Essa é a
sequência de tuítes do perfil oficial da Sky Pro Cycling na etapa desta
terça-feira do Giro d’Italia. E tuítes devem ser levados a sério? Talvez um pouco
menos do que na verdade são. Mas a comunicação de uma das maiores equipes de
ciclismo do mundo – se não a maior –, que tem (tinha?) um dos principais
favoritos ao título do primeiro Grand Tour do ano traz um excelente resumo da
primeira etapa de montanhas de verdade da prova italiana.
Astana e Sky |
Durante mais de
20 minutos – a transmissão europeia começa quando praticamente metade da etapa
já foi percorrida – Sky e Astana mantinham-se simultaneamente à frente do
pelotão, enquanto ainda não havia subidas, como se uma mostrasse para outra
quem ia mandar nas duas montanhas do dia.
Chegada a
primeira delas, foi a Sky quem ditou o ritmo, como diz um dos tuítes, e um dos
primeiros a sofrer foi o atual campeão, Ryder Hesjedal. Na descida antes da
segunda montanha, a Astana esboçou se recompor, mas Vincenzo Nibali, líder e
grande favorito ao título, não tinha mais de dois companheiros para ajuda-lo – a
Sky ainda mantinha 3 ao lado de Wiggins. Sem contar que Nibali já havia tido
dois problemas mecânicos no dia.
Até aí o cenário
perfeito pintado pela Sky até o céu dos quase 1500m que os ciclistas escalaram
nesta terça (qualquer texto sobre a Sky
requer trocadilho com céu). Mas o
Altopiano de Montasio acabou vendo uma das vitórias mais amargas para a forte
equipe. Em um grupo de menos de 10 competidores, Nibali, Bradley Wiggins e Cadel
Evans, vice-líder na classificação geral, eram os principais nomes até um
ataque de Rigoberto Uran Uran, da... Sky!
Urán, o vencedor(?) do dia |
A estratégia: com
o colombiano a 2min49 de Nibali na classificação, o italiano poderia se
preocupar com o ataque. Se não o contra-atacasse, ao menos tentaria manter uma “desvantagem
confortável” para perder um tempo aceitável ao final do dia. Para isso, no
grupo que Uran deixou para trás seria Nibali quem forçaria o ritmo. Desnecessariamente,
já que detém a camiseta rosa. Mas necessariamente, já que não havia mais
ninguém da Astana com ele.
O resultado:
Nibali mostrou uma “preocupação-controlada”. Se Uran descontasse muito tempo, a
Sky trocaria seu número 1? Wiggins viraria coadjuvante para o resto do Giro em
busca de um título com Uran? Difícil de apostar. Enquanto isso, Nibali tomava a
dianteira do grupo que chegou a estar a 50s do colombiano até que... Wiggins
ficou para trás.
Wiggins e aquela legenda pra dizer que a legenda é desnecessária |
Sem o britânico,
Nibali sofreu um ataque de Evans enquanto arrumava algo em seu pedal. Imediatamente
respondeu, deixando o australiano para trás com o objetivo de passar primeiro
(depois de Uran e do 2º colocado do dia) as marcas de bônus de tempo no final
da etapa. Com isso, abriu mais 12s e lidera sobre Evans por 41s. Uran e
Wiggins, com 2min04 e 2min05, aparecem em 3º e 4º na classificação geral.
Robert Gesink (2min12) e Daniele Scarponi (2min13) parecem ser os últimos que
ainda podem ameaçar o título de Nibali.
Nibali lutando por bônus de tempo contra Evans. Deu certo |
Mesmo que essa
tenha sido a 1ª etapa de montanhas e o Giro não esteja nem na metade, é difícil
acreditar que Wiggins ainda possa ser campeão. Depois de ganhar o team time
trial com a Sky no 2º dia de prova, sofreu uma queda na molhada 4ª etapa e perdeu
tempo inesperadamente nas planícies. Pra completar, no time trial individual, sábado,
em que se espera – acertadamente – muito dele, ganhou apenas 11s de Nibali
porque precisou trocar um pneu da bicicleta.
A Sky tem o que
comemorar por vencer uma etapa? Até os tuítes têm um ar de “premio de
consolação”. E ainda dizem que a fase tá ruim pro São Paulo, pro Joel Santana
ou pra turma da Turquia na novela.
Em uma semana o
ano está quase perdido para o atual campeão do Tour, que verá Chris Froome
liderando a equipe na França. Mas isso é assunto pra outro post. O velho “é
assunto pra outro post” nunca falha.
No alto da montanha
As próximas
etapas importante são sábado e domingo, quinta (dia 23) com o último time
trial, e as montanhas finais sexta (24) e sábado (25). Até lá, segue o jogo
para os sprinters.
Na reta
O vencedor e o
vice da etapa foram colombianos. Há uma equipe da Colômbia, composta apenas por
ciclistas nascidos no País. E às vezes pensamos em um País olímpico...
Depois da curva
É recorrente,
depois de cada etapa, o questionamento: Podium girls, grid girls ou ring girls?