4 de maio de 2013

O pelotão pede passagem. Ah, Itália...


Começa hoje a sequência dos Grand Tours, as provas mais importantes da cada temporada. Giro d”Italia (04-26 de maio), Tour de France (29 de junho-21 de julho) e Vuelta a España (24 de agosto-15 de setembro). Sequência, sim, porque um mês de descanso entre o término de um e o início de outro é tempo pra qualquer EPO ser requisitado para quem sonhar em competir nos 3. Nos últimos 20 anos, somente 13 ciclistas completaram as 3 competições em um mesmo ano. Pensar em ganhar, então...

Os mais sensatos – ou menos insanos – se contentam com a tentativa de uma “dobradinha”. O último a fazê-lo foi o espanhol Alberto Contador, em 2008, mas tendo “pulado” o Tour. A última conquista dupla em seguida data de 1998, com “o pirata” Marco Pantani vencendo Giro e Tour. Se sua trágica morte deixou o domínio do esporte para Lance Armstrong, a não menos trágica “morte” do estadunidense deixa o ciclismo para...

Gesink, Basso (desistiu anteontem), Wiggins, Hesjedal (atual campeão), Nibali, Sanchez e Evans

A montagem acima traz os principais candidatos ao título do Giro, com o atual campeão ao centro. Contador e Chris Froome não estarão, logo, as atenções recaem, principalmente, sobre Bradley Wiggins e, na sequência, a Ryder Hesjedal e Vincenzo Nibali.

Na subida
As podium girls já estão prontas
Depois de uma temporada fora de série, vencendo qualquer troféu-imprensa de TV, rádio, internet, revista e jornal de “melhor atleta do ano no Reino Unido”, Wiggins assume o risco de tentar vencer Giro e Tour e, ao não priorizar um deles, fracassar em ambos. Se a 100ª edição da prova mais tradicional do ciclismo colocou mais escaladas, o atual campeão viu o caminho para o bi ficar mais tortuoso (ah, os trocadilhos com estradas, percursos, altimetria, etc).

Mais interessante que seu próprio desempenho é a novela sobre quem manda na Sky Pro Cycling e deve ser O cara pra ganhar o Tour. Geraint Thomas, companheiro de equipe de Wiggins e Froome, já adiantou à BBC que "We don't want it to go down the football route and it become a soap opera but I think the odd story like this is good", que é só a equipe falar quem ele deve ajudar e se tiverem 2 da equipe no pódio, como em 2012, está tudo certo. Wiggins diz que não está definido e garante que pode ganhar os dois. Froome declara que já decidiram: ele vai ser o britânico da vez na prova francesa.

Como quem não quer nada – além de jogar lenha na fogueira – Contador já diz desde o ano passado que Froome, vice-campeão do Tour, tem condições de vestir a camiseta amarela. Algo como “não sei como esse cara se sujeita a ser o coadjuvante se pode ser o protagonista”, obviamente em uma tentativa de semear a discórdia dentro da própria equipe – coisa que ele viveu tão de perto na Astana, sua antiga equipe.

Voltando a quem está no Giro, Nibali aparece não só como o favorito da torcida, mas também no provável grande rival da forte Sky. Além de bater Froome na Tirreno-Adriatico, em uma disputa que parecia perdida até uma estranha penúltima etapa, o italiano ainda ganhou o Giro del Trentino. Suas fichas estão apostadas nas montanhas.

Hesjedal não ganhou nada em 2013, mas, como o ciclismo é primordialmente um esporte de equipes, colaborou com a conquista de Daniel Martin na Volta a Catalunya, que usou como preparação para o Giro, seu grande foco na temporada. O atual campeão sempre deve ser lembrado nas casas de apostas.

Os demais candidatos da foto acima parecem maiores incógnitas – exceto por Ivan Basso, campeão em 2006 e 2010, que desistiu da prova anteontem devido a um cisto no períneo (um dos riscos de se ficar muito tempo no selim...). Cadel Evans parece estar indeciso sobre apostar no Giro ou se preparar para o Tour. Samuel Sanchez lidera a Euskaltel-Euskadi e busca... um pódio! Sem nunca ter ganhado um Grand Tour, mas com dois pódios na Espanha e um na França, além de vitórias em etapas, o ciclista das Astúrias volta ao Giro depois de 7 anos e declarou que seu objetivo é alcançar o pódio que falta no currículo. Falta ambição? Robert Gesink, bem, nunca esteve em um pódio e compete no Giro pela primeira vez.

Com a largada em Napoli, a prova já começa em pizza.
E o prefeito chamou Taylor Phinney para o delivery

Depois da curva
O percurso de 3455km em 21 etapas tem 3 time trials e 5 dias com chegada em montanha. O primeiro contrarrelógio, no domingo, é por equipes, e o último, na quinta-feira (dia 23), antecede duas etapas íngremes e escala quase 1000 metros ao longo de 20,6km. É onde o Giro deve ser decidido, para cumprir tabela no domingo.

As etapas de montanha estão reservadas para os dias 14, 18, 19, 24 e 25. Além das duas últimas, que definirão quem vestirá a maglia rosa,  destaque para o domingo, 19, quando os ciclistas invadirão a França para a escalada do histórico Col du Galibier, encerrando o dia.

Na reta
Entre os brasileiros, Murilo Fischer, da Française des Jeux, e Rafael Andriato, da Vini Fantini, estarão lá. Quem “não estará” no Giro é a Radioshack Leopard. Além da ausência dos irmãos Schleck, Fabian Cancellara pensa no Campeonato Mundial e, para isso, pretende pular o Giro e o Tour e usar a Vuelta como preparação.

As podium girls já estão prontas para as cerimônias de entrega das maglias, o prefeito de Nápoles já chamou Taylor Phinney para o pizza delivery e o Mark Cavendish e o Matthew Goss não estão nem aí para a classificação geral e vão ganhar algumas etapas. Vai começar.

Mark Cavendish e Matthew Goss, rindo à toa: "Vamos ganhar
umas etapas e eles que se matem  nas montanhas"