branco para os qualifiers.
Próxima curva
Mais tarde tem
musas, mais chutes e estatúpidas sobre as semis com o top 4, musas, o top 4 da
semi feminina, em que “só” faltou a número 1, e musas.