O melhor Grand Slam do circuito chegou, passou e coroou os
líderes dos rankings – masculino e feminino – com o penta e o hexa,
respectivamente, em Melbourne. As “zebras esperadas” durante as 2 semanas deram
as caras, como de costume, mas as decisões, a rigor, foram mais do mesmo.
Novak Djokovic e Andy Murray seguiram um roteiro adaptado de
alguns de seus encontros anteriores: as vitórias do sérvio em Melbourne em 2011-12-13,
dois tiebreaks e depois um passeio no 3º e 4º sets como no US Open-2014 ou as
parciais eternas do Masters 1000 de Xangai-2012.
As adaptações: o sérvio, mesmo favorito, teve suas escolhas
erradas em momentos, senão delicados, pouco tranquilos (saque-e-voleio, se a
memória já não apagou, foram 3 e em todos a devolução do britânico levou o
ponto). Djokovic até se mostrou mais “abalado” do que o rival por “fatores
externos” ao jogo, como o incômodo na mão direita por conta de uma queda e após
a interrupção de quase 4 minutos devido aos protestos na Rod Laver Arena. Diferente
de Nova York na última temporada, Murray estava em melhores condições de
aguentar o ritmo do número 1 por mais tempo. E até ele, que se via como azarão,
admitia isso. No nível do jogo como um todo e por ser uma final, Melbourne se
deu melhor. Por fim, os sets eternos ganharam os holofotes por se tratar de uma
final de Grand Slam, mas na China, em 2012,
os 3 sets da decisão e o drama de 5 match points salvos na 2ª parcial levaram
3h21min (10 minutos a mais que ao término do 3º set em Melbourne). Também com o
mesmo final.
Em resumo, nada que surpreendesse, pelos 2 lados. Muitas
quebras de saque (1 a cada 3 games até o pneu), alternância no controle do
jogo, longas trocas de bola, etc. De quase-novidade, o sérvio mais atrás da
linha de base do que o britânico em quase todo o jogo, por vezes encurtando a
bola de maneira perigosa. A partir do 3º set, o número 6 do mundo passou a errar
até essas, depois de dominar os pontos por algum tempo. Uma pena, para a
partida, ver Murray fazer 1 game dos últimos 13 disputados. Melhor para
Djokovic.
Serena Williams e Maria Sharapova tiveram ainda mais deva
vus da freguesia que agora totaliza 17 a 2. A número 1 da WTA, que por pelo
menos 3 vezes no torneio entrou devagar – por conta da gripe ou de preguiça. Ou
não –, não cometeu o mesmo erro na decisão. A conhecida pressão no serviço da
russa rendeu o 1º set. Na 2ª parcial, tudo aumentou de volume, dos 2 lados: o
volume de jogo, a tensão, os decibéis dos c'mon. Um tiebreak que a final merecia e um título que não vinha desde 2010
para a norte-americana. Curiosamente, o 6º troféu em Melbourne, onde nos
últimos 3 anos somava 1 quartas e 2 oitavas, iguala o sucesso que Serena tem no
US Open. Ao menos em títulos. Em vitórias, até em Wimbledon, onde é penta, ela supera
os resultados da Austrália (72 a 68).
Depois da curva
O ranking desta segunda-feira traz o big four/quarteto
fantástico de volta às 4 primeiras posições (Djokovic, Federer, Nadal, Murray).
A renovação tão esperada (ou desejada) por alguns, acelerada pela final Marin
Cilic X Kei Nishikori no Us Open-2014, não passou por Melbourne. Nishikori e
Raonic pararam nas quartas, onde a única surpresa/revelação/afirmação foi Nick
Kyrgios, que, competência à parte, pegou uma chave dos sonhos.
No feminino, Serena ganha uma folga até a defesa do título
em Miami, onde a liderança deverá estar em jogo, já que a norte-americana não
disputa Indian Wells e Sharapova, somando os 2 torneios, tem 545 pontos a menos
para defender. Eliminada na 2ª rodada, Caroline Wozniacki ganhou o top 5 de
presente pelas quedas de Ana Ivanovic e Agnieszka Radwanska. Ekaterina Makarova
segue devagar e sempre até seu melhor ranking (9ª) e Venus Williams aparece
colada no top 10. A sensação Madison Keys chega ao top 20 com pouquíssimo a
defender nos EUA até o saibro europeu, mas agora deixou de ser uma “desconhecida”
nas chaves.
Fotos: Tennis Australia e Getty Images (1ª).