Começa hoje a sequência dos Grand Tours, as provas mais
importantes da cada temporada. Giro d”Italia (04-26 de maio), Tour de France (29
de junho-21 de julho) e Vuelta a España (24 de agosto-15 de setembro). Sequência, sim, porque um mês de
descanso entre o término de um e o início de outro é tempo pra qualquer EPO ser
requisitado para quem sonhar em competir nos 3. Nos últimos 20 anos, somente 13
ciclistas completaram as 3
competições em um mesmo ano. Pensar em ganhar, então...
Os mais sensatos – ou menos insanos – se contentam com a
tentativa de uma “dobradinha”. O último a fazê-lo foi o espanhol Alberto Contador,
em 2008, mas tendo “pulado” o Tour. A última conquista dupla em seguida data de
1998, com “o pirata” Marco Pantani vencendo Giro e Tour. Se sua trágica morte
deixou o domínio do esporte para Lance Armstrong, a não menos trágica “morte”
do estadunidense deixa o ciclismo para...
Gesink, Basso (desistiu anteontem), Wiggins, Hesjedal (atual campeão), Nibali, Sanchez e Evans |
A montagem acima traz os principais candidatos ao título do
Giro, com o atual campeão ao centro. Contador e Chris Froome não estarão, logo,
as atenções recaem, principalmente, sobre Bradley Wiggins e, na sequência, a Ryder
Hesjedal e Vincenzo Nibali.
Na subida
As podium girls já estão prontas |
Depois de uma temporada fora de série, vencendo qualquer troféu-imprensa
de TV, rádio, internet, revista e jornal de “melhor atleta do ano no Reino
Unido”, Wiggins assume o risco de tentar
vencer Giro e Tour e, ao não priorizar um deles, fracassar em ambos. Se a 100ª
edição da prova mais tradicional do ciclismo colocou mais escaladas, o atual
campeão viu o caminho para o bi ficar mais tortuoso (ah, os trocadilhos com
estradas, percursos, altimetria, etc).
Mais interessante que seu próprio
desempenho é a novela sobre quem manda na Sky Pro Cycling e deve ser O cara pra
ganhar o Tour. Geraint Thomas, companheiro de equipe de Wiggins e Froome, já adiantou à BBC que "We
don't want it to go down the football route and it become a soap opera but I
think the odd story like this is good", que é só a equipe falar quem ele deve ajudar e se
tiverem 2 da equipe no pódio, como em 2012, está tudo certo. Wiggins diz que
não está definido e garante que pode ganhar os dois. Froome declara que já
decidiram: ele vai ser o britânico da vez na prova francesa.
Como
quem não quer nada – além de jogar lenha na fogueira – Contador já diz desde o
ano passado que Froome, vice-campeão do Tour, tem condições de vestir a
camiseta amarela. Algo como “não sei como esse cara se sujeita a ser o
coadjuvante se pode ser o protagonista”, obviamente em uma tentativa de semear
a discórdia dentro da própria equipe – coisa que ele viveu tão de perto na
Astana, sua antiga equipe.
Voltando
a quem está no Giro, Nibali aparece não só como o favorito
da torcida, mas também no provável grande rival da forte Sky. Além de bater
Froome na Tirreno-Adriatico, em uma disputa que parecia perdida até uma
estranha penúltima etapa, o italiano ainda ganhou o Giro del Trentino. Suas
fichas estão apostadas nas montanhas.
Hesjedal não ganhou nada em
2013, mas, como o ciclismo é primordialmente um esporte de equipes, colaborou
com a conquista de Daniel Martin na Volta a Catalunya, que usou como preparação
para o Giro, seu grande foco na temporada. O atual campeão sempre deve ser
lembrado nas casas de apostas.
Os
demais candidatos da foto acima parecem maiores incógnitas – exceto por Ivan Basso, campeão em 2006 e 2010, que
desistiu da prova anteontem devido a um cisto no períneo (um dos riscos de se
ficar muito tempo no selim...). Cadel
Evans parece estar indeciso sobre apostar no Giro ou se preparar para o
Tour. Samuel Sanchez lidera a Euskaltel-Euskadi
e busca... um pódio! Sem nunca ter ganhado um Grand Tour, mas com dois pódios
na Espanha e um na França, além de vitórias em etapas, o ciclista das Astúrias volta
ao Giro depois de 7 anos e declarou que seu objetivo é alcançar o pódio que
falta no currículo. Falta ambição? Robert
Gesink, bem, nunca esteve em um pódio e compete no Giro pela primeira vez.
Com a largada em Napoli, a prova já começa em pizza. E o prefeito chamou Taylor Phinney para o delivery |
Depois da curva
O
percurso de 3455km em 21 etapas tem 3 time trials e 5 dias com chegada em montanha.
O primeiro contrarrelógio, no domingo, é por equipes, e o último, na
quinta-feira (dia 23), antecede duas etapas íngremes e escala quase 1000 metros
ao longo de 20,6km. É onde o Giro deve ser decidido, para cumprir tabela no
domingo.
As
etapas de montanha estão reservadas para os dias 14, 18, 19, 24 e 25. Além das
duas últimas, que definirão quem vestirá a maglia
rosa, destaque para o domingo, 19,
quando os ciclistas invadirão a França para a escalada do histórico Col du
Galibier, encerrando o dia.
Na reta
Entre os brasileiros, Murilo Fischer, da Française des Jeux, e Rafael Andriato, da Vini Fantini, estarão lá. Quem
“não estará” no Giro é a Radioshack Leopard. Além da ausência dos irmãos Schleck,
Fabian Cancellara pensa no Campeonato Mundial e, para isso, pretende pular o Giro
e o Tour e usar a Vuelta como preparação.
As
podium girls já estão prontas para as cerimônias de entrega das maglias, o prefeito de Nápoles já chamou
Taylor Phinney para o pizza delivery e o Mark Cavendish e o Matthew Goss não
estão nem aí para a classificação geral e vão ganhar algumas etapas. Vai
começar.
Mark Cavendish e Matthew Goss, rindo à toa: "Vamos ganhar umas etapas e eles que se matem nas montanhas" |