Aos moldes das estatúpidas dos
rankings e os ATPs 250 de 2012, que fiz na última semana, demorei com as dos
ATPs 500 e não tem nada muito relevante (os 250 também não tinham...). Então
junto umas ideias do Masters 1000 de Paris. Segue a tabela, pequena, mais uma vez, tirem as próprias
(in)conclusões.
Evitando
as distorções óbvias
- Em Acapulco, Ferrer pegou um
convidado que era 563º do mundo na estreia, aí a média dos tenistas que ele
precisou derrotar ficou astronômica. Os outros quatro derrotados foram 54, 50,
80 e 27, respectivamente.
- Os dois torneios com last direct
acceptance mais baixos são facilmente explicados. Barcelona tem a chave maior e
Washington caiu na semana dos Jogos Olímpicos. Depois vem Dubai (com 8 top 10
de seeds!) e Hamburgo.
- Memphis teve os inscritos com
rankings baixos. Ao mesmo tempo, Melzer precisou bater cinco top 60, três deles
cabeças, para ser campeão.
- Diferentemente dos ATPs 250, que têm
muitos “entráveis” no segundo semestre, os 500 que fecharam com melhores
rankings foram os quatro últimos, no top 70. Curiosamente, quatro torneios que
dividem as semanas em que acontecem: Pequim / Tóquio e Valência / Basileia.
- Como as primeiras rodadas de
qualquer torneio reservam aos seeds (prováveis campeões) tenistas com rankings
baixos, a média dos derrotados no caminho para o título não tem diferença
significativa entre os ATPs 250 e os 500. Nos cinco torneios que tiveram o
número mais baixo na última coluna da direita, três são ATPs 250 (Halle,
Marselha e Winston Salem) e dois 500 (Dubai e Basileia). Para não perder o
costume: no ano que vem? Nunca se sabe.
O
último Masters 1000
Antes da disputa, o diretor do Masters
1000 de Paris já havia mostrado interesse em mudar a data do torneio, jogando-o
para fevereiro. A proximidade com o ATP Finals e os tops capengando é
preocupante para qualquer diretor de um grande evento. No fim de temporada isso
é acentuado. E a sucessão de acontecimentos “inesperados” em 2012 dá mais força
para uma possível mudança de data.
Rafael Nadal não joga desde junho.
Situação anormal. Ainda assim, disputou o torneio apenas 3 vezes na carreira
(2007-08-09). Roger Federer, atual campeão, desencanou do ranking, alegou
“questões pessoais” e deve voltar com força para o ATP Finals. Confesso que
também ficaria mais animado com a possibilidade de um sétimo (!!) título no
torneio que reúne os 8 melhores da temporada. Além disso – não que Federer
precise – ganhar 5 jogos em Londres dá quase três vezes mais premiação em
dólares (1,76 mi vs 620 mil) do que em Paris.
Novak Djokovic se esquivou de
justificar a derrota devido a preocupações com a saúde do pai. Não perdia em
uma estreia há dois anos e meio. Apesar dos méritos do saque de Sam Querrey, um
jogador com a experiência do sérvio, que tinha perdido um set e ganhado 10 nos
4 confrontos diretos com o americano, levar uma virada depois de ganhar os
primeiros 8 games.... Situação anormal. Andy Murray sofreu contra um “sacador”,
perdeu match point no segundo set e quis ir pra casa no terceiro. Situação
normal.
Mas a mudança no calendário está
longe de ser fácil. Além de patrocínio, $, tentativa de encurtar a temporada,
etc, envolveria mudanças em outros torneios. Em fevereiro, seria o primeiro
Masters da temporada. Um Masters na Europa, nesta data, não só enfraqueceria
(ainda mais) a gira latino-americana de saibro, mas até os torneios em quadra
dura dos EUA pré-Indian Wells-Miami. São muitos fatores a considerar, ainda não
dá pra imaginar essa mudança.
Fato é que o Masters 1000 de Paris é
como o Australian Open: em suas categorias, são os torneios mais “zebráveis” do
circuito. Um no começo e outro no final da temporada. Um pode sofrer com a
falta de ritmo e outro com o excesso de cansaço dos jogadores para ver os tops
caírem antes das rodadas finais. Um título de Thomas Johanssson, as únicas
finais de Marcos Baghdatis, Fernando Gonzalez e Jo-Wilfried Tsonga (então 38º
do mundo), para citar alguns exemplos da Austrália. Os outros Grand Slams, nos
últimos 10, 15 anos, não tiveram tantos finalistas ou campeões inesperados. Não
acredito que seja coincidência.
E o Masters 1000 de Paris? É o único
que Tsonga, um nome de respeito, fez final. Duas, com um título e um vice.
Mesmo com duas finais de GS, Robin Soderling só tem uma em M-1000, e ganhou, em
Paris-10. Voltando mais de uma década, dá pra lembrar o título de Sebastian
Grosjean, seu único de Masters 1000. Uma arrancada que o colocou na Masters Cup
(atual ATP Finals) duas semanas depois.
Estatúpidas
- O último Masters 1000 sem Federer,
Nadal, Djokovic ou Murray entre os semifinalistas foi justamente em... Paris!
Em 2008. E os 4 estavam na chave, os 4 principais cabeças. Federer deu WO nas
quartas contra Blake; Nadal desistiu nas quartas contra Davydenko depois de
tomar 6/1; Djokovic caiu antes, em três sets para Tsonga nas oitavas; Murray
perdeu para Nalbandian nas quartas. Ainda assim, a semifinal teve 4 cabeças:
Davydenko (6) X Nalbandian (8) e Blake (11) X Tsonga (13), com Tsonga sendo
campeão sobre o argentino.
- O último Masters 1000 sem Federer,
Nadal, Djokovic ou Murray entre os quadrifinalistas foi justamente em... Paris!
Em 2006. Federer (1) e Nadal (2) não deram as caras, Djokovic e Murray ainda
eram 16 e 17 do mundo, respectivamente. Uma outra Era.
Depois
da curva
Esse domínio do top 4 nos grandes
torneios gera, positivamente, a já conhecida repercussão, espaço na mídia, etc.
A WTA, oscilante, não teve tanta atratividade para a “mídia em geral” enquanto
as líderes do rankings não se firmavam – por esse e outros motivos. Mas, negativamente,
penso em um futuro próximo na ATP.
Em 2012, dois ex-líderes do ranking
deram adeus às quadras. Cada um tinha conquistado um Grand Slam e mais de 15
títulos na carreira. O “espaço na mídia” não foi dos maiores para os dois.
Atualmente, só há 4 tenistas que já alcançaram o topo do ranking em atividade (Federer,
Nadal, Djokovic e Lleyton Hewitt). Dentro de alguns anos, nomes muito
importantes para o tênis – ao menos na minha visão – vão anunciar a
aposentadoria e a “mídia em geral” pode perguntar: quem é? Ganhou o que?
Ganhou muita coisa. Mas os Grand
Slams (e os Masters 1000) ficaram restritos ao top 4 por quase uma década(!).
No texto de despedida vão faltar aqueles “campeão (ou "só" vice) de Roland Garros em 20XX”, “dono
de três troféus de Masters 1000”, “medalhista olímpico”, etc. Para mim, ao
final da carreira, não chega a fazer muita diferença a “qualidade” dos títulos
ou o ranking mais alto que alguém alcanço. Mas para “os outros”, isso é A notícia.